Pequeno Coração do Rei da França

Coração do Delfim Luís Carlos
Fonte: Rainhas Trágicas - Mulheres, Guerreiras, Soberanas

Viveu isolado numa cela trancada na Torre do Templo, o pequeno Luís Carlos, herdeiro de Luís XVI e Maria Antonieta, faleceu de tuberculose a 8 de junho de 1795, aos 10 anos.

Delfim Luís Carlos, aclamado Rei Luís XVII da França
Fonte: Wikipédia

A autópsia indicou um quadro de desnutrição, manifestada pela sua extrema magreza.

Foi sepultado no cemitério de Sainte-Marguerite, em Paris, num túmulo anónimo.

A morte de Luís Carlos, aclamado pelos monarquistas como Luís XVII, fez com que o seu tio, o Conde de Provença, reivindicasse no estrangeiro o título de Rei da França, como Luís XVIII.

No entanto, ao longo da sua vida, a única filha sobrevivente do casal de soberanos, Maria Teresa Carlota, foi assombrada pelo fantasma do irmão, personificado pela figura de falsos pretendentes ao trono.

Maria Teresa Carlota da França, irmã mais velha do Delfim Luís Carlos
Fonte: Wikipédia

Inúmeros rumores de que ele teria sobrevivido começaram a ganhar força durante o séc. XIX, graças às circunstâncias misteriosas da sua morte.

O mais famoso feles foi o alemão Karl Wilhelm Naundorff, cujos descendentes chegaram a ostentar o apelido Bourbon. 

Karl Wilhelm Naundorff, homem que se fez passar pelo Delfim Luís Carlos
Fonte: Wikipédia

Maria Teresa nunca reconheceu a reivindicação de qualquer um deles.

Este mistério só foi resolvido com a ajuda da ciência no início do séc. XXI.

Durante a autópsia do Delfim, o seu coração foi removido pelo cirurgião Philippe-Jean Pelletan, que o manteve guardado numa caixa. Nenhum dos tios do menino, Luís XVIII e Carlos X, acreditou na sua autenticidade.

Em 1975, o órgão mumificado foi colocado dentro de um relicário de vidro e colocado na necrópole real francesa, na Basílica de Saint-Denis.

Depois, professores da Universidade de Münster e de Leuven, fizeram um teste de ADN mitocondrial com amostras do cabelo de Maria Antonieta. Com efeito, o resultado dos testes comprovou que o coração de facto pertencia a Luís Carlos, pondo assim um fim ao mistério de dois séculos.

O pequeno Luís Carlos então recebeu um funeral com honras de Estado, a 8 de junho de 2004.

Fonte: Rainhas Trágicas - Mulheres, Guerreiras, Soberanas

MZ

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