sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Série Lore: O Pai da Lobotomia da Picadora de Gelo

Vou fazer mais um conjunto de post's, inspirados numa série, desta vez a série é Lore.

Esta série, que já conta com duas temporadas, fala em cada um dos episódios de algo assustador para nós, comum dos mortais, como vampiros, fantasmas, lobisomens, em resumo, lendas e como é que estas surgiram.

Com estes post's irei de falar mais em pormenor de cada situação ou pessoas retratadas nos episódios. Nos episódios há sempre uma história central e depois outras que vão complementando as principais, ou porque são do mesmo género ou de outra altura.

O Pai da Lobotomia da Picadora de Gelo

Walter Freeman
Walter Jackson Freeman II (1895-1972) foi um médico norte-americano lembrado como lobotomista e um apoiante da psicocirurgia.

Filho de um médico bem sucedido e neto de um presidente da Associação Médica Americana, Walter licenciou-se na Universidade de Tale e na escola médica da Universidade da Pensilvânia.

A lobotomia é uma intervenção cirúrgica no cérebro em que são seccionadas as vias que ligam os lobos frontais ao tálamo e outras vias frontais associadas. Foi utilizada em casos graves de esquizofrenia.
Esquema da lobotomia
Em muitos casos, a lobotomia deixava os pacientes num estado vegetativo ou simplesmente os tornava mais dóceis, passivos e fáceis de controlar.

Walter Freeman realizou cerca de 3500 lobotomias, a maior parte delas com muita pouca base cientifica, mas popularizou de forma significativa a lobotomia como forma legítima de psicocirurgia.
Walter Freeman durante uma lobotomia
Walter era um neurologista sem qualquer formação cirúrgica, inicialmente trabalhou com vários cirurgiões, como James W. Watts. Em 1936, Walter e James tornaram-se nos primeiros americanos a realizar a lobotomia pré-frontal através de craniotomia numa sala de operações.
James W. Watts
Tentando que o tratamento fosse mais rápido e menos invasivo, Walter inventou um aparelho que possibilitava a lobotomia transorbital. Este aparelho no início era literalmente um picador de gelo introduzido, martelado com um martelo de borracha, por detrás do globo ocular até ao cérebro.

Este aparelho deu a Walter a possibilidade de realizar lobotomias de uma maneira muito rápida, fora de uma sala de operações e sem a assistência de um cirurgião.

Com o passar dos anos, o picador de gelo passou a ser um instrumento criado de propósito para a operação, chamado leucotomo.
Leucotomo
Em 1948, Walter desenvolveu uma nova técnica que consistia em girar o leucotomo num movimento ascendente após a inserção inicial. Este procedimento colocava o instrumento numa grande tensão e num caso resultou na rutura do instrumento dentro do crânio do paciente. Então, Walter desenhou um novo leucotomo, mais forte, que deu o nome de Orbitoclast.
Orbitoclast
Walter Freeman então iniciou uma campanha nacional numa carrinha chamada "Lobotomóvel" para demonstrar a sua técnica a médicos que trabalhavam em hospitais psiquiátricos.
Walter Freeman no seu "lobotomóvel"
Nessa época os hospitais psiquiátricos encontravam-se sobrelotados e não tinham tratamentos eficazes. Walter viu na sua lobotomia transorbital como um meio para retirar um grande número de pacientes dos hospitais.

A mais famosa doente de Walter Freeman foi Rosemary Kennedy, irmã de John F. Kennedy a qual ficou inválida aos 23 anos como resultado da operação.
Rosemary Kennedy
Outros dos seus pacientes, Howard Dully escreveu o livro "My Lobotomy", no qual conta a sua experiência com Freeman e a sua lenta recuperação da lobotomia.
Howard Dully quando fez a lobotomia (esquerda) e atualmente (direita)
Howard Dully, nascido em 1948, é um dos mais jovens recetores da lobotomia transorbital, o procedimento que fez aos 12 anos de idade.

Com o avanço das drogas anti-psicóticas, principalmente a Clorpromazina, em meados dos anos 50, a lobotomia foi sendo gradualmente abandonada e substituída pelos novos medicamentos, Freeman viu então a sua reputação cair rapidamente.

A sua licença médica foi anulada quando um dos seus pacientes morreu durante uma lobotomia.

Walter Freeman continuou a conduzir o seu "lobotomóvel", para visitar os seus antigos pacientes até ao dia da sua morte por cancro, a 31 de maio de 1972. 

MZ

A(s) imagem(ns) podem ser encontradas em vários sites da Internet, o texto é baseado em várias pesquisas feitas por mim.

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