sexta-feira, 30 de abril de 2021

Os Maiores Genocídios da História - Parte 4

Este tema será dividido em quatro posts.

O genocídio é o assassinato de várias pessoas, geralmente motivados por diferenças étnicas, nacionais, religiosas ou sociopolíticas. O objetivo do genocídio é exterminar todos os indivíduos de determinado grupo.

Genocídio Anfal

Imagens do Genocídio Anfal

A Operação Anfal foi uma campanha de genocídio contra o povo curdo no Curdistão Iraquiano, liderado pelo regime iraquiano de Saddam Hussein e dirigido por Ali Hassan al-Majid (primo de Saddam).
Saddam Hussein (esquerda) e Ali Hassan al-Majid (direita)

A campanha leva o nome de Sura al-Anfal, no Alcorão, que foi usado como um nome de código pelo ex-regime iraquiano de Baath para uma série de ataques contra os rebeldes peshmerga e a população civil maioritariamente curda das cozas rurais do norte do Iraque, realizada entre 1986 e 1989.

Esta perseguição também foi feita aos shabaks e yazidis, assírios e os turcomanos iraquianos e muitas aldeias pertencentes a estes grupos étnicos foram destruídas.

Famílias curdas e assírias ficaram sem casas depois de terem sido expulsas à força por soldados de Saddam e devido a isso tiveram que migrar para campos de refugiados.

As casas destas famílias foram entregues aos trabalhadores árabes dos campos de petróleo, bem como a outras pessoas não-curdas que Saddam deslocou do sul do Iraque para a cidade.

A campanha de Anfal incluiu o uso de ofensivas terrestres, bombardeamentos, destruição sistemática de povoados, deportações em massa, pelotões de fuzilamento e, guerra química, o que valeu o apelido de al-Majid, de "Ali Químico".

Milhares de civis foram mortos durante as campanhas. Fontes independentes estimam de 100 mil para mais de 150 mil mortes e cerca de 100 mil viúvas e um número ainda maior de órfãos.

A Amnistia Internacional recolheu os nomes de mais de 17 mil pessoas que tinham "desaparecido" durante 1988.

Massacre de Srebrenica

Massacre de Srebrenica

Foi o assassinato de 11 a 25 de julho de 1995 de até 8373 bósnios muçulmanos, na região de Srebrenica, pelo Exército Bósnio da Sérvia, sob o comando do General Ratko Mladic e com a participação de uma unidade paramilitar sérvia conhecida como "Escorpiões".
General Ratko Mladic

Este é um acontecimento mais terríveis da história recente, é o maior genocídio da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

As tropas sérvias invadiram Srebrenica e a população local procurou abrigo num complexo da ONU. No entanto, dois dias depois, as forças neerlandesas da missão da paz da ONU, que estavam em menor número e não tiveram resposta quando pediram reforço a ONU, em Genebra, cederam às pressões das tropas de Mladic e forçaram milhares de famílias muçulmanas a deixar o local.

Os invasores sérvios, então, organizaram os muçulmanos por género e enviaram os homens para a execução. Cerca de 8 mil homens e meninos muçulmanos foram mortos.

Houve denúncias de violações, seguidos de assassinatos, de mulheres e crianças.

Os homens executados foram enterrados em valas comuns, centenas de homens foram enterrados vivos, homens e mulheres foram mutilados e massacrados, crianças foram mortas diante das mães.

As forças sérvias pretendiam o extermínio dos 40 mil bósnios que viviam em Srebrenica, um grupo emblemático dos bósnios em geral. Os sérvios não aceitam a acusação de genocídio e afirmam que, no mesmo período, houve também, na região de Srebrenica, milhares de vítimas sérvias que são sistematicamente ignoradas pela comunidade internacional.

Genocídio em Timor-Leste

Imagens do Massacre de Santa Cruz, um dos atos terríveis cometidos pela força indonésia sobre os timorenses

A Indonésia ocupou o atual território do Estado de Timor-Leste de dezembro de 1975 a outubro de 1999.

Após séculos de domínio colonial português na parte oriental da ilha de Timor, um golpe de Estado em Portugal, em 1975, levou à descolonização entre as suas ex-colónias, criando instabilidade no território e deixou o seu futuro incerto.

Depois de uma guerra civil, a FRETILIN, pró-independência, reclama a vitória na capital Díli e declara Timor-Leste independente, a 28 de novembro de 1975.

As forças militares indonésias, do regime de Suharto, invadiram a parte oriental da ilha a 7 de dezembro de 1975, sob a alegação de que a FRETILIN reprimia os comunistas locais e atendendo ao pedido do povo de integração à Indonésia.
Suharto, Presidente da Indonésia de 1967 a 1998

No ano seguinte, Timor Leste é declarada a 27.ª província da Indonésia, um estatuto que nunca foi reconhecido pelas Nações Unidas.

Desde o início, as forças indonésias mostraram-se extremamente violentas na sua relação com a população local, procurando dominá-la através do terror.

Logo na ocupação os militares exterminaram boa parte dos timorenses.

Com o tempo e com a impotência de Portugal dos seus fracos protestos às Nações Unidas, a ocupação persistiu, e com ela, uma resistência, que mesmo violentamente reprimida, insistiu em continuar. Cada investida ou protesto de natureza separatista seria seguida de violenta repressão.

Muitos timorenses sentiam-se oprimidos e foram mortos por questões políticas. Desde então, a resistência timorense combateu o exército indonésio.

Em outubro de 1991 uma delegação com membros do Parlamento Português e 12 jornalistas planearam visitar o território durante a visita do Representante Especial das Nações Unidas para os Direitos Humanos e Tortura, Pieter Kooijmans.

Mas o governo indonésio não deixou que uma jornalista australiana, Jill Jolliffe, que apoiava o movimento independentista FRETILIN fosse lá, então Portugal, consequentemente, cancelou a ida da delegação.

O cancelamento desmoralizou os ativistas independentistas em Timor Leste, que esperavam usar esta visita para melhorar a visibilidade internacional para a sua causa.

As tensões aumentaram entre as autoridades indonésias e a juventude timorense após o cancelamento da visita dos deputados de Portugal.

Então o confronto deu-se entre os ativistas pró-integração e os ativistas independentistas que estavam na Igreja, quando este acabou, um homem de cada lado estava morto.

Sebastião Gomes, um apoiante da independência de Timor Leste, foi retirado da Igreja e abatido pela tropa indonésia e o integracionista Afonso Henriques foi atingido e morto durante a luta.

A 12 de novembro de 1991, mais de duas mil pessoas marcharam desde a igreja onde se celebrou uma missa em memória de Sebastião Gomes até ao cemitério de Santa Cruz, onde foi enterrado.

Deu-se, então, o Massacre de Santa Cruz, que foi quando o exército indonésio abriu fogo sobre a população, matando 271 pessoas no local e com 127 a morreram, dos ferimentos, nos dias seguintes.

Manifestantes foram presos e só libertados em 1999, na altura do referendo pela independência.

Este massacre foi filmado pelo repórter de imagem Max Stahl, que deu assim uma grande ajuda a dar a conhecer ao mundo que se tinha passado em Díli. Os acontecimentos foram condenados internacionalmente e chamaram atenção para a causa dos timorenses.

Depois deste massacre, quase todos os países passaram a apoiar Timor-Leste e reconheceram o direito da sua população determinar se Timor-Leste deveria ser ou não independente, o que veio acontecer com o referendo oito anos depois, a 30 de agosto de 1999.

Estima-se que o controlo indonésio tenha feito no mínimo de 90 mil a 220 mil mortes, entre 1975 e 1999, resultado das ações militares em combates diretos, tortura, além da fome e doenças causadas pelos explosivos e agentes químicos utilizados pelos indonésios.

Após a renúncia de Suharto em 1998, o governo indonésio cederia o controlo de Timor Leste no ano seguinte, após um referendo para a independência, onde 80% dos timorenses confirmaram o desejo de se separar da Indonésia.


MZ

A(s) imagem(ns) podem ser encontradas em vários sites da Internet, o texto é baseado em várias pesquisas feitas por mim.

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Os Maiores Genocídios da História - Parte 3

Este tema será dividido em quatro posts.

O genocídio é o assassinato de várias pessoas, geralmente motivados por diferenças étnicas, nacionais, religiosas ou sociopolíticas. O objetivo do genocídio é exterminar todos os indivíduos de determinado grupo.

Genocídio por Mao Tsé-Tung

Mao Tsé-Tung

A Era de Mao Tsé-Tung ou Era Maoísta durou desde a fundação da República Popular da China a 1 de outubro de 1949 até à subida de Deng Xiaoping ao poder em 1976.

No período entre 1949 e 1976 o governo da China teve como chefe Mao Tsé-Tung, que defendia uma visão revolucionária do comunismo, em que todos os aspetos da sociedade, cultura, economia e política deveriam estar a serviço de causas ideológicas.

Uma das principais políticas desde o início foi a reforma agrária, que envolveu a redistribuição de terras confiscadas dos maiores latifundiários. Também aconteceram reformas sociais como a nova lei do casamento, o que deu mais direitos para as mulheres. Também foram realizados planos para acabar com a prostituição e com a dependência do ópio.

Mao liderou a Revolução Cultural, que fez a China tornar-se num país comunista. A execução sistemática de inimigos foi uma das consequências da "limpeza" pela qual a China passou naquele período.

Apenas cinco anos depois de subir ao poder, quando sentiu que o fervor revolucionário na China, estava a diminuir, Mao proclamou a Revolução Cultural. Gangues de Guardas Vermelhos - homens e mulheres jovens entre os 14 e os 21 anos, percorriam as cidades perseguindo os inimigos do Estado, especialmente os professores.

Nos professores eram colocados chapéus de burro e tinham os seus rostos manchados com tinta. Eram forçados a gatinhar e a ladrar como cães. Alguns foram espancados até à morte.

Mao manteve a expansão do laogai, um sistema de mil campos de trabalhos forçados em toda a China. 20 milhões de pessoas terão morrido em resultado das condições de vida primitivas e dias de trabalho de 14 horas.
Imagem de um dos campos de trabalhos forçados

A mando de Mao Tsé-Tung, terão morrido mais de 77 milhões de pessoas - através de execuções, assassinatos e políticas económicas desastradas que mataram à fome parte da população.
Imagem da Grande Fome Chinesa, que aconteceu entre 1958 e 1961

Holodomor

Imagens do Holodomor

Também conhecido como "Holocausto Ucraniano". A palavra "Holodomor" é de origem ucraniana que significa "deixar morrer à fome".

Este genocídio foi causado por Josef Stalin, no comando da União Soviética, que devastou principalmente o território da República Socialista Soviética da Ucrânia, durante 1931 e 1933.
Josef Stalin

A atrocidade de Holodomor remonta às políticas económicas que Stalin passou a empregar assim que assumiu o poder, em 1928. Uma das medidas consistia em controlar a produção de cereais dos países da União Soviética por meio da "requisição compulsória", ou seja, era uma lei que obrigava os camponeses a fornecerem grande parte da sua produção para o Estado a baixos custos.

Nos anos seguintes, seguiu-se a política de coletivização forçada das propriedades agrícolas, cuja administração passou a ser completamente racionalizada pelo Estado soviético.

A Ucrânia foi o país da URSS que mais demonstrou resistência a tais medidas. A autonomia cultural ucraniana e a sua forte identidade nacional tornavam-se intolerável  aos objetivos dos soviéticos russos.

A recusa dos camponeses ucranianos de respeitar as medidas de coletivização forçada e requisição compulsória de cereais obrigou Stalin a impingir medidas ainda mais drásticas do que aquelas que foram executadas noutras regiões.

Stalin passou a fazer uma campanha antiucraniana com o objetivo de demonstrar o quão "nociva" era a postura desse país em relação aos objetivos comunistas.

Inicialmente, deu-se início a uma sistemática humilhação de intelectuais ucranianos, que foram submetidos a julgamentos e ridicularizações diversas.

A partir de 1929, deu-se início a uma ferrenha estipulação de metas de produção de cereais, destinados ao poder central soviético, que passaram a ser exigidas dos camponeses da Ucrânia.

A rigidez era tão grande que esses camponeses só conseguiram atender à procura se deixassem de consumir a sua parte do que era produzido, isto é, só se passassem fome, de facto. Tudo passou a ser propriedade do governo.

Muitas pessoas foram presas e condenadas a trabalhos forçados simplesmente por comerem batatas ou colherem espigas de milho para consumo.

Progressivamente, a morte foi se acentuando na Ucrânia. Entre 1931 e 1933, o número de mortos era tão grande que os cadáveres se espalharam pelas ruas e pelos campos.

Estima-se que o número de mortos nesses três anos tenha sido de cinco milhões. No entanto, se tivermos em conta os efeitos prolongados dessa política económica perversa e os ucranianos que foram levados para trabalhos forçados e morreram, esse número pode ser superior a 14 milhões.

Genocídio de Genghis Khan

Genghis Khan

Genghis Khan, nascido Temujin (1162-1227) nasceu na Mongólia e supõe-se que seja descendente de um líder mongol conhecido como Kabul Khan.

Na época do nascimento Genghis os mongóis estavam divididos em diversas tribos e clãs, cada uma governada por um clã ou "Senhor" que se impunha mais pela força do que pela ascendência nobre.

O seu pai terá sido morto por envenenamento por uma tribo rival quando ele tinha apenas nove anos. Então herdou a liderança de uma tribo pequena e vulnerável. Mesmo muito novo, soube usar a estratégia e procurou aliar-se a outros clãs, foi então que conheceu a sua mulher, Borte.

Os merkits, antigos inimigos do seu pai, invadiram e roubaram a sua tribo e raptaram a sua mulher. O líder mongol convocou os aliados e preparou a vingança. Massacrou a tribo Merkit e esta desapareceu por completo do mapa, recuperou a sua mulher e ganhou o respeito dos mongóis.

Genghis abandonou as tradições hierárquicas e adotou a meritocracia na distribuição de cargos, ou seja, era promovido quem ele achava merecedor, independentemente das origens da pessoa.

Em 1204, o desrespeito à tradição levou Genghis a enfrentar no campo de batalha um amigo de infância, Jamuka. Jamuka saiu derrotado e foi executado. Com o caminho livre, adotou o seu título "Genghis Khan" que significa "Senhor do Universo".

Então invadiu a China, o império mais poderoso da altura. Conforme avançava rumo à capital, Chongdu, deixava um rasto de chacina e violações. A cidade encontrava-se protegida por muralhas, mas não estava totalmente protegida. Os mongóis então intercetaram a entrada de alimentos, levando à morte de milhares de pessoas de fome. Depois usaram civis como escudos humanos. Quando finalmente invadiram a cidade, atearam fogo, roubaram e destruíram tudo e todos num mês.

Inicialmente Gengis queria conquistar o mundo pelo comércio e não pela guerra. Enviou embaixadores ao império Corásmio, potência da Ásia Central, mas os corásmios não queriam negociações e enviaram de volta a cabeça de um dos representantes, em 1218.

Então Genghis cavalgou com 200 mil homens para enfrentar o império Corásmio. Foi tanta confusão, tanto sangue, que para evitar que os vivos se escondessem nas pilhas de mortos, os mongóis decapitavam o corpo e fincavam a cabeça em estacas. No final o império Corásmio acabou incorporado no mongol.

Voltou à China, onde queria conquistar novos reinos. Nessa viagem, em 1227, Genghis faleceu, possivelmente de queda de cavalo, malária ou uma flecha no joelho.
Império Mongol

Foi sucedido pelo seu filho Ogodei que chegou à Europa e conquistou regiões onde é hoje a Rússia, Polónia, Hungria e Ucrânia.

MZ

A(s) imagem(ns) podem ser encontradas em vários sites da Internet, o texto é baseado em várias pesquisas feitas por mim.

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Os Maiores Genocídios da História - Parte 2

Este tema será dividido em quatro posts.

O genocídio é o assassinato de várias pessoas, geralmente motivados por diferenças étnicas, nacionais, religiosas ou sociopolíticas. O objetivo do genocídio é exterminar todos os indivíduos de determinado grupo.

Genocídio Arménio

Imagens do Genocídio Arménio

O Genocídio Arménio é também conhecido como Holocausto Arménio, Massacre Arménio ou Medz Yeghern.

Foi o extermínio de arménios pelo governo otomano, no território em que hoje é a República da Turquia.

Aconteceu durante e após a Primeira Guerra Mundial e executado em duas fases - o assassinato da população masculina sã através de massacres e sujeição de recrutas do exército para trabalho forçado, seguida pela deportação de mulheres, crianças, idosos e doentes em marchas da morto que levavam ao deserto sírio.
Marcha da morte

Os deportados eram privados de comida, água e submetidos a roubos, violações e massacres periódicos.

Também grupos étnicos nativos e cristãos, como os assírios e gregos otomanos, foram perseguidos pelo governo otomano.

O genocídio ocorreu entre 1915 a 1923, totalizando cerca de um milhão e meio de arménios mortos por ordem do governo.

Os principais responsáveis pelo planeamento do genocídio foram os membros do Comité União e Progresso, partido político nacionalista que aglutinava os chamados "Jovens Turcos. Entre os nome mais influentes estão os dois ministros de Estado - Mehmet Talaat Paxá e Ismail Enver Paxá.
Ministros de Estado - Mehmet Talaat Paxá (esquerda) e Ismail Enver Paxá (direita)

Até hoje o governo turco não aceita a alegação que o país antecessor da República da Turquia, o Império Otomano tenha cometido o genocídio contra o povo arménio. Além de argumentar com base em factos históricos distorcidos e dados alterados, o Estado turco toma medidas autoritárias para evitar que dissidentes apoiem as reivindicações arménias, como a aplicação do artigo 301 do Código Penal que pune com prisão aqueles que ofenderem os valores da nação turca.

Hoje, a principal luta de milhões de arménios e não arménios é o reconhecimento mundial das atrocidades cometidas pelos Jovens Turcos durante a Primeira Guerra Mundial como um genocídio. Até hoje, mais de 20 países reconhecem a existência do genocídio arménio.

Genocídio do Ruanda

Imagens do Genocídio do Ruanda

Foi levado a cabo por extremistas hutus contra tutsis e hutus moderados, no Ruanda, entre 7 de abril e 4 de julho de 1994.

Em abril de 1994, o presidente do Ruanda Juvénal Habyarimana foi morto num atentado contra o avião em que viajava. No dia seguinte começou o genocídio.
Presidente do Ruanda, Juvénal Habyarimana

Sem provas, as lideranças hutus (hutu é o grupo étnico maioritário no país) acusaram os tutsis ((tutsi é um grupo étnico minoritário no país) pelo assassinato do presidente e incentivaram a população a iniciar a matança.

Horas depois, as milícias hutus avançaram sobre as vilas e cidades por todo o país, matando tudo o que viam pela frente. Foram instalados postos de controlo nas ruas, as pessoas tutsi eram identificadas e executadas.

Este massacre causou uma deslocação em massa da população para os campos de refugiados situados nas áreas de fronteira, em especial com o Zaire (atual República Democrática do Congo) e Uganda.

Mais de 500 mil pessoas foram massacradas entre 7 de abril e 15 de julho de 1994. Praticamente todas as mulheres foram violadas. Muitas das cinco mil crianças nascidas dessas violações foram assassinadas.

Durante o massacre muitos hutus ajudaram os tutsis a escapar. Um caso notório foi o do gerente do Hotel Mille Collines, em Kigali, que foi responsável pelo salvamento de 1268 tutsis e hutus, abrigando-os no hotel. Paul Rusesabagina ficou mundialmente conhecido ao ser retratado no filme "Hotel Ruanda".
Paul Rusesabagina, gerente do hotel Mille Collines

Filme "Hotel Ruanda"

O genocídio terminou quando a Frente Patriótica Ruandesa derrotou o governo e se instalou definitivamente no poder.

A 8 de novembro de 1994, através da resolução 955 do Conselho de Segurança da ONU, foi criado o Tribunal Penal Internacional para Ruanda para julgar os responsáveis pelo genocídio.

O primeiro-ministro do governo interino ruandês, Jean Kambanda foi julgado, considerado culpado e condenado pelo genocídio. 75% dos membros do governo interino foram presos.

Em agosto de 1995, as tropas do Zaire tentaram forçar o retorno desses refugiados para o Ruanda. 14 mil pessoas foram reencaminhadas para o Ruanda, enquanto outras 150 mil refugiaram-se nas montanhas.
Refugiados do Ruanda 

Até hoje, o massacre deixa um profundo legado no Ruanda. O país contínua a enfrentar problemas étnicos e religiosos, ao mesmo tempo que sofre com dificuldades económicas e de corrupção, criando uma extrema pobreza entre a população.

Genocídio pelo Mongol Tamerlão

Tamerlão

Tamerlão (1336-1405) foi o último dos grandes conquistadores nómadas da Ásia Central de origem turco-mongol.

Em adulto, foi nomeado ministro de Transoxiana. Ganancioso, juntou-se ao cunhado Amir Husayn, e derrubou o governador, que estava acima dele na hierarquia. Anos depois do golpe, em 1370, atacou a cidade que Husayn comandava e ordenou a morte do seu antigo aliado.

Depois da conquista da cidade chefiada por Husayn, chamada Balkh e localizada no Afeganistão, Tamerlão tornou-se um conquistador e apropriou-se de diversas cidades próximas.

Então passou a desejar fronteiras mais distantes. Em 1383, invadiu a Pérsia (atual Irão). Durante a década seguinte, enquanto estava longe dominando regiões da Rússia e arredores, os persas iniciaram revoltas contra o Império Timúrida. Tamerlão voltou enfurecido e dizimou cidades, assassinou populações inteiras e construiu torres com os crânios das vítimas.

Em 1391, invadiu a Índia, então comandada por muçulmanos. Por onde passava, o exército invasor dizimava cidades e massacrava inocentes. Depois de destruir Déli, a capital, Tamerlão roubou dezenas de elefantes.

Os elefantes fizeram um longo caminho de volta a Samarkand, a capital do império, carregando pedras gigantes para construir uma mesquita em homenagem ao conquistador.

A partir de 1401, voltou-se para o atual Oriente Médio. Destruiu Aleppo e Damasco e dominou Bagdad, no Iraque, matou milhares de pessoas e demoliu monumentos e mesquitas.

Tamerlão variava nas crueldades, podia decapitar, crucificar, podia enterrar as pessoas com cimento ainda vivas ou pisar com cavalos. Quem não era submetido a estas torturas que certamente levariam à morte, eram tornados escravos.

A conquista seguinte foi o Império Otomano. Na cidade de Sivas, Tamerlão pediu que a população se entregasse e prometeu que não mataria ninguém. E de facto não matou, depois que se renderam foram enterrados vivos.

Parte 1: 
https://imagenschistoria.blogspot.com/2018/08/os-maiores-genocidios-da-historia-parte.html?fbclid=IwAR1IHhURVbJN92lPTVs9SUAG4XYtLJBSKbiVIPXDTS0PPItCXLs5aU7XTo0

MZ

A(s) imagem(ns) podem ser encontradas em vários sites da Internet, o texto é baseado em várias pesquisas feitas por mim.

sábado, 24 de abril de 2021

Os Maiores Genocídios da História - Parte 1

Este tema será dividido em quatro posts.

O genocídio é o assassinato de várias pessoas, geralmente motivados por diferenças étnicas, nacionais, religiosas ou sociopolíticas. O objetivo do genocídio é exterminar todos os indivíduos de determinado grupo.

Massacre de Nanquim

Imagens do Massacre de Nanquim

A 13 de dezembro de 1937, o exército chinês rendeu-se ao exército imperial japonês, que tinha invadido o país oito dias antes.

A rendição aconteceu em Nanquim, então a capital da China e deu-se um enorme massacre, também conhecido como "Violação de Nanquim".

O general japonês Asaka Yasuhiko ordenou a execução de todos os prisioneiros de guerra. Separaram civis, militares, homens e mulheres.
General Asaka Yasuhiko

Os militares prisioneiros foram mortos depois de torturados. Os oficiais foram enforcados, os soldados fuzilados e todos atirados para uma pedreira que se transformou numa cova coletiva.

Massacraram os civis na rua, alguns refugiaram-se em templos, mas foram apanhados mesmo assim.

Os japoneses penduravam as cabeças para não perderem a conta e atiravam corpos aos cães. Não se poupavam mulheres, crianças ou idosos.

O horror piorou com o comando do general Iwane Matsui. A decapitação tornou-se um desporto, via-se quem era mais rápido e mais preciso no corte. Contavam quem matava mais bebés e arrancava mais fetos da barriga das mães.
Iwane Matsui

As mulheres chinesas eram muitas vezes violadas até à morte. As que os soldados consideravam mais bonitas eram poupadas e enviadas para cerca de dois mil bordéis de escravas sexuais mantidos pelo exército imperial para diversão dos seus soldados. Eram chamadas pelos japoneses de "mulheres de conforto".

Este espetáculo dantesco durou seis semanas, no final 300 mil chineses tinham sido mortos e 100 mil chinesas violadas.

Em dois meses, poucos restaram de pé. Os japoneses ainda espancaram, afogaram, queimaram e fuzilaram os cidadãos. Enterraram crianças vivas.

Os japoneses nunca reconheceram o massacre de Nanquim e nos seus livros esta parte da história é ignorada ou contada como se nada demais tivesse acontecido.

Holocausto

Imagens do Holocausto

Foi o assassinato em massa de cerca de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial, no maior genocídio do séc. XX, através de um programa sistemático de extermínio étnico patrocinado pelo Estado Nazi, liderado por Adolf Hitler.
Adolf Hitler

Este genocídio aconteceu em todo o Terceiro Reich e nos territórios ocupados pelas alemães durante a guerra.

Dos nove milhões de judeus que viviam na Europa antes do Holocausto, cerca de dois terços foram mortos - mais de um milhão de crianças, dois milhões de mulheres e três milhões de homens judeus foram mortos.

Mas é um erro pensarmos que só os judeus foram mortos pela ira Nazi, os ciganos, polacos, comunistas, homossexuais, prisioneiros de guerra soviéticos, Testemunhas de Jeová e deficientes físicos e mentais também foram perseguidos e mortos.

Uma rede de mais de 40 mil instalações na Alemanha e nos territórios ocupados pelos nazis foi utilizada para concentrar, manter, explorar e matar.

A perseguição e o genocídio foram realizados em etapas. Várias leis para excluir os judeus da sociedade civil foram decretadas na Alemanha antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial.

Depois foram criados os Campos de Concentração e os presos foram enviados para lá e foram submetidos a trabalho escravo até morrerem de exaustão ou por doença.

Confinaram judeus e ciganos em guetos superlotados, até serem transportados, através de vagões de carga, para os campos de extermínio, onde, se sobrevivessem à viagem, a maioria era sistematicamente morta nas câmaras de gás.
Câmara de gás do Campo de extermínio de Auschwitz

As consequências do Holocausto judeu tiveram um efeito profundo sobre a sociedade, tanto na Europa como no resto do mundo. O seu impacto pode ser sentido em discussões teológicas, atividades artísticas e culturais e decisões políticas.

O Holocausto é também tema de muitos filmes, incluindo os vencedores do prémio Oscar - "A Lista de Schindler", "O Pianista" e "A Vida é Bela".

Com o envelhecimento da população de sobreviventes do Holocausto, tem havido uma crescente atenção nos últimos anos para preservar a memória do genocídio. O resultado inclui grandes esforços para documentar as suas histórias, com o projeto "Survivors of the Shoah" e o documentário "Four Seasons", bem como instituições dedicadas à memória e ao estudo do Holocausto.

Em 2007, entrou em vigor uma lei sancionada pela União Europeia que pune com prisão quem negar o Holocausto.

A Organização das Nações Unidas homenageia as vítimas do Holocausto desde 2005, ao tornar o dia 27 de janeiro no Dia Internacional da Lembrança do Holocausto, por ser o dia em que os prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz foram libertados.

Genocídio Cambodja

Na imagem pode-se ver os restos morais de algumas vítimas do Khmer Vermelh num memorial no noroeste do Cambodja - Fotografia de 1995

Este assassinato em massa aconteceu no Cambodja, em nome do regime do Khmer Vermelho, liderado por Pol Pot, entre 1975 e 1979.
Pol Pot

Com a instituição do governo comunista de Pol Pot, foi imposta uma utopia agrária que promoveu o despovoamento das cidades do país e obrigou a população a instalar-se em fazendas coletivas, onde devia trabalhar durante quase todo o dia.

Este governo também promoveu o isolamento total do Cambodja, com as fronteiras e embaixadas estrangeiras fechadas. Todos que soubessem falar algum idioma estrangeiro eram presos e poderiam ser mortos.

Pessoas que demonstrassem características de ocidentalização também eram presas, professores e estudantes universitários também era perseguidos.

Membros do governo que manifestassem discordância quanto às decisões tomadas por Pol Pot ou membros do partido que mantivessem contacto com o Partido Comunista Vietnamita eram presos.

No começo dos anos 1970, cerca de 900 membros do partido que possuíam laços com comunistas vietnamitas foram presos.

As minorias étnicas existentes no Cambodja fora alvo da repressão. Nesta altura, cerca de 15% da população pertencia a alguma minoria étnica, formada por vietnamitas, chineses e pelos cham.

O governo realizou a expulsão de mais de 100 mil vietnamitas do país e promoveu o que foi caracterizado com um sistemático genocídio racial - de 10 mil a 20 mil vietnamitas foram mortos, o que correspondia praticamente à totalidade das pessoas dessa etnia que tinham ficado no país.

Os chineses também foram perseguidos. Identificados como o estereótipo dos trabalhados urbanos pelo Khmer Vermelho, os chineses foram sujeitos a condições piores que o restante da população. Estima-se que mais de 200 mil chineses tenham morrido em consequência das péssimas condições  a que foram sujeitos.

Os cham, outra etnia, foram proibidos de utilizar os seus trajes tradicionais, falar o seu próprio dialeto e praticar a sua religião, que é o islamismo. Milícias atacavam sistematicamente aldeias habitadas pelos cham e promoveram a destruição de cerca de cem delas. Aproximadamente, cerca de 100 mil cham morreram.

Os budistas também não escaparam à perseguição, os mosteiros budistas foram fechados pelo governo, os seus monges foram presos e milhares foram mortos. A perseguição ao budismo fez com que, em 1977, já não existisse nenhum mosteiro em funcionamento no país. Outras religiões minoritárias também sofreram repressão.

A tirania imposta por Pol Pot encerrou em janeiro de 1979, quando o governo foi derrubado após o país ser invadido pelo exército vietnamita. Com o fim deste governo, foi possível precisar as consequências do mesmo no país. Estimativas apontam que 1,5 milhões de pessoas morreram.

MZ

A(s) imagem(ns) podem ser encontradas em vários sites da Internet, o texto é baseado em várias pesquisas feitas por mim.

quinta-feira, 22 de abril de 2021

Yonge Street, no Canadá - A Maior Rua do Mundo

Yonge Street, no Canadá

A Yonge Street é uma rua localizada em Toronto, no Canadá. É também conhecida como Highway 11.

É considerada por muitos como a rua mais longa do mundo, com os seus 1896 quilómetros, embora alguns argumentem que a rua possui "quebras" ao longo da sua estrada.

É uma das vias públicas mais movimentadas de Toronto, com congestionamentos até ao fim-de-semana.

A rua é tão movimentada que na maior parte dos seus cruzamentos é proibido virar à esquerda.

Na sua maior parte é uma rua comercial, onde existem numerosas atrações turísticas, como o Eaton Centre, o Dundas Square, o Hockey Hall of Fame e a sede do Toronto Star.

MZ

A(s) imagem(ns) podem ser encontradas em vários sites da Internet, o texto é baseado em várias pesquisas feitas por mim.

quarta-feira, 21 de abril de 2021

De Eleições da Libéria a um Recorde

 

Charles DB King
Fonte: Alchetron

As eleições gerais da Libéria de 1927 foram realizadas a 3 de maio de 1927, com o objetivo de eleger o Presidente da República para o período de 1927-1931 e os membros de ambas as casas do Legislativo Liberiano.

O resultado foi a vitória de Charles DB King, do Partido True Whig que foi reeleito para um terceiro mandato.

Estas eleições são tidas como "as mais fraudulentas de todos os tempor" por Francis Johnson-Moris, um chefe moderno da Comissão Nacional de Eleições do país, e também foram incluídas no Guiness Book of Records como a eleição  fraudulenta já registada na história.

Apesar de haver menos de 15 mil eleitores registados no país, King teve cerca de 243 mil votos, contra 9 mil do seu adversário, Thomas J. Faulkner, do Partido Popular.

Após a eleição, Faulkner acusou os membros do governo do Partido True Whig de terem escravos domésticos e de venderem escravos para a então colónia espanhola de Fernando Pó, além de envolver o Exército no processo.



Fonte: Wikipédia


MZ

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domingo, 18 de abril de 2021

Evdokiya Lopukhina - A Czararina Consorte Trancada num Mosteiro

Ex-Czarina Evdokiya Lopukhina
Fonte: Wikipédia

Evdokiya nasceu em Moscovo, a 9 de agosto de 1669.

Foi a primeira mulher do Czar Pedro I e Czarina Consorte da Rússia de 1689 até ao seu divórcio em 1698.

No passado, era comum que os herdeiros das várias coroas se casassem entre si para criarem alianças políticas. Desta forma, era ainda mais comum que os prometidos sentissem uma certa aversão pelos seus parceiros. Muitos deles tinham amantes, outros apenas relacionavam-se com os seus maridos/mulheres para gerar herdeiros.

Pedro I, o Grande, no entanto, tomou medidas drásticas após se casar com Evdokiya.

Czar da Rússia entre 1682 e 1721, o jovem foi prometido em casamento aos 16 anos, por escolha da sua mãe. O seu destino estava traçado ao lado de Evdokiya Lopukhina, uma jovem russa três anos mais velha do que ele.

Casaram-se em fevereiro de 1689. No ano seguinte ao casamento, tiveram o seu primeiro filho: Alexey Petrovich. Depois veio Alexandre, que morreu com apenas sete meses.

Mesmo tendo tido um filho varão, o casamento não corria bem e ambos estavam insatisfeitos. Pedro I via a sua mulher como alguém antiquada, que não compartilhava o seu gosto pela cultura ocidental. Ela, de facto, apresentava alguma aversão ao estrangeiro.

O casamento chegou ao seu pior momento quando o Czar descobriu que o pai da sua mulher, Teodoro Lopukhina, conspirava contra o Estado, em 1698. Então, não pensou duas vezes e mandou a sua mulher para um mosteiro em Suzdal, uma cidade russa a 320 km de Moscovo.

O casal então separado, Evdokiya já não era a Czarina Consorte. Ainda assim, ela acabou por levar uma vida secular no mosteiro, relembrando as suas raízes religiosas.

Esta vida religiosa foi alterada quando esta conheceu Stepan Glebov, um major enviado a Suzdal para conduzir um recrutamento do exército, em 1709. Os dois começaram a encontrar-se e mantiveram um relacionamento durante nove anos.

Esta história de amor terminou quando o Czar Pedro I descobriu que algumas freiras do mosteiro estavam a ter relações com soldados, em 1718. Stepan foi preso e torturado, e acabou por confessar ter um caso com Evdokiya.

No seu testemunho forçado, o major insistiu que tomara todas as iniciativas, na tentativa de proteger Evdokiya, e recebeu a pena de morte. Como um último ato de crueldade, Pedro ordenou que a sua primeira mulher assistisse à execução do seu amante.

Então Evdokiya foi levada ao local onde Stepan foi morto (alguns dizem que fora por empalhamento) e teve que testemunhar cada segundo da sua sentença enquanto este sofria.

Evdokiya faleceu a 7 de setembro de 1731, em Moscovo. 

MZ

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