Na madrugada do dia 31 de março de 1926 foi encontrado o cadáver de uma mulher na esquina da rua Francisco Foreiro com o Regueirão dos Anjos, uma rua rebaixada e escura em Lisboa, paralela à Avenida Almirante Reis.
A vítima apresentava um ferimento com pouca profundidade em forma de linha quebrada, que lhe descia pelo rosto. O relatório do médico legista apontava com quase certeza ter sido feita por um objeto contundente, provavelmente a coronha de uma pistola ou um murro.
Nos braços apresentavam equimoses e arranhões. Tinha três contusões grandes, uma no tórax, por baixo da mama esquerda, e duas no ventre. Outras mais pequenas nas pernas, dando sinal de que teria sido agredida a pontapé.
Usava um vestido preto, que estava rasgado nas pernas e no decote. Não tinha nem casaco, mala, jóias, nem outros objetos. Ao lado do seu corpo estava apenas um sapato de salto alto.
No final da manhã do dia 31 o mistério da sua identidade foi resolvido. Amélia de Castro Neves estranhou que a sua vizinha não tivesse ido dormir a casa naquela noite. Tinha-lhe dito que o faria de certeza antes de sair de casa, na tarde anterior. E, quando na manhã seguinte correram os rumores de que uma jovem tinha sido assassinada na redondezas, teve um pressentimento.
Amélia então dirigiu-se até à morgue do Hospital de São José, explicou as suas razões à polícia e pediu para ver o corpo. Foi ela quem identificou a vítima. Era Maria Alves, de 29 anos, moradora da rua de Arroios 50 e atriz de revista em grande ascensão na altura. Era uma diva do Parque Mayer.
A notícia rapidamente se espalhou. Nas redações dos principais jornais da altura, como O Século e o Diário de Notícias, o Diário de Lisboa e A Capital, destacavam-se repórteres importantes para cobrir o caso.
Reinaldo Ferreira um dos mais respeitados jornalistas portugueses. Tinha feito a cobertura de boa parte dos acontecimentos mundiais ao serviço da imprensa estrangeira e as suas histórias misturavam realidade, ficção e opiniões extremamente críticas. Anos mais tarde passaria a assinar como Repórter X.
Reinaldo Ferreira - Repórter X Fonte: Wikipédia |
Reinaldo era amigo pessoal de Maria Alves, que definiria como alguém que "continha o sangue generoso e cigano das severas". Apesar de viver no Porto e trabalhar na altura para O Primeiro de Janeiro e revista ABC, também colaborava frequentemente com O Século. E foi ali que proferiu a sua sentença.
Sem qualquer sustentação que não fosse literatura, o Repórter X insinuou imediatamente quem poderia ser o autor do crime. Não avançou nomes, mas escreveu na edição de 1 de abril: "É tarde, não tive tempo de apurar o resto, mas existe uma suspeita no meu espírito que é tão grave, tão grave que não a revelo. Peço só uma coisa: leiam El Mistério del Kursaal, de José Francés. É o mistério de um crime em que a vítima era uma estrela. Assim saberão sobre quem caem as minhas suspeitas."
Sem qualquer sustentação que não fosse literatura, o Repórter X insinuou imediatamente quem poderia ser o autor do crime. Não avançou nomes, mas escreveu na edição de 1 de abril: "É tarde, não tive tempo de apurar o resto, mas existe uma suspeita no meu espírito que é tão grave, tão grave que não a revelo. Peço só uma coisa: leiam El Mistério del Kursaal, de José Francés. É o mistério de um crime em que a vítima era uma estrela. Assim saberão sobre quem caem as minhas suspeitas."
José Francés, um autor espanhol, era pouco conhecido em Portugal e por isso o "enigma" do Repórter X permanecia irresolúvel para a maioria dos leitores. A verdade, no entanto, é que ele acertou em cheio.
Maria Alves nasceu no Porto em 1897, e cedo teve a convicção de que queria ser atriz. Semanas depois do homicídio, em tribunal, a sua mãe confirmou que o teatro era o seu sonho de infância.
Maria mudou-se para Lisboa em 1916, onde encontrou trabalho como corista no Parque Mayer. Era, sem sombra de dúvida, um talento em ascensão.
Para ganhar mais aceitou um convite para fazer a temporada do inverno de 1925/26 no Porto. Oscar Riberiro, encenador do Teatro Águia d'Ouro prometera-lhe cinco contos, uma pequena fortuna, por três meses de atuações.
Voltou a Lisboa dois dias antes do crime, preocupada por ainda não ter sido paga pela última parte do contrato, de 1500 escudos.
Na noite em que foi assassinada, Maria Alves queixou-se da falta de pagamento ao seu empresário e ele, em declarações ao Diário de Notícias, disse que decidira passar-lhe o dinheiro que faltava. Depois acertaria contas com Óscar Ribeiro.
Por volta da meia-noite, de 31 de março, em plena Avenida da Liberdade, entregou-lhe 1500 escudos em notas, que a atriz guardou na sua mala. A transação foi feita à vista de toda a gente. "Depois cada um apanhou o seu elétrico", disse Augusto Gomes. "Foi a última vez que a vi."
O funeral de Maria Alves foi um dos mais concorridos de que há memória em Lisboa. A multidão que se concentrou em frente à morgue do hospital de São José era tanta que o cortejo só conseguiu sair em direção ao cemitério dos Prazeres duas horas depois do previsto.
Maria Alves nasceu no Porto em 1897, e cedo teve a convicção de que queria ser atriz. Semanas depois do homicídio, em tribunal, a sua mãe confirmou que o teatro era o seu sonho de infância.
Maria mudou-se para Lisboa em 1916, onde encontrou trabalho como corista no Parque Mayer. Era, sem sombra de dúvida, um talento em ascensão.
Para ganhar mais aceitou um convite para fazer a temporada do inverno de 1925/26 no Porto. Oscar Riberiro, encenador do Teatro Águia d'Ouro prometera-lhe cinco contos, uma pequena fortuna, por três meses de atuações.
Voltou a Lisboa dois dias antes do crime, preocupada por ainda não ter sido paga pela última parte do contrato, de 1500 escudos.
Na noite em que foi assassinada, Maria Alves queixou-se da falta de pagamento ao seu empresário e ele, em declarações ao Diário de Notícias, disse que decidira passar-lhe o dinheiro que faltava. Depois acertaria contas com Óscar Ribeiro.
Por volta da meia-noite, de 31 de março, em plena Avenida da Liberdade, entregou-lhe 1500 escudos em notas, que a atriz guardou na sua mala. A transação foi feita à vista de toda a gente. "Depois cada um apanhou o seu elétrico", disse Augusto Gomes. "Foi a última vez que a vi."
O funeral de Maria Alves foi um dos mais concorridos de que há memória em Lisboa. A multidão que se concentrou em frente à morgue do hospital de São José era tanta que o cortejo só conseguiu sair em direção ao cemitério dos Prazeres duas horas depois do previsto.
Funeral de Maria Alves Fonte: Diário de Notícias |
Entre o corpo de repórteres estava o homem do Diário de Notícias. Se antes o Repórter X tinha profetizado quem era o assassino, agora havia um novo homem a pôr-se um passo à frente da polícia e a tratar de encontrar as provas. Foi graças a ele que o caso acabou por ser deslindado - foi António Ferro.
António Ferro Fonte: RTP |
A teoria de assalto ganhava pontos a cada dia que passava. Quase todos os jornais apontavam as baterias para um misterioso homem de fato cor de chumbo que fora visto nos arredores do Parque Mayer na noite da morte de Maria Alves.
António Ferro, no entanto, duvidava. Em vez de confiar apenas nas declarações da polícia, Ferro decidiu fazer as suas próprias investigações. Entrevistou o homem que encontrara o corpo da atriz, um eletricista de cinema que acabara o turno no Salão Foz, aos Restauradores, às duas da madrugada, e permaneceu pelas suas palavras que Maria Alves não podia ter sido morta ali, antes fora transportada já morta e deixada naquela viela escura. Ele guardara o sapato que faltava, estava manchado de sangue. Era um claro sinal de que a vítima lutara pela vida antes de morrer.
Confirmou com os vizinhos que nenhum barulho se ouvira naquela noite na rua. Pois se a atriz tinha dado luta alguém teria ouvido certamente alguma coisa. Um dia depois de ele declarar nas páginas do Diário de Notícias que o Regueirão dos Anjos fora apenas um lugar de depósito do corpo a polícia veio dizer a mesma coisa.
António Ferro, no entanto, duvidava. Em vez de confiar apenas nas declarações da polícia, Ferro decidiu fazer as suas próprias investigações. Entrevistou o homem que encontrara o corpo da atriz, um eletricista de cinema que acabara o turno no Salão Foz, aos Restauradores, às duas da madrugada, e permaneceu pelas suas palavras que Maria Alves não podia ter sido morta ali, antes fora transportada já morta e deixada naquela viela escura. Ele guardara o sapato que faltava, estava manchado de sangue. Era um claro sinal de que a vítima lutara pela vida antes de morrer.
Confirmou com os vizinhos que nenhum barulho se ouvira naquela noite na rua. Pois se a atriz tinha dado luta alguém teria ouvido certamente alguma coisa. Um dia depois de ele declarar nas páginas do Diário de Notícias que o Regueirão dos Anjos fora apenas um lugar de depósito do corpo a polícia veio dizer a mesma coisa.
Ferro tinha um estatuto privilegiado no mundo das artes e com isso conseguiu uma entrevista com Augusto Gomes, o empresário de Maria Alves. Ele contou-lhe a sua história.
Na noite do assassinato tinham ido jantar ao Parque Mayer e que depois decidiram ir à segunda sessão do teatro Maria Vitória. Que desceram a pé a avenida da Liberdade e que a atriz se queixou do dinheiro em dívida da temporada no Porto. Que ele lhe deu esse valor na rua. Que ela usava um casaco de peles, um chapéu vermelho e jóias no valor de 15 contos, todas elas oferecidas por ele. Que se separaram no Rossio e cada um apanhou um elétrico numa direção diferente.
Na noite do assassinato tinham ido jantar ao Parque Mayer e que depois decidiram ir à segunda sessão do teatro Maria Vitória. Que desceram a pé a avenida da Liberdade e que a atriz se queixou do dinheiro em dívida da temporada no Porto. Que ele lhe deu esse valor na rua. Que ela usava um casaco de peles, um chapéu vermelho e jóias no valor de 15 contos, todas elas oferecidas por ele. Que se separaram no Rossio e cada um apanhou um elétrico numa direção diferente.
Os outros jornais e os investigadores deram como certas as declarações do empresário, mas Ferro duvidada. No Porto, o Repórter X também continuava as suas investigações e falava com a mãe da vítima. Esta contou-lhe que Maria Alves lhe escrevera uma carta preocupada com os ataques de ciúmes de Augusto Gomes.
Não tardou a perceber-se que eram amantes, o homem nunca negou esse facto. Dias antes de Maria voltar a Lisboa, o empresário tinha armado uma cena no Águia d'Ouro, depois de ela ter recebido uma carta de um admirador que lhe pedia um encontro, um empresário de Fafe. Augusto Gomes atirara-se a ele e no dia seguinte a atriz apareceu nos camarins com um olho negro e disse ao elenco que tinha caído numas escadas.
A 11 de abril, em Lisboa, António Ferro publica o furo que mudará toda a história. Desconfiando da inocência de Augusto Gomes decide bater à porta das casas dos vizinhos do empresário e várias pessoas lhe dizem que a relação amorosa já durava há mais de cinco anos. Mais, que nos últimos tempos se tornara violenta. Havia discussões e pancadaria constantemente.
Um dos vizinhos de Augusto Gomes era o capitão da Marinha João Luís Monteiro. Foi ele que contou a António Ferro que viu, às 2 horas da madrugada de 31 de março, um táxi passar pela rua dos Anjos, onde ele se encontrava ao sair de um jantar de casa de uns amigos. Dentro do táxi estavam Augusto Gomes e o corpo de uma mulher inanimada.
O Diário de Notícias publicou a história. No dia seguinte, o empresário foi preso e acusado de homicídio. Ele declarou-se inocente.
António Ferro sabia que o carro onde Augusto Gomes e Maria Alves tinham sido vistos era um Citröen escuro. Só haviam dez carros registados dessa marca em Lisboa. A polícia apurou rapidamente o número do táxi onde o crime fora perpetrado, era o 9237. O motorista registado chamava-se João Fernandes e era um velho conhecido de Augusto Gomes.
O condutor, depois de ser interrogado pela Polícia de Investigação Criminal, aceita dar uma entrevista exclusiva ao jornalista do Diário de Notícias. E é então que se esclarece o que aconteceu naquela noite - "Na noite de 30 de março o senhor Augusto visitou-me em casa e pediu-me para estar à meia-noite e meia do dia seguinte perto do Maria Vitória, mas do outro lado da Avenida da Liberdade."
Pediu-lhe que corresse as cortinas para que a mulher não o reconhecesse, e ele acedeu, pensando tratar-se de mais um namorico de Augusto.
No dia combinado, á hora combinada, fez o que Augusto Gomes lhe tinha pedido. Era uma cena planeada, sim , mas planeada para parecer espontânea. João Fernandes passou pelo casal com o sinal de livre acesso, o empresário fez-lhe sinal e mandou-o seguir para o Campo Grande.
No início ouviu risos, depois o ruído dos corpos em movimento. Pensou que fizessem do banco traseiro cama e seguiu para Telheiras, deu a volta na rua de Beneficência, seguiu para o Rego. Às tantas o empresário bateu-lhe no vidro e disse "Pára!"
"Ele saltou do carro esgazeado, olhou para as sombras para verificar que não havia ninguém e sentou-se no banco dianteiro, ao meu lado. E disse-me: «João, acabo de fazer o que um homem de honra faz sempre. Matei a Maria. Confessou que me atraiçoara, no Porto. Matei-a»."
O motorista incrédulo, não teve reação nem tempo para fazer perguntas. Augusto disse-lhe: "Deixamo-la perto de casa, em qualquer parte. Já lhe tirei as jóias e rasguei o vestido, para quando a encontrarem acharem que foi um roubo. Ninguém desconfia. Vamos embora."
Abandonaram o corpo e Augusto Gomes foi para casa, onde entrou esbaforido e contou o que tinha acontecido à mulher com quem vivia maritalmente, Miquelina. "Pediu-me para guardar o casaco e as jóias e não dizer uma palavra. Era o pai dos meus filhos, que outra coisa poderia eu fazer?" perguntaria Miquelina em tribunal.
Confrontado com as declarações do motorista, Augusto Gomes admite a culpa. É marcado o julgamento para novembro e os juízes ordenam que, por respeito aos familiares da vítima, o túmulo de Maria Alves fosse aberto para que se retirassem as faixas de saudade eterna que o empresário lá deixara no funeral.
Não tardou a perceber-se que eram amantes, o homem nunca negou esse facto. Dias antes de Maria voltar a Lisboa, o empresário tinha armado uma cena no Águia d'Ouro, depois de ela ter recebido uma carta de um admirador que lhe pedia um encontro, um empresário de Fafe. Augusto Gomes atirara-se a ele e no dia seguinte a atriz apareceu nos camarins com um olho negro e disse ao elenco que tinha caído numas escadas.
A 11 de abril, em Lisboa, António Ferro publica o furo que mudará toda a história. Desconfiando da inocência de Augusto Gomes decide bater à porta das casas dos vizinhos do empresário e várias pessoas lhe dizem que a relação amorosa já durava há mais de cinco anos. Mais, que nos últimos tempos se tornara violenta. Havia discussões e pancadaria constantemente.
Um dos vizinhos de Augusto Gomes era o capitão da Marinha João Luís Monteiro. Foi ele que contou a António Ferro que viu, às 2 horas da madrugada de 31 de março, um táxi passar pela rua dos Anjos, onde ele se encontrava ao sair de um jantar de casa de uns amigos. Dentro do táxi estavam Augusto Gomes e o corpo de uma mulher inanimada.
O Diário de Notícias publicou a história. No dia seguinte, o empresário foi preso e acusado de homicídio. Ele declarou-se inocente.
António Ferro sabia que o carro onde Augusto Gomes e Maria Alves tinham sido vistos era um Citröen escuro. Só haviam dez carros registados dessa marca em Lisboa. A polícia apurou rapidamente o número do táxi onde o crime fora perpetrado, era o 9237. O motorista registado chamava-se João Fernandes e era um velho conhecido de Augusto Gomes.
O condutor, depois de ser interrogado pela Polícia de Investigação Criminal, aceita dar uma entrevista exclusiva ao jornalista do Diário de Notícias. E é então que se esclarece o que aconteceu naquela noite - "Na noite de 30 de março o senhor Augusto visitou-me em casa e pediu-me para estar à meia-noite e meia do dia seguinte perto do Maria Vitória, mas do outro lado da Avenida da Liberdade."
Pediu-lhe que corresse as cortinas para que a mulher não o reconhecesse, e ele acedeu, pensando tratar-se de mais um namorico de Augusto.
No dia combinado, á hora combinada, fez o que Augusto Gomes lhe tinha pedido. Era uma cena planeada, sim , mas planeada para parecer espontânea. João Fernandes passou pelo casal com o sinal de livre acesso, o empresário fez-lhe sinal e mandou-o seguir para o Campo Grande.
No início ouviu risos, depois o ruído dos corpos em movimento. Pensou que fizessem do banco traseiro cama e seguiu para Telheiras, deu a volta na rua de Beneficência, seguiu para o Rego. Às tantas o empresário bateu-lhe no vidro e disse "Pára!"
"Ele saltou do carro esgazeado, olhou para as sombras para verificar que não havia ninguém e sentou-se no banco dianteiro, ao meu lado. E disse-me: «João, acabo de fazer o que um homem de honra faz sempre. Matei a Maria. Confessou que me atraiçoara, no Porto. Matei-a»."
O motorista incrédulo, não teve reação nem tempo para fazer perguntas. Augusto disse-lhe: "Deixamo-la perto de casa, em qualquer parte. Já lhe tirei as jóias e rasguei o vestido, para quando a encontrarem acharem que foi um roubo. Ninguém desconfia. Vamos embora."
Abandonaram o corpo e Augusto Gomes foi para casa, onde entrou esbaforido e contou o que tinha acontecido à mulher com quem vivia maritalmente, Miquelina. "Pediu-me para guardar o casaco e as jóias e não dizer uma palavra. Era o pai dos meus filhos, que outra coisa poderia eu fazer?" perguntaria Miquelina em tribunal.
Confrontado com as declarações do motorista, Augusto Gomes admite a culpa. É marcado o julgamento para novembro e os juízes ordenam que, por respeito aos familiares da vítima, o túmulo de Maria Alves fosse aberto para que se retirassem as faixas de saudade eterna que o empresário lá deixara no funeral.
Abertura do túmulo de Maria Alves para retirar as faixas deixadas por Augusto Gomes Fonte: Diário de Notícias |
O processo demoraria um mês a ser resolvido e continuaria a ter a cobertura de António Ferro e, agora, as ilustrações de Armando Boaventura. Ao tribunal, Gomes contaria ao corpo de juízes como estrangulara a sua antiga amada com as próprias mãos, depois de esta lhe confessar um caso com um homem chamado Carlos Alves, empresário de Fafe. Maria resistira, mas Augusto Gomes era um homem mais forte. As marcas de luta estavam lá, mas ela perdeu.
Augusto Gomes em tribunal Fonte: Diário de Notícias |
O empresário terá começado a chorar depois de falar e, quando saiu do tribunal num carro da policia, uma multidão esperava-o em fúria. Tiveram de ser recrutados 40 agentes para repor a ordem.
Multidão à porta do tribunal da Boa Hora à espera de Augusto Gomes Fonte: Diário de Notícias |
Augusto Gomes foi condenado a oito anos de prisão efetiva e doze de degredo, por homicídio premeditado. João Fernandes levou seis anos de prisão, com dois de pena suspensa, por cumplicidade. Ao proferir a sentença, o juiz Ramada Carlos considerou o crime "excecionalmente repugnante".
No fim da declaração, o tribunal deixou esta mensagem: "A resolução deste crime é uma glória para a imprensa portuguesa. Porque não foi a polícia que resolveu, foi a imprensa. Os jornalistas que adivinharam desde o primeiro dia o que acontecera e os que nunca se contentaram com o que parecia ser roubo e afinal era ciúme."
Fonte: Ricardo J. Rodrigues - Jornal de Notícias (Notícias Magazine)
No fim da declaração, o tribunal deixou esta mensagem: "A resolução deste crime é uma glória para a imprensa portuguesa. Porque não foi a polícia que resolveu, foi a imprensa. Os jornalistas que adivinharam desde o primeiro dia o que acontecera e os que nunca se contentaram com o que parecia ser roubo e afinal era ciúme."
Fonte: Ricardo J. Rodrigues - Jornal de Notícias (Notícias Magazine)
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