quarta-feira, 22 de junho de 2022

Pravda - Jornal da União Soviética

Uma das edições do Jornal "Pravda"
Fonte: Wikipédia

O "Pravda" original foi fundado por Leon Trotsky, Victor Kopp, Adolph Joffe e Matvei Skobelev como um jornal social-democrata russo semanal voltado para os operários, chamado "Zcezda".

Leon Trotsky, Victor Kopp, Adolph Joffe e Matvei Skobelev

O jornal era publicado fora do país para evitar a censura e de lá enviado para dentro da Rússia. A primeira edição foi publicada em Viena, na Áustria, a 3 de outubro de 1908. A redação era constituída por Torsky e, em épocas diferentes, Victor Kopp, Adolph Joffe e Matvei Skobelev. Os dois últimos tinham pais ricos e sustentavam o jornal financeiramente.

Como o Partido Social-Democrata Russo era dividido em múltiplas fações e Trotsky apresentava-se como um "social-democrata sem fação", o jornal gastava boa parte do seu tempo tentando reunir as tendências do Partido.

Os editores tentaram evitar as edições segmentadas que dividiram os emigrados russos e concentravam-se em assuntos de interesse dos trabalhadores russos. Junto a um estilo de redação vívido e fácil de compreender, rapidamente o jornal tornou-se muito popular na Rússia.

Em janeiro de 1910, o Comité Central do Partido realizou uma planária extraordinária com representação de todas as fações. Foi feito um acordo abrangente para tentar reunificar o Partido.

Como parte deste acordo, o "Zcezda" de Trotsky foi transformado num órgão central financiado pelo Partido.

Lev Kamenev, um dos líderes dos bolcheviques e colaborador próximo de Lenin, entrou para o conselho editorial, mas renunciou em agosto do mesmo ano, após o fracasso da reconciliação.

Lev Kamenev (esq.) e Vladimir Lenin (dir.)

O jornal publicou a sua última edição a 22 de abril de 1912. No mesmo ano a publicação do "Zvezda" foi resumida, desta vez como "Pravda" e editorializada por Viacheslav Molotov e Alexander Shlyapnikov, considerados os seus fundadores.

Viacheslav Molotov (esq.) e Alexander Shlyapnikov (dir.)

Após a derrocada do compromisso de janeiro de 1910, a fação bolchevique do PSDR começou a publicar um semanário legalizado em São Petersburgo, o "Zviezda", em dezembro do mesmo ano.

Quando os bolcheviques separaram-se formalmente das outras fações na sua conferência em Praga, em janeiro de 1912, decidiram também transformar "Zciezda" até então publicado três vezes por semana, num jornal diário.

Os bolcheviques finalmente realizaram o seu plano quando a primeira edição do novo "Pravda" foi lançado em São Petersburgo, a 22 de abril de 1912. A publicação continuou legal até ser fechada pelo governo em julho de 1914, no início da Primeira Guerra Mundial.

Devido ao assédio da polícia, o jornal teve de mudar de nome oito vezes em apenas dois anos: Rabôtchaia Pravda (PT: "A Verdade Operária"), Severnaia Pravda (PT: "A Verdade do Norte"), Pravda Truda  (PT: "A Verdade do Trabalho"), Za Právdu (Pt: "Pela Verdade"), Proletarskaia Pravda (PT: "A Verdade Proletária"), Put' Právdi (PT: "O Caminho da Verdade"), Rabôtchi (PT: "O Operário") e Trudovaia Pravda (PT: "A Verdade Trabalhists").

No que parecia ser um desenvolvimento menor naquele tempo, em abril de 1913, Trotsky revoltou-se tanto contra o que lhe parecia uma usurpação do nome do "seu" jornal, que escreveu uma carta amarga a Nikolai Tichkheidze denunciando Lenin e os bolcheviques.

Em 1921, Trotsky conseguiu ocultar o conteúdo da carta para evitar constrangimentos, mas quando começou a perder poder no final dos anos 1920, a carta foi levada a público pelos seus oponentes dentro do Partido Comunista em 1924 e usada para mostrá-lo como inimigo de Lenin.

Após um período de relativa calma social entre 1908 e 1911, de 1912 a 1914 foi uma época de tensões sociais e políticas crescentes na Rússia, após a execução da Lena em abril de 1912.

Em contraste com o "Pravda" de Trostsky, que fora publicado para os operários por um pequeno grupo de intelectuais, o "Pravda" bolchevique era editado na Rússia e publicava centenas de cartas e artigos escritos pelos operários.

Uma combinação destas tensões com a participação ativa dos trabalhadores ajudou a popularizar o jornal, a sua tiragem era entre 20 mil a 60 mil exemplares, uma soma respeitável para a época, especialmente considerando a perseguição do governo e o baixo nível de instrução dos leitores.

Outra diferença entre os dois "Pravdas" era o facto de que a versão de Trotsky era financiada por patrocinadores ricos, enquanto a dos bolcheviques passava por dificuldades financeiras na época e dependia de contribuições dos próprios operários.

Apesar de Lenin e os bolcheviques editarem muitos jornais dentro e fora da Rússia antes da tomada de poder em 1917, foi esta versão do "Pravda" de 1912-1914 que foi mais tarde considerado pelos comunistas como o verdadeiro precursor do jornal oficial, pós-1917, "Pravda".

A importância do "Pravda" de Trotsky foi diminuída e depois da expulsão de Trotsky do Partido Comunista, o "Pravda" original foi simplesmente ignorado pelos historiadores soviéticos até à perestroika.

Durante o período soviético, a sede do jornal foi transferida para Moscovo a 31 de março de 1918. O "Pravda" tornou-se uma publicação oficial, ou "órgão", do Partido Comunista da União Soviética. A partir de então o "Pravda" passou a ser o veículo preferencial para pronunciamentos e anúncios públicos de políticas estatais e de governo, situação que permaneceu até 1991.

A 22 de agosto de 1991, um decreto do então presidente russo Boris Yéltsin fechou o Partido Comunista e confiscou todas as suas propriedades, incluindo o "Pravda".

Boris Yéltsin
Fonte: Wikipédia



Fonte: Wikipédia


MZ

A(s) imagem(ns) podem ser encontradas em vários sites da Internet, o texto é baseado em várias pesquisas feitas por mim.

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