domingo, 4 de fevereiro de 2018

Revolução Russa - Parte 1

Revolução de Fevereiro

Manifestantes durante a Revolução de Fevereiro de 1917
A participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial trouxe efeitos catastróficos para o país. Em 1915, a situação piorou drasticamente quando a Alemanha tomou a iniciativa contra as forças russas.

As forças alemãs, muito melhor preparadas e armadas, foram terrivelmente eficazes contra as forças mal-equipadas da Rússia.

No final de 1916, a Rússia já tinha perdido entre 1,6 a 1,8 milhões de soldados em batalha, com cerca de dois milhões de soldados feitos prisioneiros e um milhão de desaparecidos, o que teve um efeito devastador sobre a moral do exército.

Os motins começaram acontecer, e em 1916 começaram a surgir informações sobre fraternização com o inimigo. Os soldados encontravam-se famintos e com carências desde vestuário, a munições e armas.

Com esta situação, o então chefe de Estado Czar Nicolau II decidiu pegar no comando do exército pessoalmente em 1915, deixando a administração pública nas mãos da sua mulher, a Czarina Alexandra, e dos ministros de Estado. Começaram a surgir notícias de corrupção e incompetência no governo Imperial, e a influência cada vez mais intensa do místico Grigori Rasputin nos negócios do Governo, intensificaram a insatisfação popular.
Czar Nicolau II (esquerda) e a mulher, Alexandra (direita)
Em fevereiro de 1917 (calendário juliano), a escassez de alimentos levou a manifestações e distúrbios na capital, Petrogrado. A 18 de fevereiro, a principal fábrica da capital, a Usina Putilov, anunciou uma greve, os grevistas foram despedidos e algumas lojas fecharam, o que causou inquietação noutras empresas.

A 23 de fevereiro (calendário juliano), no Dia Internacional da Mulher, trabalhadoras têxteis apedrejaram janelas de outras fábricas para chamar os operários para se juntarem a elas, gritando: "Abaixo a fome! Pão para os trabalhadores!". Depois começaram a assaltar uma grande padaria.
Trabalhadoras a 23 de fevereiro de 1917 (calendário juliano) - Dia Internacional da Mulher durante a Revolução de Fevereiro
Este tipo de acontecimento não era algo novo, a única diferença notada foi que a polícia não os reprimiu.

Nos dias seguintes a agitação continuou a aumentar, e mais tropas, por empatia ou por medo, se recusavam a atacar os manifestantes. Durante os conflitos nas ruas, policias e oficiais que ordenavam aos seus soldados que atirassem eram linchados.

Os telegramas informando da situação eram simplesmente ignorados pelo Czar e pela sua família. Já faltava o abastecimento de combustível e de alimentos.

A 27 de fevereiro (calendário juliano) às 13 horas, um grande número de soldados e trabalhadores ,com trapos vermelhos nas suas roupas, invadiu o Palácio Tauride, onde a Duma se reunia. Foram recebidos por um jovem advogado socialista, Kerensky, conhecido e respeitado pelo povo, e deputado.
Aleksandr Kerensky
Durante a tarde, formaram-se dois comités provisórios. Um, formado por deputados moderados da Duma, os quais se tornariam no Governo Provisório Russo. O outro era o primeiro Soviete de Petrogrado, o mesmo que se tinha formado na Revolução de 1905.

O Soviete elegeu um comité executivo permanente formado por representantes de todos os agrupamentos socialistas. Os bolcheviques tinham dois membros num total de 14.

O Czar Nicolau II é informado que apenas algumas pessoas nas suas tropas permaneciam leais. Então, agitadores e políticos, dormiram no Palácio Tauride, temendo uma reação do Czar. O Grão-duque Miguel Romanov ordenou que as tropas leais baseadas no Palácio de Inverno fossem retiradas, temendo que um choque entre as tropas e a população repetisse os acontecimentos que dispararam a Revolução de 1905.

A 28 de fevereiro (calendário juliano), o Czar Nicolau II encontrava-se num comboio em direção ao Palácio de Alexandre, então foi obrigado a voltar, já que a estação seguinte estava sob o poder dos rebeldes. O comboio parou na Estação de Pskov, onde a 2 de março, Nicolau assinou a sua abdicação.

A Revolução de Fevereiro teve uma contagem oficial de 1224 mortos, considerando-se um acontecimento praticamente pacífico.

Então em Petrogrado haviam dois governos paralelos, o Governo Provisório Russo, dominado pela classe média e favorável à continuação da guerra, e o Soviete de Deputados dos Trabalhadores e Soldados, que queria instituir o horário de trabalho de oito horas, terra para os camponeses, um exército com disciplina voluntária e oficiais eleitos democraticamente, o fim da guerra e a separação da Igreja e do Estado.

O Czar Nicolau II ao abdicar daria ao seu filho Alexei a herança de governar a Rússia, no entanto sendo ainda uma criança para mais com problemas de saúde, Nicolau resolveu abdicar a favor do seu irmão, o Grão-duque Miguel Romanov, mas este recusou o poder.
Grão-duque Miguel Romanov
Face a esta situação a Duma proclamou a República, pondo-se fim à monarquia imperial e à dinastia Romanov.

O Governo provisório elegeu o príncipe Georgy Lvov, que era latifundiário, para primeiro-ministro, tendo Aleksandr Kerenski como ministro da guerra e colocou o antigo Czar e sua família sob a sua custódia, em prisão domiciliária.
Czar Nicolau II e o filho Alexei, durante a prisão domiiliária
Durante estes acontecimentos, Lenin estava exilado em Zurique, na Suíça. As notícias da queda do Czarismo, no início, o deixaram atónito. O Partido Bolchevique tinha despenhado um papel secundário em todos estes eventos. Entretanto, Lenin acreditava que o potencial Revolucionário ainda não tinha terminado.
Vladimir Lenin
Lenin acreditava que "O povo quer paz. O povo quer pão e terra. E eles lhes dão guerra, fome, e a terra continua nas mãos dos latifundiários."

O Governo Alemão, reconheceu em Lenin um potencial para desestabilizar o Governo Provisório Russo, possivelmente ao ponto de forçar o país a retirar-se da Primeira Guerra Mundial. Assim, ofereceram a Lenin uma carruagem selada, para que passasse da Suíça à Rússia em segurança, e pudesse levar o caos aos seus inimigos.

Então Lenin volta à Rússia, em abril de 1917, pregando a formação de um República dos Sovietes, bem como a nacionalização dos bancos e da propriedade privada. O seu principal lema era: "Todo o poder aos sovietes".

Durante este período, as ordens do governo eram discutidas nos sovietes e nem sempre cumpridas. Trotsky chega em maio, vindo de Nova Iorque (EUA), onde vivia após escapar de um exílio perpétuo na Sibéria.
Leon Trotsky
Kerensky torna-se Primeiro-Ministro, a 21 de julho, após a renúncia de Lvov, mantendo a participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial, no que era extremamente criticado pelos socialistas.

Entretanto as tropas matavam os seus oficiais, a comida era escassa, a inflação chegou aos 1000%, propriedades da nobreza latifundiária eram roubadas e queimadas e operários trabalhavam bêbados com álcool etílico, verniz ou qualquer outro substituto para a bebida.

O novo governo provisório não procurou solucionar os problemas que causavam a desgraça do povo, o que fez com que o povo se revoltasse. Não havia maneira imediata, respeitando os limites aos quais se obrigou a respeitar, ou seja, a liberdade individual, direito à propriedade, o país na guerra e com a mesma constituição social. 

MZ

A(s) imagem(ns) podem ser encontradas em vários sites da Internet, o texto é baseado em várias pesquisas feitas por mim.

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