As Jóias da Coroa Portuguesa são peças de joalharia, insígnias e paramentos usados pelos Reis de Portugal durante a Monarquia portuguesa.
Ao longo dos nove séculos de história, as Jóias da Coroa Portuguesa perderam e ganharam património, a maior parte do atual conjunto pertence aos reinados de D. João V e de D. Luís I.
Rei D. João V (esquerda) e Rei D. Luís I (direita) |
No final do século XV Portugal reunia um rico tesouro de jóias resultado do reinado de D. Manuel I, um dos homens mais poderosos do mundo na época, conhecido pelo seu prazer na ostentação. Grande parte destas jóias perder-se-ia durante a tomada da coroa portuguesa pelos Habsburgos.
No início de 1581, resistindo à união Ibérica, o neto de D. Manuel, António de Portugal, que fora aclamado Rei por parte da população, recolheu as jóias da Coroa antes de Filipe I ser feito Rei de Portugal. Fugiu para a França, levando as jóias, incluindo muitos diamantes valiosos.
D. António de Portugal, conhecido como Prior do Crato |
Foi recebido pela rainha consorte Catarina de Médici, vendeu-lhe algumas das peças em troca de apoio da França nos planos para recuperar o trono e depor Filipe I.
Catarina de Médici, Rainha consorte da França |
Quando as forças luso-francesas foram vencidas nos Açores, em 1583, D. António partiu para exílio. Em Inglaterra pediu auxílio da rainha Isabel I, a quem terá entregue jóias como penhor, entre as quais o famoso "espelho de Portugal", descrito como um diamante quadrangular de cerca de 30 quilates.
Após várias tentativas de reconquistar Portugal, levou D. António à pobreza e levou-o a vender muitos dos diamantes restantes como o diamante Sancy.
Durante a Guerra da Restauração, D. João II vendeu muitas da jóias da Coroa para financiar a guerra com Espanha. Quando se tornou Rei de Portugal em 1640 e deposta a Casa de Habsburgo, colocou a sua coroa aos pés de uma estátua de Nossa Senhora da Imaculada Conceição declarando-a a "verdadeira Rainha de Portugal". Desde então, os monarcas portugueses não têm uma coroação, mas sim uma aclamação.
Rei D. João II |
Em 1755, com o grande terramoto de Lisboa que destruiu o Paço da Ribeira, residência real portuguesa, inúmeras jóias da Coroa da época foram destruídas, perdidas ou roubadas.
Quando a Corte portuguesa se encontrava no Rio de Janeiro, no Brasil, D. João VI, mandou fazer um novo conjunto de jóias da Coroa. Criadas pelo joalheiro real na oficina de António Gomes da Silva, o conjunto incluiu uma nova coroa e cetro, entre uma infinidade de peças. As peças desta época são a maioria do atual conjunto de Jóias da Coroa Portuguesa.
Rei D. João VI |
Coroa feita no Brasil para aclamação de D. João VI, a peça não era para ser usada na cabeça, mas para ser vista ao lado do monarca, como símbolo do seu poder |
Cetro do Armilar ou Cetro do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, criado para a aclamação de D. João VI |
Manto do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves feito para a aclamação do Rei D. João VI |
Quando D. Maria Pia de Saboia se tornou Rainha consorte de Portugal, o Rei D. Luís I mandou fazer muitas novas jóias. Paralelamente, foi confeccionado um novo manto real. Quando a família real portuguesa partiu para o exílio, muitas das jóias seguiram com a Rainha D. Amélia de Orléans e a Rainha-mãe D. Maria Pia de Saboia.
Manto dos Reis Constitucionais - Manto de D. Luís I |
Diadema das Estrelas - feito para a Rainha D. Maria Pia de Sabóia |
Rainha consorte D. Maria Pia a usar o Diadema das Estrelas |
Colar das Estrelas - mandado fazer para fazer conjunto com o Diadema das Estrelas |
Em 2002, em Haia, nos Países Baixos, durante uma exposição sobre jóias da coroa europeias para o qual tinham sido emprestadas, seis peças das Jóias da Coroa Portuguesa foram roubadas. Incluindo um diamante de 135 quilates, o castão de bengala do Rei D. José I de ouro com 387 brilhantes, um anel com um brilhante de 37 quilates, uma gargantilha de 32 brilhantes e um par de alfinetes com a forma de trevo.
Rei D. José I (esquerda) e Castão da bengala de D. José I, de ouro e brilhantes roubado |
Na sequência da investigação do museu e das autoridades holandesas, o governo holandês pagou o montante de seis milhões de euros ao governo português para reparação. As jóias não foram recuperadas.
Atualmente, as Jóias da Coroa Portuguesa são mantidas à guarda do estado português e não estão abertas ao público. São vistas apenas em eventos especiais.
1. Diadema de Brilhantes 2. Rainha consorte D. Amélia com o Diadema de Brilhantes 3. Duquesa D. Isabel de Bragança com o Diadema de Brilhantes |
MZ
Sem comentários:
Enviar um comentário