quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Arte Shunga


No Ocidente, o sexo foi durante séculos um tabu e quem se atravesse a representá-lo arriscava-se  uma feroz censura. Na mesma altura, no Japão produziam-se pinturas, xilogravuras e livros onde o sexo explícito era o tema principal.

A arte Shunga desenvolveu-se e atingiu um pico no Período Edo (1600-1868) tendo depois sido diminuída e condenada ao esquecimento. Até recentemente, quando um projeto de investigação da School of Oriental and African Studies da Universidade de Londres em colaboração com o British Museum permitiu que, pela primeira vez, se organizasse uma exposição de arte Shunga.

A exposição de nome "Shunga: Sex and Pleasure in Japanese Art" reuniu cerca de 170 obras de várias coleções europeias, japonesas e norte-americanas produzidas sensivelmente entre 1600 e 1900 para traçar uma evolução da arte Shunga.
Shunga: Sex and Pleasure in Japanese Art
Na cultura japonesa, a arte Shunga é a corrente pictórica tradicional onde são apresentadas cenas com conteúdo sexual. Esta tradição começou no séc. XVII, quando um artista anónimo incluiu num manual do sexo algumas representações com cenas íntimas.

Deve-se destacar que o sexo na cultura japonesa tinha e tem uma dimensão contraditória, pois é um tema tratado abertamente na vida privada, mas em público torna-se um tabu.

Na cultura japonesa tradicional, ter uma obra de Shunga dentro de casa era uma espécie de talismã que servia para prevenir incêndios. Por outro lado, os antigos samurais tinham o hábito de guardar um destes desenhos eróticos, pois acreditavam que teriam sorte durante os combates.

A arte Shunga era praticamente desconhecida no mundo Ocidental. No entanto, a partir do séc. XIX, alguns artistas europeus começaram a conhecer esta arte. Pintores impressionistas e modernistas, assim como colecionadores de todo o mundo se interessaram por este estilo artístico. 

Do ponto de vista artístico, estas obras apresentam duas características principais, o uso predominante da linha de acordo com o gosto oriental e imagens de nus parciais em que o corpo é coberto com tecidos transparentes e colorido.

O uso de tecidos para cobrir o corpo possuí também outro sentido, pois permite identificar os protagonistas, há vestidos para comerciantes, cortesãs e guerreiros.

A temática Shunga trata a sexualidade com naturalidade e transmite a procura pelo prazer das mulheres, a homossexualidade e a impotência masculina. Em certas ocasiões, as cenas de sexo são fantásticas e aparecem guerreiros samurais com pénis de tamanho desproporcional ou mulheres tendo relações com animais. 
"O Sonho da Mulher do Pescador", de Katushika Hokusai - 1814
Há imagens de sexo entre homens e mulheres, mas também se encontram de um homem com várias mulheres, homens com homens, humanos e espíritos e até de monges.
"Shiki burui juni-ko", de Katsukawa Shuncho - 1785
Exemplos de arte Shunga eram apreciados como arte, mantidos como manuais de instrução, algumas peças eram produzidas para serem incluídas nos enxovais das mulheres. Eram também oferecidos como presentes.

A palavra Shunga vem do chinês "Chun hua", literalmente "imagens de primavera". A ligação à China vem que os japoneses tinham uma longa tradição de arte sexual explicita mas por volta do séc. XVI há sinais de influência da dinastia chinesa Ming, onde a impressão a cores cresceu e textos eróticos foram produzidos em quantidade. Outra influência chinesa foram as obras médicas sobre sexto e técnica sexual.

Alguns Artistas de Arte Shunga

Katsushika Hokusai
(1760-1849), foi um artista japonês, pintor de estilo Shunga do Período Edo (atual Tóquio).

Hozumi Haronobu
Conhecido como Suzuki Harunobu, foi um mestre da estampa japonesa, nascido próximo do Período Edo e criador da técnica do nishiki-e, muito utilizada na arte Shunga.

MZ

A(s) imagem(ns) podem ser encontradas em vários sites da Internet, o texto é baseado em várias pesquisas feitas por mim.

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