quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Carlota Joaquina

Carlota Joaquina, Rainha consorte de Portugal

Carlota Joaquina Teresa Cayetana.

Nasceu em Aranjuez (Espanha) a 25 de abril de 1775.

Filha do Rei D. Carlos IV de Espanha e da sua esposa, D. Maria Luísa de Parma.

Carlota teve o seu casamento arranjado com apenas 10 anos de idade, a 8 de maio de 1785, com então Infante português D. João Maria de Bragança.

Sobre o casamento:
"Para realizar o projeto chamado de Floridablanca pelo qual se conseguiria uma aliança duradoura entre Espanha e Portugal foi assinado um tratado no qual estabelecia dois casamentos entre infantes espanhóis e portugueses; a Espanha daria ao príncipe D. João a princesa Carlota. E Portugal daria ao Príncipe D. Gabriel, filho do Rei Carlos III, Dona Mariana Vitória irmã de D. João. Na época destes acordos D. Carlota tinha 8 anos de idade e D. Mariana tinha 15; esses casamentos levaram dois anos para se consumarem.
(...)
Carlota teve que submeter-se aos chamados "exames públicos" para o acordo matrimonial, quando respondeu durante 4 dias, cerca de uma hora por dia a perguntas sobre religião, geografia, história, gramática, língua portuguesa, espanhol e francês. 
(...)
As apresentações dos dois casais aconteceram no dia 8 de maio de 1785 na cidade portuguesa de Vila Viçosa na fronteira com a Espanha. No dia seguinte, o casamento foi aceite pela Igreja através da bênção dada por um cardeal. Os festejos duraram quatro dias, durante o dia se realizavam torneios e touradas, e a noite havia reuniões musicais que na época se chamavam "serenins", bailes e representações líricas. Dentro desses festejos, durante uma das noites de núpcias, a princesa Carlota agrediu o esposo, mordeu-lhe fortemente a orelha e atirou um castiçal no rosto do marido. Depois desse episódio, foi feito um ato adicional ao contrato de casamento, permitindo que Dona Carlota pudesse ter sua primeira relação sexual com o marido aos 14 anos podendo voltar atrás caso assim ela quisesse ou seja: se ela quisesse fazer sexo antes dos 14 anos, poderia. Um certo Padre José Agostinho de Macedo, imprimiu uns folhetos contando esse caso da noite de núpcias de forma brincalhona e sarcástica com o titulo "O gato que cheirou e não comeu" (…) a princesa, indignada com o escrito mandou dar uma surra de chicote nas nádegas do padre, despi-lo em praça pública e aplicar uma "seringada" de pimenta do reino no seu clérigo traseiro e depois soltá-lo nu no Bairro das Marafonas. O Padre José Agostinho foi socorrido por uma atriz cómica do Teatro da Rua dos Condes, Maria da Luz que depois veio a ser amante do vigário humilhado.
(...)
O matrimonio, é claro, foi um fracasso. A vida sexual do casal só começou realmente cinco anos depois, quando Carlota menstruou pela primeira vez."

Do casamento nasceram nove filhos, sendo que oito chegaram à idade adulta.

Apesar do casamento ter durado 36 nos, a vida em comum foi curta. A partir da conspiração de 1805-06, D. João perdeu a confiança nela e passaram a viver separados. O ódio entre o casal chegou ao ponto de, quando o coche de D. João se aproximava do da mulher nas estradas que levavam ao Palácio de Queluz, D. João gritava, indignado, ao cocheiro: "Volta a trás! Vem aí a puta!".

Dos filhos do casal, a maior parte dos estudiosos considera provável que o futuro D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal era mesmo filho de D. João, quanto aos outros, diz-se haver notórias parecenças com vários oficiais da guarda. Muitos foram apontados como amantes de D. Carlota, desde o próprio General Junot, entre outros.

D. João não tinha ilusões, mas, mesmo assim, insistia em manter-se informado das aventuras amorosas da mulher. Um dia terá desabafado: "Na vida de Carlota, a moralidade morreu...".

Carlota torna-se Princesa-Regente consorte de Portugal, quando o seu marido, D. João príncipe herdeiro, pela loucura da mãe se torna Regente de Portugal, em 1792.

Carlota era muito ambiciosa, chegou a tentar tirar o poder ao seu marido, declarando-o incapaz de cuidar dos assuntos do Estado, no entanto, em 1805, este plano foi descoberto, o Conde de Vila Verde propôs a abertura de um inquérito e a prisão dos implicados, Carlota só não pagou mais caro porque o D. João quis evitar um escândalo público, confinando-a ao Palácio de Queluz, enquanto ele moraria no Palácio de Mafra.

Durante as Invasões Francesas, a Corte Portuguesa viu-se obrigada a mudar-se para a colónia do Brasil, em 1807, incluindo Carlota Joaquina, no entanto, esta lutou até ao último minuto para não ter que ir, chegou a pedir ajuda aos pais, mas os acordos diplomáticos dificultaram a participação dos monarcas espanhóis em assuntos portugueses.

D. Carlota detestou o Brasil. Ela terá atirado os sapatos para fora do navio, na chegada a Lisboa, para que nem um grão de pó do Brasil chegasse a Portugal, ao atirar os sapatos para o rio Tejo terá dito: "Não pisarei a terra dos brancos com os sapatos com que pisei a terra dos negros".

Carlota detestava os escravos, no entanto, isto não impediu que ela arranjasse amantes. Chamava o Brasil da Terra dos mosquitos e carrapatos.

Torna-se Rainha, em 1816, com o falecimento no Brasil da Rainha D. Maria I e subida ao trono do seu marido, agora D. João VI.

Aliada com os frades, com os nobres e com os que se mostravam pouco simpáticos ao novo regime, conspiraram com o objetivo de obrigar o rei a abdicar e a destruir a Constituição. Falhado este plano, as cortes de 15 de maio de 1822 decidiram deportá-la para o Palácio do Ramalhão, por ela se recusar a jurar a Constituição.

Já D. João VI, marido de Carlota, nomeou um conselho de regência para lhe suceder após a morte, o qual devia escolher  herdeiro do trono português e ao qual presidia a sua filha Isabel Maria de Bragança o exercício de regência dor reino, durante a menoridade ou ausência do herdeiro do país, retirando assim a Carlota um direito/dever que sempre na história portuguesa pertencia à rainha-viúva.

A 10 de março de 1826, D. Carlota fica viúva, D. João VI terá morrido envenenado por arsénico, cuja autópsia confirmou o teor era de 475 vezes superior ao normal, morreu com 58 anos.

Carlota tinha um grande gosto por sapatos, teria dezenas de pares, onde destacavam-se os vermelhos e os de salto alto. Ela sempre foi descrita como uma pessoa feia, seria pequena, manca e ainda trazia no rosto as marcas de varíola que tinha tido enquanto criança.

Faleceu no Palácio de Queluz (Portugal), a 7 de janeiro de 1830, aos 58 anos de idade.


MZ

A(s) imagem(ns) podem ser encontradas em vários sites da Internet, o texto é baseado em várias pesquisas feitas por mim.

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