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| Li Zhisui e Mao Tsé Tung Fonte: Aventuras na História |
Mao Tsé-Tung (1893-1976) foi um político, teórico, líder comunista e revolucionário chinês. Liderou a Revolução Chinesa e foi o criador e fundador da República Popular da China, governando o país desde a sua criação em 1949 até à sua morte em 1976.
Durante anos, a visão que as pessoas tinham de Mao, de um grande revolucionário modernizador e salvador nacional, tornou-se insustentável, com muitos a passarem a vê-lo como um ser tragicamente falho e inescrupuloso.
Muita desta visão, no entanto, só foi possível graças aos relatos de Li Zhisui, médico pessoal do líder comunista.
Os seus relatos foram registados no livro "A Vida Provada do Presidente Mao", publicado em 1994. Partes dos seus relatos foram publicados no The Independent, no ano seguinte.
Li Zhisui, vindo de uma longa linhagem de médicos, desejava ser cirurgião. Assim, ofereceu os seus trabalhos à emergente República Popular da China, ficando extremamente feliz quando foi colocado para servir Mao.
No entanto, os seus relatos dos 22 anos de serviço passaram de um sonho para uma história de terror, que terminou quando Mao deu o seu último suspiro.
Para Li a morte de Mao foi um alívio, pelo menos até certo ponto, já que ele tinha medo de que, na atmosfera cheia de intrigas do palácio, alguns daqueles que disputavam o poder pudessem acusá-lo de ter causado a morte do líder.
Durante o seu tempo de serviço, Li sentiu-se afrontado com as crenças e hábitos pessoais do governante chinês, que acreditava que podia ganhar a longevidade ao deitar-se com o maior número possível de mulheres, tendo uma certa preferência por camponesas pouco sofisticadas, que eram recrutadas pela sua comitiva.
A pesquisa do médico explica que Mao costumava nadar com frequência numa piscina anexa ao seu pavilhão de Zhongnanhai. Então, recusava-se a tomar banho.
Outra situação de falta de higiene era a de que Mao não lavava os dentes, "limpava-os" apenas quando ingeria chá chinês e mastigava folhas com os seus dentes esverdeados e cobertos de placas.
Mao sofria de insónias durante os seus longos períodos de inatividades, no entanto, de acordo com o médico, dormia muito bem quando se empenhava em planear a queda de alguém próximo.
No seu livro, Li regista a crença irreal que Mao tinha de que o "espírito" do homem poderia superar todas as suas impossibilidades físicas e económicas. Este pensamento, inclusive, causou a morte de milhões de pessoas.
Li também regista a sua própria inquietação na festa em Zhongnanhai, durante a grande fome em que milhões morreram nos "anos amargos", que se seguiram ao colapso do Grande Salto Adiante, a criação das Comunas e o enorme desperdício de metal e combustível nas milhares de fornalhas de quintal que Mao ordenou que fossem criadas.
Li ficou ao lado de Mao enquanto ele expressava suspeitas neuróticas sobre qualquer um dos seus colegas pouco entusiastas com os seus planos, ou com aqueles que insinuassem que o líder chinês era o responsável por qualquer um dos seus fracassos.
Mao passou a raramente sair da sua enorme cama, imerso em romances de antigas intrigas da corte e biografias de impiedosos imperadores chineses, que estava determinado a imitar, Mao ficava cada vez mais isolado do mundo.
Mao via-se como um génio frustrado por homens inferiores e traidores, acreditando que as suas depressões só poderiam ser curadas por decisões de ação que, dada a sua falta de informações confiáveis e as distorções da sua neurose, só mergulharam a China em crise após crise.
No entanto, muitas vezes contra a sua consciência, Li serviu Mao fielmente, mas com algum custo. Li abandonou a sua ambição de ser cirurgião, arruinou a sua vida familiar e desapontou a sua mulher.
Em 1988, Li conseguiu chegar aos EUA, onde relembrou os eventos que uma vez registou numa pilha de diários, que foi forçado a queimar.
Com a ajuda de estudiosos americanos, escreveu novamente num estilo científico cuidadosamente não emocional.
Casado e com dois filhos, Li morreu em Chicago, nos EUA, a 13 de fevereiro de 1995, aos 75 anos, vítima de ataque cardíaco.
Fonte: Aventuras na História | Wikipédia
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