sábado, 2 de setembro de 2017

D. Maria Francisca Isabel, Rainha de Portugal

D. Maria Francisca, Rainha de Portugal
Maria Francisca Isabel de Sabóia, nasceu em Paris, na França, a 21 de junho de 1646.

Era filha do 4.º Duque de Aumale e Duque de Nemours, Carlos Amadeu de Sabóia e de Isabel de Bourbon.
Pai de D. Maria Francisca: Carlos Amadeu de Sabóia
O Conde de Castelo Melhor procurava uma noiva francesa porque queria uma aliança com D. Luís XIV. Primeiro pretendeu casar o Rei D. Afonso VI de Portugal com a Grande Mademoiselle, e Luís XIV favorecia essa ideia, mas foi a noiva que resistiu tenazmente por causa dos seus amores pelo Duque de Lauzun.

Foi então que o Duque de Guise lembrou o Marquês de Sande, ministro português em Paris, a Mademoiselle de Nemours e de Aumale, pertencente a uma casa soberana, parente de D. Luís XIV, gentil e inteligente, que devia ter um valioso dote.

A única dificuldade que se colocou, foi a que proveio dos escrúpulos da Duquesa de Nemous, que prometera a mão da sua filha a Carlos de Lorena, e não queria faltar a essa promessa. Morrendo, porém, a Duquesa, cessou esse obstáculo, e o casamento definiu-se me 1655.

A 24 de fevereiro de 1666 assinaram-se as escrituras pelas quais a nova Rainha trazia um dote de um milhão e oitocentas mil libras tornezas, devendo usufruir em Portugal a herança da sua sogra, a Rainha D. Luísa de Gusmão, que valia 100 mil cruzados, e mencionando-se que, se sobrevivesse ao Rei sem ter filhos, poderia sair de Portugal, levando o dote e mais 500 mil libras esterlinas e tendo filhos, só poderia levar, a terça parte do dote e a terça parte das 500 mil libras.

Assinado este contrato, D. Maria Francisca saiu de Paris com a sua mãe, a 29 de maio de 1666, acompanhadas do Marquês de Sande e de uma numerosa comitiva, dirigindo-se a La Rochell, onde casou a 27 de junho por procuração, representando D. Afonso VI o Marquês de Sande.
D. Afonso VI, Rei de Portugal
A 4 de julho embarcou a bordo de uma esquadra francesa, composta por dez navios. A Rainha chegou ao sitio da Junqueira a 9 de agosto de 1666, indo recebê-la a bordo o Conde da Castelo Melhor com a sua mãe, que fora nomeada Camareira-mor e dirigiu-se para o paço de Alcântara, onde a esperava o Rei D. Afonso VI, o seu irmão, D. Pedro e toda a Corte. O monarca mostrou-se muito impressionado com a formosura da noiva.

O casamento foi ratificado na igreja do convento das Flamengas, celebrado pelo Bispo de Tara e Capelão-mor da Casa Real. 

A 19 de agosto, veio para Lisboa a jovem Rainha em direção à Sé Catedral, onde se devia realizar um solene Te Deum. D. Afonso VI, acompanhado de sua esposa e do Infante D. Pedro, saiu do Palácio de Alcântara com uma grande comitiva. Davam início ao cortejo os dois procuradores do senado, seguidos dos ministros em que este tinha jurisdição, todos ricamente vestidos, seguiam-se seis porteiros do Rei com as maças aos ombros e logo os Reis de armas,  depois os corregedores do crime da Corte. Os fidalgos, com vestuários de gala montavam em belos cavalos ricamente adornados, acompanhando o cortejo.

As ruas estavam vistosamente adornadas e de espaço a espaço se encontravam graciosas danças. A distâncias proporcionadas viam-se 16 arcos cobertos de ouro, prata e pedras preciosas, com figuras, emblemas e inscrições. 

Os Reis entraram na igreja da Sé, ricamente decorada, e terminado o Te-Deum dirigiram-se para o paço da Ribeira.

A Rainha, que fascinara o seu marido, logo quinze dias depois da sua chegada quis ter entrada no conselho de Estado, e obteve-a, quis que o General Schomberg, seu parente, comandasse em chefe, lugar que ele nunca pudera alcançar pela oposição dos generais portugueses, e Schomberg foi nomeado governador das armas do Alentejo.

Estas vitórias alcançou a rainha lutando sempre com a resistência do Conde de Castelo Melhor. Luta igual sustentava havia muito tempo o dedicado ministro de D. Afonso VI com o Infante D. Pedro, irmão do Rei, e daí resultou uma aproximação natural entre o infante e sua cunhada para combaterem o inimigo comum. 

Desta aproximação política resultou rapidamente um amor adúltero, que, segundo se diz, teve começo em Santarém durante umas caçadas. D. Pedro era então um rapaz simpático, enquanto que D. Afonso não passava dum homem indolente e incapaz de inspirar amor. Os dois cúmplices, começaram a empenhar todos os seus esforços para tirar o poder ao Conde de Castelo Melhor, que era o ministro omnipotente. Este, hábil e cortesão, nunca deu à rainha o mais leve motivo para se queixar dele. Contrariava-lhe os planos, mas mostrava-lhe sempre o mais profundo respeito.

D. Afonso VI acabou por ser deposto pelo seu irmão D. Pedro, e passou a vida em cativeiro, primeiro na Ilha Terceira, nos Açores e depois em Sintra, onde veio a falecer a 12 de setembro de 1683.

D. Maria Francisca acabou por casar com o cunhado, D. Pedro, após uma bula papal que autorizava, a 2 de abril de 1668
D. Pedro II, Rei de Portugal
Tiveram uma filha, a Infanta Isabel Luísa Josefa de Bragança (1969).
Infanta Isabel Luísa Josefa de Bragança
De 1668 a 1683 enquanto casada com o Rei D. Pedro II, usou o Título de Princesa, mas era conhecida como Rainha-princesa. Voltou a ser Rainha de facto após a morte de D. Afonso VI, em 1983. D. Maria Francisca viria a morrer três meses e meio depois a 27 de dezembro de 1683.

O casamento de D. Maria Francisca e D. Pedro não foi feliz. A Rainha fundou em 1667 o convento do Santo Crucifixo ou das Francesinhas, e enriqueceu muitas igrejas.

Em 1683 adoeceu gravemente com hidropisia, indo para o Palácio do Conde de Sarzedas em Palhavã, para mudar de ares, melhorou um pouco, mas depois voltou a piorar.

Foi sepultada no convento das Francesinhas, que fundara, tendo em 1912 os seus restos mortais sido transladados para o Panteão Real da Dinastia de Bragança, na Igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa.


MZ

A(s) imagem(ns) podem ser encontradas em vários sites da Internet, o texto é baseado em várias pesquisas feitas por mim.

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