sábado, 2 de novembro de 2019

Impostora que dizia ser Anastasia Nikolaevna

Anna Anderson (esquerda) e Anastasia Nikolaevna (direita)
Anastasia Nikolaevna da Rússia (1901-1918) foi a quarta filha do Czar Nicolau II da Rússia e da sua mulher, a Czarina Alexandra Feodorovna, os últimos governantes da Rússia Imperial.

Anastasia tal como a sua família foi assassinada pelos soldados bolcheviques, quando tinha 17 anos, a 17 de julho de 1918.

Desde a sua morte, circularam fortes rumores sobre a sua possível sobrevivência, alimentados pelo facto da localização dos corpos ter permanecido desconhecida durante as décadas do governo comunista da então União Soviética.

A vala comum que escondia os restos mortais do Czar, da sua mulher e de três filhas foi descoberta perto de Ecaterimburgo, em 1991, mas os corpos de Alexei Nikolaevich e de uma das suas irmãs, não se sabia se de Maria ou de Anastasia, não se encontravam no mesmo local.
Família Imperial Russa
No entanto, a teoria da sua possível sobrevivência foi completamente posta de lado. Em janeiro de 2008, cientistas russos anunciaram que tinham desenterrado os restos mortais de um rapaz e de uma mulher perto de Ecaterimburgo em agosto de 2007 e que, muito provavelmente, estes pertenciam ao filho mais novo do Czar de 13 anos e a uma das suas quatro filhas.

Cientistas forenses russos confirmaram esta possibilidade a 30 de abril de 2008. Em março de 2009, foram publicados os resultados finais dos testes de ADN pelo Dr. Michael Coble, do Laboratório de Identificação ADN das Forças Armadas dos EUA. Estes testes provaram de forma conclusiva que os restos mortais de todas as grã-duquesas tinham sido encontrados e, por isso, nenhuma tinha sobrevivido.

Mas antes destas provas várias foram as mulheres que diziam ser Anastasia, sendo a que ficou mais conhecida a Anna Anderson.

Anna Anderson, nascida Franziska Schanzkowska, nasceu na Polónia por volta de 1900. Foi a mais conhecida mulher que reclamou a identidade de Anastasia Nikolaevna. O facto de especialistas não encontrarem os restos mortais de Anastasia com os restantes familiares levou a que a história de Anna pudesse ser possível.

Anna em 1920, ainda jovem, atirou-se de uma ponte de Berlim, na Alemanha. Foi salva e internada num hospital psiquiátrico. Durante um exame, os médicos detetaram várias lesões em todo o seu corpo e uma cicatriz na nuca em forma de estrela de cinco pontas. A jovem não falava a língua russa, mas parecia entendê-la.

Passados alguns dias, mostraram-lhe fotografias de membros da família real, que ela "reconheceu" imediatamente. Anna começou então a receber visitas de pessoas que conheciam as filhas do Czar, que logo a desmascararam.

Investigadas as suas origens, concluiu-se que era filha de camponeses polacos e era operária de uma fábrica de explosivos. As cicatrizes eram consequência de uma explosão.

Mas essa opinião não era partilhada pelos simpatizantes de Anastasia, os quais advogavam que ela não falava russo por ter sofrido um trauma psicológico, que a levou a se esquecer da sua língua materna. Acrescentavam que a sua educação e maneiras não condiziam com as de origens rurais.

Anna Anderson tinha uma particularidade anatómica rara: os dedos grandes dos pés curvados, tais como os da verdadeira Anastasia.

Na sua caça ao tal dinheiro da família Romanov, Anna foi usada pelos filhos do Dr. Botkin, fuzilado com a família Imperial. Chegaram até a fundar a sociedade por ações "Anastasia", que prometia dividir pelos acionistas 10% da herança do Czar.

Em 1938, Anna levantou um processo judicial contra os representantes da família Romanov, o qual se arrastou até 1977 e acabou em nada, não lhe foram reconhecidos direitos sucessórios, ainda que não tivesse ficado provado, na altura, que não fosse Anastasia.

Durante mais de 60 anos, Anna esteve sujeita a processos judiciais, mas nunca ninguém chegou a qualquer conclusão.

A imagem de Anna foi capa de jornais e revistas durante décadas. A sua popularidade cresceu. Não lhe faltavam apoiantes e vivia uma vida e luxo. Foi assim durante o resto da sua vida.

Aos 78 anos sofria de artrite e por isso, passava a depender de uma cadeira de rodas. Em 1983, Anna foi internada pois estava já incapacitada e dependente de outros. Não demorou muito tempo até o marido a ajudar a fugir, e durante três dias foram perseguidos pela polícia.
Anna Anderson em diferentes momentos da sua vida
Após a perseguição Anna e o seu marido foram presos e encaminhados para um hospício. Anna Anderson morreu a 4 de fevereiro de 1984, de pneumonia.

Depois de ser cremada, cientistas ansiavam desvendar o mistério de Anderson e fizeram vários e conclusivos testes de ADN, comparando-o com o de um descendente da família dos Romanov, Filipe, Duque de Edimburgo (marido da Rainha Isabel II do Reino Unido). Os testes mostraram que Anna era uma impostora e que a sua verdadeira identidade era Franziska Schanzkowska, uma operária polaca, que tinha desaparecido na mesma altura em que Anna anunciou ser Anastasia.

A sua história inspirou vários criadores e a sua popularidade levou mesmo à criação do filme de animação "Anastácia" da 20th Century Fox. No entanto, ainda continuava por se desvendar o mistério do desaparecimento dos corpos de Anastacia e de Alexei, e muitas histórias para provar a sua veracidade, em que, entre as quais, se destaca a história da sua salvação de um tiro de um soldado através da proteção da coroa de diamantes que trazia ao peito escondida.

Em 1991, os corpos acreditados como sendo os da Família Imperial e os seus criados foram finalmente exumados, já na década anterior a sepultura tinha sido escondida pelos seus descobridores dos bolcheviques, que governavam a Rússia quando foi encontrada.

Em 1998 quando os corpos da Família Imperial foram enterrados, sem dois dos seus elementos, que continuavam desaparecidos. Em 2000, a família foi canonizada pela Igreja Ortodoxa Russa.

Funeral da Família Imperial Russa - Parte 1:
As partes seguintes disponível no YouTube

Em 2007, anuncia-se a descoberta dos restos mortais de Alexei e de uma das grã-duquesas, ou Anastasia ou Maria. Estes corpos ainda aguardam para serem sepultados.

MZ

A(s) imagem(ns) podem ser encontradas em vários sites da Internet, o texto é baseado em várias pesquisas feitas por mim.

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