Família Romanov |
A Dinastia Romanov foi uma família nobre russa, sendo a segunda e última dinastia imperial e portanto, a família imperial que governou a Moscóvia e o Império Russo, de 1613 a 1762.
Entre 1762 e 1917, a Rússia foi governada por uma ramificação da Casa de Oldenburgo, que manteve o sobrenome Romanov, hoje ainda utilizado pelos descendentes.
O último Czar foi Nicolau II, que foi assassinado com a sua esposa e filhos, após a revolução de 1917, liderada pelos bolcheviques.
Nicolau II nascido em 1868, era filho do Czar Alexandre III e da Imperatriz Maria Feodorovna.
Pais de Nicolau: Czar Alexandre III e Imperatriz Maria Feodorovna |
Nicolau e os irmãos foram educados rigorosamente, dormiam em camas de armar duras e os seus quartos eram pobremente mobilados, exceto num objeto religioso da Virgem e Filho rodeado por pérolas.
Desde cedo Nicolau demonstrou um temperamento tímido e inclinações que o orientavam mais para a vida doméstica. Dançava de forma elegante, era um bom atirador, andava a cavalo e praticava desportos. Falava francês, alemão e inglês. Adorava a história e a pompa do exército.
Contrariando os pais, Nicolau quis casar com a princesa Alice de Hesse e Reno.
Alice hesitou em aceitar a proposta de casamento devido ao requerimento de que teria que se converter do luteranismo para a ortodoxia russa e renunciar à sua fé inicial. Tornaram-se oficialmente noivos no dia 8 de abril de 1894, em novembro seguinte Alice converteu-se à ortodoxia e passou a chamar-se Alexandra Feodorovna.
Fotografia oficial do noivado de Nicolau e Alice de Hesse e Reno |
O casamento estava marcado para a primavera seguinte, mas por insistência de Nicolau foi antecipado, o casamento aconteceu a 26 de novembro de 1894. Alexandra usou o tradicional vestido de noiva da família Romanov e Nicolau usou um uniforme dos Hussardos.
Casamento de Nicolau e Alexandra Feodorovna |
Do casamento de Nicolau e Alexandra nasceram cinco filhos, quatro raparigas e o mais novo um rapaz: Olga em 1897, Tatiana em 1897, Maria em 1899, Anastácia em 1901 e Alexei em 1904.
Filhos de Nicolau e Alexandra |
Olga Nikolaevna |
Tatiana Nikolaevna |
Maria Nikolaevna |
Anastácia Nikolaevna |
Alexei Nikolaevna |
Havia um aumento cada vez maior da pobreza à medida que o governo fracassava em produzir abastecimentos, criando tumultos e rebeliões.
Na primavera de 1917, a Rússia estava próxima a um colapso total. O exército levou 15 milhões de homens das fazendas e os preços dos alimentos elevaram-se.
No final da Revolução de Fevereiro de 1917, Nicolau II foi forçado a abdicar. Inicialmente abdicou a favor do filho Alexei, mas rapidamente mudou de ideias depois do conselho dos médicos de que Alexei não viveria muito tempo longe dos pais, que poderiam ser forçados a ir para o exílio.
Tudo indica que abdicou por motivos patrióticos, convencido pelos generais de que tal atitude era indispensável para manter a Rússia na guerra e garantir a vitória. Nicolau abdicou a favor do seu irmão, o Grão-duque Miguel.
O Grão-duque Miguel não aceitou o trono até que o povo fosse permitido votar através de uma assembleia constituinte para a continuação da monarquia ou de uma república.
Grão-duque Miguel, irmão de Nicolau |
Na Rússia, o anúncio da abdicação do Czar foi recebido com muitas emoções, incluindo alegria, alívio, medo, raiva e confusão.
Em agosto de 1917, o governo de Alexander Kerensky que ocupava o cargo de Primeiro-Ministro, evacuou os Romanovs para Tobolsk, nos montes Urais, alegando que isso os protegeria do crescente fluxo da revolução. A 30 de abril de 1918, foram transferidos para o seu destino final, a Casa Ipatiev em Ecaterimburgo.
Alexander Kerensky |
Em Ecaterimburgo, o Czar foi proibido de usar as dragonas e as sentinelas desenhavam desenhos obscenos na cerca para ofender as filhas de Nicolau.
A 1 de março de 1918, a família foi posta a comer rações de soldados, o que significou a partida de dez criados devotados. A partir daí, manteiga e café foram considerados luxos. O que fez aa família continuar foi a fé de que alguém os ajudaria.
Filhas de Nicolau II durante o cativeiro |
Em julho de 1918, forças da Legião Checoslovaca estava a chegar a Evaterimburgo, para proteger a Ferrovia Transiberiana, da qual eles tinham controlo. Os bolcheviques falsamente acreditavam que os checoslovacos estavam numa missão para resgatar a família, entraram em pânico e executaram a família.
Perto da meia-noite, Yakov Yurovsky o comandante da Casa da Proposta Especial, ordenou ao médico dos Romanovs, Dr. Eugene Botkin, para acordar a família e pedir para que se vestissem, sob o pretexto de que a família seria transferida para um local seguro devido ao iminente caos em Ecaterimburgo.
Yakov Yurovsky (esquerda) e Dr. Eugene Botkin (direita) |
Assim que é dada a ordem de execução Alexandra e Olga tentam fazer o sinal da cruz, mas não conseguiram devido ao começo do tiroteio. Primeiro morreu Nicolau, depois atiraram em Alexei. Os executores então começaram a disparar caoticamente até todas as vítimas terem caído.
Nicolau II dias antes de ser executado, em julho de 1918 |
Tatiana morreu apenas com uma bala na cabeça, Alexei recebeu dois tiros, pois não tinha morrido com o primeiro.
Quarto onde a família imperial foi assassinada após o acontecimento |
Local onde foram encontrados os corpos de Nicolau II e da sua família, em 1991 |
O assassino de Nicolau, Yakov Yurovky, em 1920, entregou pessoalmente as jóias que pertenciam à família imperial a Moscovo. Conseguiu alguns cargos importantes no novo Estado bolchevique.
A casa onde os Romanov foram executados, foi demolida em 1977, quando o governo regional era liderado pelo futuro presidente, Boris Yeltsin. Mais tarde, uma igreja foi construída no local, que hoje é um ponto de peregrinação.
A casa Ipatiev a ser demolida, em 1977 |
Na Rússia pós-soviética, a investigação sobre a execução do último Czar e a sua família chegou à conclusão de que a ordem foi dada pelas autoridades locais dos Urais. Não há qualquer documento evidenciando que Lenine ou outro dos líderes bolcheviques estivessem interessados na execução do Czar. Alguns historiadores argumentam que Moscovo queria organizar um julgamento para Nicolau.
Ao mesmo tempo, alguns envolvidos disseram que, na véspera do assassinato, receberam um telegrama codificado de Moscovo, ordenando a morte do Czar, mas não de toda a sua família. Matar todos foi uma iniciativa do governo soviético local, cujos membros eram muito mais radicais do que os bolcheviques do Kremin.
Nicolau II, a sua mulher e três das suas filhas receberam um funeral de Estado antes de serem sepultados na Fortaleza de Pedro e Paulo, em São Petersburgo, em 1998. O presidente Boris Yeltsin compareceu à cerimónia, embora o então Patriarca da Igreja, Alexei II se tenha recusado a ir.
Militares levam o caixão de Nicolau II durante o seu sepultamento e da sua família na Catedral de S. Pedro e S. Paulo, em S. Petersburgo, em 1998 |
Canonização de Nicolau foi controversa. A Igreja Ortodoxa Russa no Exterior ficou dividida sobre a questão em 1981, e alguns membros sugeriram que ele era um governante fraco que falhou em impedir a ascensão dos bolcheviques. Um padre salientou que o seu martírio na Igreja Ortodoxa Russa não teve nada relacionado com as suas ações pessoais, mas sim pelo motivo que foi morto.
A Igreja dentro da Rússia rejeitou a classificação da família como neomártires por não terem morrido por causa da sua fé. Os líderes religiosos nas duas igrejas também tinham objeções quanto à canonização da família do Czar pois a sua incompetência levou a uma revolução e ao sofrimento do seu povo, além de ter sido em parte o motivo do seu assassinato, o da sua família e criados. Para os seus oponentes, o facto de que Nicolau era um homem gentil, bom marido ou um líder que mostrava genuína preocupação com o povo não o remia por sua época à frente da Rússia.
A 30 de setembro de 2008, a Suprema Corte da Rússia reabilitou a família real russa e o Czar Nicolau II, 90 anos após a sua morte. A Suprema Corte russa declarou que a sua execução foi ilegal e que a família real russa foi vítima de um crime.
MZ
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