segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Florbela Espanca

Florbela Espanca
Foi batizada como Flor Bela Lobo, mas optou por se autonomear Florbela d'Alma da Conceição Espanca.

Nasceu em Vila Viçosa, no Alentejo a 8 de dezembro de 1894.

Filha de Antónia da Conceição Lobo e do republicano João Maria Espanca. O seu pai era casado com Mariana do Carmo Toscano, que era estéril. Com a autorização da mulher, João teve um relacionamento com a camponesa Antónia e assim nasceu Florbela e, três anos depois, Apeles, ambos registados como filhos de Antónia e pai incógnito.
Florbela Espanca (direita) com o pai, João (centro) e o irmão Apeles (esquerda)
Florbela foi criada na casa do seu pai e, apesar de Mariana ter passado a ser madrinha de batismo das duas crianças, João só reconheceu Florbela como sua filha no cartório 18 anos após a morte desta.
Florbela Espanca com três anos de idade
Entre 1899 e 1908, Florbela frequentou a escola primária de Vila Viçosa, foi quando passou a assinar os seus textos Flor d'Alma da Conceição.

As suas primeiras composições poéticas datam de 1903-1904. Em 1907, escreve o seu primeiro conto: "Mamã!". No ano seguinte, faleceu a sua mãe, com apenas 29 anos.

Florbela entrou no Liceu Masculino André de Gouveia, em Évora, onde permaneceu até 1912. Foi das primeiras mulheres, em Portugal, a frequentar o curso secundário. Durante os seus estudos no liceu, requisitou diversos livros na Biblioteca Pública de Évora, aproveitando para ler obras de Balzac, Dumas, Camilo Castelo Branco, Guerra Junqueiro, Garrett, etc.

Em 1913, Florbela casa-se em Évora com Alberto de Jesus Silva Moutinho, um colega seu de escola. O casal começou por morar em Redondo e mais tarde voltaram a viver em casa do pai de Florbela, em 1915, devido a dificuldades financeiras.
Florbela Espanca e Alberto de Jesus Silva Moutinho
Em 1916, Florbela reuniu uma seleção da sua produção poética desde 1915, inaugurando assim o projeto Trocando Olhares. Na época, as primeiras tentativas de promover as suas poesias falharam.

Florbela foi jornalista em Modas & Bordados, um suplemento de O Século, de Lisboa, em Notícias de Évora e em A Voz Pública.

Em 1917, completou o 11.º ano do Curso Complementar de Letras e matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Foi uma das 14 mulheres entre 347 alunos inscritos.

Um ano mais tarde, Florbela sofreu as consequências de um aborto espontâneo, que lhe teria infetado os ovários e os pulmões. Acabou por repousar em Quelfes, em Olhão, onde apresentou os primeiros sinais sérios de neurose.

Em 1919 saiu a sua primeira obra, Livro de Mágoas, um livro de sonetos, esgotou rapidamente. Um ano mais tarde, sendo ainda casada, Florbela passou a viver com António José Marques Guimarães, alferes de Artilharia da Guarda Republicana.
António José Marques Guimarães
Por volta de 1920 interrompe os estudos na Faculdade de Direito. A 29 de junho de 1921 pôde finalmente casar-se com António Guimarães. O casal passou, então, a residir no Porto, mas, no ano seguinte, mudaram-se para Lisboa, onde António se tornou chefe de gabinete do Ministro do Exército.

Em janeiro de 1923 saiu a sua segunda coletânea de sonetos, Livro de Sóror Saudade, edição paga pelo pai de Florbela. Para sobreviver, Florbela passou a dar aulas particulares de português.
Manuscrito do poema "O Nosso Mundo" de Florbela Espanca, in. "Sóror Saudade"
Em 1925, divorciou-se pela segunda vez, algo que a abalou muito. No mesmo ano, Florbela casa-se com o médico Mário Pereira Lage, que conhecia desde 1921 e com quem vivia desde 1924. O casamento deu-se em Matosinhos, no Porto, onde o casal passou a morar a partir de 1926.
Mário Pereira Lage
Em 1927, o seu irmão, Apeles, morre num acidente de avião. A morte do irmão afetou drasticamente Florbela. Em homenagem ao irmão, escreveu o conjunto de contos de As Máscaras do Destino, volume publicado postumamente em 1931.

Entretanto, a sua doença mental agravou-se. Em 1928, tentou pela primeira vez o suicídio.

Em 1930, Florbela começou a escrever o seu Diário do Último Ano, publicado apenas em 1981.
"Diário do Último Ano" de Florbela Espanca
Florbela tentou o suicídio mais duas vezes, em outubro e novembro de 1930, na véspera da publicação da sua obra-prima, Charneca em Flor.

Após o diagnóstico de um edema pulmonar, Florbela perdeu definitivamente a vontade de viver. Não resistiu à terceira tentativa de suicídio. Faleceu em Matosinhos, no dia do seu aniversário, 8 de dezembro de 1930, aos 36 anos de idade. A causa da morte foi uma overdose de barbitúricos.

Florbela terá deixado uma carta confidencial com os seus últimos desejos, entre eles, o pedido de colocar no seu caixão os restos do avião pilotado pelo seu irmão, quando este sofreu o acidente.

O seu corpo de Florbela encontra-se no cemitério de Vila Viçosa, desde 17 de maio de 1964.

A banda portuguesa, Trovante musicou o soneto Ser Poeta, incluindo no volume Charneca em Flor. A canção intitulada Perdidamente, com música de João Gil, tornou-se numa das músicas mais populares da banda.

O cantor e compositor brasileiro Fagner interpretou o poema Fanatismo, da coletãnea Soror Saudade.

Também a fadista Mariza interpretou os poemas Caravelas e Amores Vãos, de Florbela Espanca.

MZ

A(s) imagem(ns) podem ser encontradas em vários sites da Internet, o texto é baseado em várias pesquisas feitas por mim.

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