domingo, 28 de fevereiro de 2021

A Fossa de Esqueletos de Crianças numa Antiga Organização Católica

 

Berçário do orfanato católico de Tuam, na Irlanda
Fonte: Aventuras na História

Em 2017, investigadores contratados pelo governo da Irlanda anunciaram uma descoberta inacreditável. Foi encontrada uma fossa que continha um grande número de esqueletos de bebés e de crianças.

O lado chocante desta revelação foi que a fossa encontrava-se numa antiga organização católica da cidade de Tuam que acolhia mães solteiras no passado.

Era o Lar de Mães e Bebés do Bom Socorro, que esteve em atividade entre 1925 e 1961.

A historiadora Catherine Corless durante um estudo encontrou as certidões de óbito de quase 800 crianças, filhos de mulheres que passaram pelo abrigo. No entanto, apenas duas tinham registo de sepultamento, o que logo chamou a atenção em 2014. Como consequência, o estudo alertou para uma questão: o que aconteceu com esses restos mortais, até então, misteriosos?

Catherine apontava que os restos poderiam ser encontrados no espaço ocupado por uma fossa séptica. Assim, foram iniciadas escavações que revelariam o cenário surpreendente - uma estrutura subterrânea composta por 20 câmaras, em que em 17 delas, foram reveladas significativas quantidades de restos mortais.

As análises aos restos mortais revelaram que se tratavam desde fetos de 35 semanas até crianças de três anos de idade. Num melancólico cenário, todas acabaram por morrer na época em que funcionava a instituição na época. Além disso, o achado confirmou as suspeitas de que as crianças mortas eram enterradas de qualquer maneira, sem registo.

Durante a primeira metade do século passado, a mortalidade infantil era, infelizmente, muito elevada. Poderia ser até mesmo cinco vezes maior entre crianças que tinham mães solteiras, segundo dados levantados e apresentados na descoberta.

O lar era um dos abrigos administrados pela Igreja Católica na Irlanda. Num país extremamente religioso, as mães solteiras eram severamente julgadas na sociedade, que não admitiam esse estatuto para as mulheres. Foi assim que órfãos e mães acabaram encontrando abrigo neste local. No entanto, isto não significava uma esperança.

Ao chegarem a estas instituições, as mães eram separadas dos filhos, que acabam por ser criados por freiras dentro da mesma unidade, à espera de um casal que pudessem fazer a adoção.

Precisavam encarar a fome, insalubridade e tratamentos rigorosos, resultando na morte com o tempo. Muitas até trabalhavam gratuitamente em troca do auxílio das freiras na gravidez e no parto.

Estima-se que cerca de 35 mil mães solteiras passaram por algum dos centros de acolhimento administrados por ordens religiosas católicas desde a criação do Estado irlandês, em 1922, até aos anos 60, conforme relatado pelo governo.

Segundo este caso de Tuam, o arcebispo de Dublin chegou a dizer que "se algo se passou em Tuam, provavelmente terá acontecido também noutros lares de acolhimento de mães e crianças do país".



Fonte: Aventuras na História


MZ

A(s) imagem(ns) podem ser encontradas em vários sites da Internet, o texto é baseado em várias pesquisas feitas por mim.

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