domingo, 6 de outubro de 2019

Série Lore: A Maldição do Orloj

Vou fazer mais um conjunto de post's, inspirados numa série, desta vez a série é Lore.

Esta série, que já conta com duas temporadas, fala em cada um dos episódios de algo assustador para nós, comum dos mortais, como vampiros, fantasmas, lobisomens, em resumo, lendas e como é que estas surgiram.

Com estes post's irei de falar mais em pormenor de cada situação ou pessoas retratadas nos episódios. Nos episódios há sempre uma história central e depois outras que vão complementando as principais, ou porque são do mesmo género ou de outra altura.

A Maldição do Orloj

Relógio Astronómico de Praga (República Checa)
Fonte: Azwanderlust.com
O Orloj é um relógio do estilo gótico, do séc. XIV, que se encontra na torre da Prefeitura da Cidade Velha, a torre tem 70 metros de altura, e dali é possível ter uma vista maravilhosa do centro histórico de Praga.

O Orloj tem três componentes principais: uma esfera astronómica, que indica a hora e a posição do sol e da lua; uma esfera com medalhões, que representam os signos do Zodíaco; e um mecanismo que mostra aos espectadores,  cada hora, a procissão dos Doze Apóstolos.

Foi feito pelo relojoeiro Mikulas de Kadan e Jan Sindel, mais tarde professor de matemática e astronomia da Universidade de Charles, em 1410.

Este relógio é o terceiro do seu género, o primeiro foi construído em Pádua (Itália), em 1334.

Por volta de 1500 o relógio foi alterado e modernizado pelo Mestre Hanuz de Ruze, que inseriu os componentes astronómicos que tornariam o relógio numa obra sem igual em toda a Europa. Naturalmente os conselheiros da cidade estavam muito satisfeitos com o trabalho de Hanuz, considerado um génio pela sua habilidade e criatividade. Pessoas viajavam grandes distâncias para conhecer o relógio e logo o centro de Praga tornou-se uma paragem obrigatória para viajantes.

O orgulho dos cidadãos era enorme. Praga tinha o mais belo relógio da Europa, um facto que ninguém contestava. Foi então que começou a circular um rumor de que o Mestre Hanuz tinha recebido uma proposta para construir um relógio ainda mais belo noutra cidade. Diziam que Hanuz passava horas a desenhar e a fazer cálculos para a construção de uma obra ainda mais grandiosa.

Então os conselheiros decidiram reunir-se e pensar numa solução para o assunto. Planearam oferecer dinheiro ao mestre para que ele não fizesse outro relógio tão ou mais grandioso. Cogitaram apelar para o senso de patriotismo do Mestre, mas concluíram que a proposta que lhe tinham feito de outro relógio era irrecusável. Sabia-se então que mais cedo ou mais tarde Hunuz faria outro relógio.

Então, um dos conselheiros da cidade, um homem conhecido pelo seu coração perverso e marcado pela crueldade, ofereceu uma solução que a princípio chocou os outros. Era um plano sinistro, mas um conselheiro depois do outro foi gradualmente percebendo que aquela seria a única opção para garantir que o Relógio de Praga continuasse exclusivo.

Uma noite, Mestre Hanus estava sentado na sua oficina, vendo alguns dos seus planos e esquemas. Como já era tarde os seus ajudantes e criados já tinham saído e Hanuz encontrava-se sozinho. Do lado de fora, estava a chover, mas Hanus encontrava-se dentro da sua casa com a lareira acesa com os seus pensamentos dentro dos seus cálculos.

De repente ouviu-se uma batida seca na porta da frente e disseram "Abra, estamos com pressa!"

O Mestre correu até à porta e espreitou para fora. Percebeu que estavam lá três homens grandes vestidos com máscaras. Antes que pudesse perguntar o que queriam, empurraram a porta e forçaram a entrada arrastando o relojoeiro para a oficina. Lá amordaçaram o Mestre e amarraram as suas mãos com uma corda.

Dois dos homens o seguraram com força enquanto o terceiro atiçou o fogo, colocando em meio às chamas uma adaga que trazia presa ao cinto. Ele a deixou lá até que o calor a fizesse brilhar vermelha. Percebendo o que os homens pretendiam, o Mestre Hanuz tentou lutar, mas eles o agrediram até que ele perdeu os sentidos.

Hanuz acordou horas mais tarde, em agonia insuportável. Percebeu que estava deitado na sua própria cama, podia ouvir a voz do seu assistente e os lamentos dos seus criados e amigos, mas via apenas escuridão. Os homens tinham-lhe arrancado os olhos.

Por muito tempo o brilhante relojoeiro permaneceu deitado, doente e delirante, passava dias e noites num estado miserável. A sua visão estava perdida para sempre. Quando melhorava um pouco, sentava-se no estúdio e pensava consigo mesmo: "Quem poderia ter feito uma coisa tão terrível comigo e porque?".

Ele não tinha inimigos e todos o admiravam pelas suas obras que tinham trazido tanto orgulho ao povo de Praga. As pessoas o visitavam e lamentavam o acontecido, vinham os mais pobres e os mais ricos, os mais próximos e os mais afastados e todos lamentavam a tragédia.

Num dia, vieram dois conselheiros da cidade que lamentaram o triste destino do Mestre Hanuz que disseram: "Uma tragédia, uma tragédia sem sentido".

Mas quando deixaram a casa, o jovem assistente do relojoeiro ouviu a dupla se congratulando pelo serviço bem feito. O rapaz ouviu quando um disse ao outro que agora não existia mais o risco de que o Mestre Hanuz criasse um relógio astronómico para outra cidade além de Praga. Devastado o rapaz procurou o seu Mestre e contou o que tinha ouvido.

E assim o brilhante relojoeiro descobriu quem tinha ordenado que os seus olhos fossem arrancados. Ele não sentia mais dor, apenas uma amargura profunda e um desejo de desaparecer de uma vez por todas. Depois da amargura veio a raiva e então o desejo de vingança. O Mestre pensou numa forma de extrair a vingança daqueles homens terríveis e planeou o que ia fazer.

Um dia disse ao seu fiel assistente que gostaria de ir até ao Prédio da Prefeitura para ao menos ouvir o som do seu amado relógio e sentir as delicadas engrenagens a trabalhar. Os conselheiros ficaram intrigados quando ele chegou, mas acabaram concordando em dar-lhe acesso à sua obra.

Quando Hanuz ficou diante do gigantesco mecanismo, pôs-se a escutar o funcionamento da perfeita máquina de metal e madeira que conhecia tão bem. Apesar de cego, ele conseguia sentir todos os complexos mecanismos em que tinha trabalhado, cada pequena parte, cada disco, mola e conexão.

E então, sem nenhum aviso, o Mestre saltou para dentro do delicado mecanismo, grande como um grande órgão de igreja. Imediatamente o seu corpo foi esmagado pelas engrenagens que começaram a partir-se e arrebentar.

O relógio começou a arranhar e a abanar, até que lentamente os sons foram desaparecendo até restar apenas um ensurdecedor silêncio. O último som do relógio calou-se com o coração de Hanuz.

No bolso do Mestre descobriram uma carta onde ele relatava o que tinha acontecido e o povo escandalizado com a crueldade dos conselheiros revoltou-se exigindo que fossem presos e punidos.

Os nobres, acatara esse pedido e cada um dos conspiradores foi lançado na masmorra onde jamais veriam o sol brilhar. Além da prisão, derramaram chumbo derretido nos seus ouvidos para que jamais ouvissem novamente. E ao longo dos anos que viveram, o aterrorizante silêncio foi uma lembrança contínua do crime que tinham cometido.

O famoso relógio parecia estar partido para sempre. Foram necessários muitos séculos para que surgisse alguém que fosse capaz de entender a complexidade do mecanismo e devolver o seu antigo brilhantismo.

Na série retrata-se a época em que a Peste Negra atacou a Europa e acreditava-se que a Peste Negra era uma maldição para com a cidade de Praga porque o relógio estava partido, depois de que Mestre Hanuz tinha lançado uma maldição ao relógio e consequentemente à cidade de Praga.

Então dois irmãos, supostamente relojoeiros foram contratados para concertar o relógio antes que a maldição matasse toda a cidade, estes eram Jan e Dirvick.


Fonte: Mundotentacular

MZ

A(s) imagem(ns) podem ser encontradas em vários sites da Internet, o texto é baseado em várias pesquisas feitas por mim.

1 comentário:

  1. Bravo perfeito seu texto parabéns por ser uma história trágica vc contou muito bem.parabens

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