segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

75 Anos da Libertação do Campo de Concentração de Auschwtitz

Existem vários temas da História que me fascinam, a Segunda Guerra Mundial é um deles. Faço imensas pesquisas sobre o tema, a maioria dos filmes que vejo são sobre essa temática ou algo histórico/verídico, e em tema de livros, nem se fala, diria que dos livros que tenho 90% são sobre a Segunda Guerra Mundial.

E não foi por acaso que o Blog começou as suas publicações no dia que se celebra a libertação do campo de Auschwitz. Então neste post, vamos recordar o que foi o Campo de Concentração de Auschwitz e a sua libetação.

Ao longo destes quatro anos foram publicados vários post's relacionados com este tema. E estou a preparar uma série de post's sobre esta temática, desde acontecimentos a personalidades que fizeram história nesta altura, seja pelas melhores ou piores razões.

Uma imagem da libertação do Campo de Concentração de Auschwitz, a 27 de janeiro de 1945
Fonte: BBC

Campo de Concentração de Auschwitz

Campo de Concentração de Auschwitz
Fonte: Vatican News
Desde o momento em que Adolf Hitler assumiu o poder político da Alemanha, o Reich começou a proclamar a necessidade de exterminar alguns grupos indesejáveis da sociedade alemã para que o país pudesse recuperar-se das humilhações sofridas após a Primeira Guerra Mundial.

A situação vivida na Alemanha nos anos 1930 era má, e os alemães viram em Hitler a esperança de uma recuperação da nação e depositaram toda a sua confiança nele.

E de facto, Adolf Hitler conseguiu reerguer a Alemanha, tirando-a do cenário catastrófico que se encontrava, mas sempre apresentando uma postura radical.
Adolf Hitler
Fonte: InfoEscola
Em 1939, a renascida Alemanha deu início a uma nova guerra mundial. Desta vez, as implicações da guerra seriam muito maiores do que a primeira.

Os massacres aos judeus começaram em 1939, na Polónia ocupada pelos Nazis. Os primeiros guetos foram construídos durante o inverno de 1939-40 e os judeus passaram a viver nesses bairros fechados onde estavam expostos à fome e a doenças.

A partir de 1940, foram construídos campos de trabalhos forçados e de extermínio. Foram construídos em terras polacas ocupadas pelos alemães, foram três os campos principais auxiliados por mais 39. Um deles foi o de Auschwitz.

O Campo de Concentração de Auschwitz ficou conhecido por ser um local de extermínio dos judeus e de outras minorias durante a Segunda Guerra Mundial.

O Campo de Auschwitz tinha uma área de 40 km2 na região da Alta Silésia, na Polónia.

O complexo era formado por três campos principais, sendo dois de trabalho forçado e um de extermínio, mais os 39 subcampos.

Ao longo da Segunda Guerra Mundial, presos políticos, judeus de toda a Europa, homossexuais, ciganos, testemunhas de Jeová, comunistas e outras minorias morreram em Auschwitz.

Os campos de Auschwitz

Entrada de Auschwitz I
Fonte: Wikipédia
Auschwitz I
- Rudolf Höss, capitão da SS, inaugurou o campo de Auschwitz I em 1940 para abrigar prisioneiros políticos
Rudolf Höss, Capitão da SS
Fonte: Wikipédia
- O objetivo era que trabalhassem forçadamente até morrerem
- Com a invasão da União Soviética em 1941 o número de presos aumentou e o campo teve que se expandir

Auschwitz II Birkenau
Fonte: In Your Pocket
Auschwitz II Birkenau
- Já foi construido com o objetivo de ser um campo de extermínio
- Foi inaugurado em 1942, e estava projetado para receber até 10 mil presos de uma vez só
- Inicialmente recebeu oficiais inimigos e, após alguns meses, judeus
- As primeiras câmaras de gás foram criadas após um ano de existência
- Aqui chegaram a matar oito mil pessoas por dia

Auchswitz III Monowitz
Fonte: TracesOfWar.com
Auschwitz III Monowitz
- Aberto em 1942
- Inicialmente era apenas um subcampo. Mas, por causa da riqueza da região em recursos naturais, como água, cal e carvão, tornou-se o terceiro maior do complexo. Acabou por se tornar num centro de trabalho escravo de presos que levavam recursos para o complexo industrial de Auschwitz
- Grandes empresas, como a Siemens-Schuckert e a IG Farben, usavam a mão-de-obra escrava
- A expectativa de vida em Monowitz era de quatro meses

Subcampos
- Entre 1942 e 1944, mais 39 subcampos de trabalho forçado foram criados na região, com o objetivo de explorar as minas locais e fabricar armas utilizando mão-de-obra escrava
- O número de prisioneiros destes locais podia variar de dezenas para milhares, existindo até campos só para mulheres

Rotina

A viagem
- Os presos chegavam de comboio
Chegada dos presos a Auschwitz
Fonte: Holocaust Encyclopedia - United States Holocaust
- Durante as viagens, chegavam a ficar dias sem água ou comida
- Não havia casa-de-banho, apenas um balde em cada vagão
- As janelas eram fechadas e quase não entrava luz
- Muitos morriam ou chegavam ao campo à beira da morte
- Quando as pessoas saiam do comboio era feita a seleção. Crianças, idosos e doentes iam direto para a câmara de gás, pois não serviam como mão-de-obra
Seleção dos presos à chegada de Auschwitz
Fonte: Inacreditável

No campo
- Todos os prisioneiros ao chegarem ao campo eram tatuados com um número que passava a ser a sua identificação. As marcas eram feitas martelando um carimbo de ferro na pele e depois a ferida era coberta com tinta
Tatuagem de um prisioneiro em Auschwitz
Fonte: Wikipédia
- O uniforme que os presos usavam, o conhecido "pijama às riscas" era herdado de um preso morto e só deixava de ser usado quando se encontraria num farrapo. Não haviam meias e os sapatos raramente eram do número certo
Uniforme dos presos em Auschwitz
Fonte: Ultimo Segundo - iG
- Os presos eram divididos em blocos, barracões com capacidade para 700 pessoas, mas que chegavam a receber 1200 pessoas
Barracão feminino
Fonte: DW
- Os presos tinham que dormir lado a lado para poderem caber todos
- Não existia casa-de-banho, as necessidades eram feitas em baldes no meio dos barracões
- A temperatura podia chegar a -30º no inverno, nos barracões, porque não havia aquecimento
- Os presos, normalmente, eram acordados por volta das 5 horas da manhã pelos oficiais, aos gritos e com violência. Eram contados e, depois, podiam ficar enfileirados durante horas, só para que começassem o trabalho já cansados
- Seleções para decidir quem deveria morrer podia acontecer a qualquer momento
- Depois da contagem dos presos, estes recebiam o pequeno-almoço. Que consistia em sopa de algumas ervas daninhas e batata, uma fatia de pão com castanhas e serragem, um pouco de salsicha, a carne podia vir de animais doentes e margarina de linhito (uma espécie de carvão)
- No fim do dia, os presos recebiam mais um pouco de comida, a mesma do pequeno-almoço. Comia-se em tigelas e cada um tinha a sua. Quem perdesse a tigela não poderia comer, por isso era o objeto mais cuidado pelos presos
Uma tigela com que se alimentavam os presos em Auschwitz
Foto: Pawel Sawicki
Fonte: Auschwitz.net
- O dia de trabalho podia durar 12 horas
- As atividades de trabalho incluíam limpeza, escavação de minérios, construção de caminhos de ferro para o comboio, costura e produção de roupas, entre outras
- No que tocava ao assunto morte ou assassinato, os presos também estavam envolvidos. Eram os presos que recolhiam e enterravam os corpos, preparavam as covas, separavam as roupas, procuravam ouro nas bocas dos cadáveres e trabalhavam nas câmaras de gás
- Um percentagem pequena de presos, normalmente os não judeus, conseguiam trabalhos menos cansativos, como no conhecido Canadá, em Auschwitz II, tratava-se de um barracão de triagem dos objetos que os prisioneiros levavam consigo quando viajavam para Auschwitz. Outras atividades eram os cozinheiros e barbeiros e serviam diretamente os oficiais nazis. Estes prisioneiros tinham algumas regalias como comida melhor
- As taxas de suicídio entre os presos eram muito altas em dois trabalhos. Um deles era a banda formada por judeus que tocava música durante o acordar e a chegada do comboio. O outro era o dos sonderkommandos, um grupo, também de judeus, que preparava crianças e idosos para morrerem e depois tinham que procurar o ouro na boca dos corpos mortos
- Milhares morriam todos os dias. Se não eram executados nas câmaras de gás, os presos morriam de tanto trabalharem, de frio, de doenças, suicídio, por experiências médias ou pela violência dos guardas. Era comum que, num barracão onde dormisse 500 pessoas, seis fossem encontradas mortas todos os dias de manhã

As Mulheres
- Para as mulheres, a situação era ainda pior. Eram consideradas inferiores, eram espancadas, separadas dos filhos e usadas para experiências de esterilização
Mulheres grávidas em Auschwitz
Fonte: Aventuras na História - Uol
- As mulheres não judias eram prostituídas, havia um bordel em Auschwitz I, e violadas
Bordel de Auschwitz no Bloco 24º
- Embora haja relatos de gravidezes e nascimentos no campo, muitas abortavam com medo de represálias
- Assim como os homens, trabalhavam até à morte

A Morte
- Fuzilamento: Inicialmente, execuções com armas de fogo eram o método mais utilizado. Muitas vezes, os presos eram levados para as proximidades dos campos, obrigados a cavar a própria sepultura e depois enfileirados para morrer. Mas os oficiais começaram a não dar conta, então precisavam de um método mais eficaz e menos perturbador, para eles
Local onde ocorriam os fuzilamentos em Auschwitz
Fonte: Nyr Dagur
- Dinamite: Os nazis começaram a fazer experiências com métodos de assassinato em massa e chegaram a utilizar dinamite. O teste ocorreu num local próximo de Auschwitz, onde presos foram trancados numa divisão e depois explodiram o local. O método não foi aceite porque provocava muita sujidade, os pedaços dos corpos ficaram espalhados e presos nas árvores
- Monóxido de carbono: Em 1941, as primeiras mortes por gás aconteceram na Polónia, num gueto perto da cidade de Chelmno. Numa câmara improvisada dentro da traseira de uma carrinha, as vítimas morriam após inalarem durante minutos monóxido de carbono, método usado dois anos antes para matar deficientes mentais
- Experiências médicas: Josef Mengele foi um médico nazi conhecido pelas suas experiências desumanas. Começou a trabalhar em Auschwitz-Birkenau em 1943 e tornou-se no ser humano mais temido no local. Realizava todos os tipos de experiências e tinha uma curiosidade particular por gémeos
Josef Mengele
Fonte: Sábado
- Gás Zyclon-B: As câmaras de gás, que só em Auschwitz mataram cerca de 500 mil pessoas, foram desenvolvidas em 1942. O pioneiro do método foi Karl Fritzsch, um funcionário da SS que fechou as janelas e portas de um compartimento cheio de presos, depois, por uma abertura no teto, atirou o veneno (ácido cianídrico) cristalizado, usado para desinfetar roupas. Em contacto com o ar, a substância torna-se num gás mortal
Latas do gás Zyclon-B
Fonte: ThoughtCo

Câmaras de gás
Câmara de gás, em Auschwitz
Fonte: Segredos do Mundo - R7.com
- Os prisioneiros não sabiam que iam ser executados, achavam que iam apenas tomar banho
- Antes de entrarem na sala, os presos eram despidos
- Cerca de 800 pessoas cabiam numa câmara de Birkenau
- As cápsulas de Zyklon-B eram despejadas por buracos no teto
- As vítimas quando se apercebiam daquilo que estava acontecer, começavam a tentar sair, acabando por esmagar outras vítimas
- Em 30 minutos, todos estavam mortos
- Os fornos para queimar os corpos ficavam dentro dos mesmos prédios que as câmaras, os corpos eram levados para lá para serem queimados. As cinzas eram depois atiradas em rios

A Libertação do Campo

Exército Vermelho já no Campo de Auschwitz
Fonte: Almanaque Militar
Os guardas da SS tentaram esconder os seus crimes quando as tropas soviéticas se aproximavam e tentaram destruir os seus extensos registos de prisioneiros, o que veio a dificultar a quantificação do número total de vítimas.

Estudos académicos concordam que, no total, cerca de 1,3 milhões de pessoas chegaram a Auschwitz, dentro das quais 1,1 milhões morreram lá.

As autoridades alemãs ordenaram a suspensão do uso das câmaras de gás e a destruição das câmaras de gás e crematórios no final de 1944, quando as tropas soviéticas começaram a avançar para o oeste.  O stock de objetos de valor recolhidos no setor "Canadá" foi enviado para a Alemanha.

Determinados a apagar as evidências dos seus crimes, os nazis ordenaram que dezenas de milhares de presos marchassem para o oeste, para outros campos de concentração, como Bergen-Belsen, Dachau e Sachsenhausen. Os que estavam doentes demais para andar foram deixados para trás, quem não conseguia acompanhar a marca era morto. - Esta marcha ficou conhecida como a Marcha da Morte.
Marcha da Morte
Fonte: A Vida no Front
Quando as tropas soviéticas chegaram ao campo de Auschwitz, a 27 de janeiro de 1945, encontraram apenas alguns milhares de sobreviventes. Mais tarde, os soldados recordaram que tiveram que convencer alguns sobreviventes de que os nazis tinham realmente ido embora.
Exército Vermelho já no Campo de Auschwitz
Fonte: Almanaque Militar
O exército soviético não estava preparado para libertar Auschwitz. Nos seus mapas, de antes da guerra, nem sequer constava aquele extenso campo de morte e trabalhos forçados.

O tenente Vasili Gromadski, da 100.ª Divisão de Atiradores" que participava na ofensiva do Vístula-Oder, que havia de chegar a Berlim no fim de abril de 1945, recordou: "Demos por acaso com o campo de extermínio".

"Vi muitas coisas horríveis e de pesadelo nesta guerra, mas o que testemunhei em Auschwitz ultrapassa a imaginação", escreveu o milita soviético Georgi Elisavestski numa carta à sua mulher, quando já era comandante do campo, depois do Exército Vermelho ter assumido o controlo.
Prisioneiros de Auschwitz na altura da libertação
Fonte: Almanaque Militar
O que exército soviético encontrou ao entrar em Auschwitz chocou os soldados que pensavam que já não podiam ser surpreendidos.

Além de pessoas que eram apenas esqueletos, crianças usadas em experiências científicas, descobriram toneladas de cabelo humano (para usar na indústria têxtil) e de roupa, sapatos e objetos pessoais em ouro, que incluíam dentes, que seriam enviados para a Alemanha.
Crianças em Auschwitz
Fonte: oglobo.globo.com
"Vimos logo as fileiras de casernas. Abri a porta de uma. O fedor era insuportável. Era uma caserna feminina, e havia poças de sangue congeladas no chão, e cadáveres no chão. E lá pelo meio havia ainda pessoas vivas, seminuas, vestidas só com roupa interior fina - em Janeiro! Os meus soldados recuaram, horrorizados. Um deles disse: 'Não consigo suportar isto. Vamos sair daqui. Isto é inacreditável!'".

Mas os soldados insistiram, continuaram a abrir as casernas e a descobrir "pessoas emaciadas, brutalmente torturadas", na descrição do tenente Ivan Martinushkin. "Já não pareciam pessoas", disse o sargento Genri Koptev.

"Tinham uma pele tão fina que se podia ver as veias e os olhos estavam salientes, porque os tecidos à volta tinham desaparecido. Quando esticavam as mãos, podia-se ver cada osso, cada tendão e articulação. Sentimo-nos tomados pelo terror. Ninguém nos tinha preparado para isto."


Fontes: Super Interessante, InfoEscola, G1 e Público (por Clara Barata)

MZ

A(s) imagem(ns) podem ser encontradas em vários sites da Internet, o texto é baseado em várias pesquisas feitas por mim.

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