sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Sequestro do Autocarro 174

Imagens do Sequestro do Autocarro 174

O sequestro do autocarro 174 foi um acontecimento marcante para a policia do Rio de Janeiro, no Brasil.

Aconteceu no dia 12 de junho de 2000, às 14h20, quando o autocarro da linha 174 (Central-Gávea) ficou detido no bairro do Jardim Botânico por quase cinco horas.

O sequestro foi levado a cabo por Sandro Barbosa do Nascimento, um sobrevivente da Chacina da Candelária - chacina que ocorreu em 1993, perto da Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, onde oito jovens sem abrigo foram assassinados por polícias militares.

Uma das frases ditas por Sandro durante o sequestro foi: "Aí, parceiro: pode-me filmar legal. Se liga só: eu estava na Candelária, o bagulho é sério, mataram os irmãozinhos na maior 'judaria'. Então eu não tenho mais nada a perder mais, não, irmão!"

O sequestro começou e vinte minutos depois um dos passageiros conseguiu pedir ajuda a um carro da polícia que passava na rua. O autocarro então foi interceptado por dois policias.

A situação era de pânico. O motorista e o cobrador abandonaram a viatura e alguns passageiros conseguiram sair, saltando pelas janelas e pela porta traseira.

No entanto, onze pessoas foram feitas reféns.

Luciana Carvalho foi uma das primeiras que teve a arma colocada na cabeça. Sandro levou-a para a frente do autocarro e queria que ela o conduzisse. Foi aí que se deu o primeiro disparo, um tiro contra o vidro do autocarro, para intimidar os jornalistas que se encontravam no local.

Willians de Moura, na época estudante, foi o primeiro a ser libertado, e único do sexo masculino. Ficando dez reféns do sexo feminino. Após a sua libertação, Sandro apontou a arma à cabeça de Janaína Neves e fê-la escrever nas janelas com batom frases como "Ele vai matar geral às seis horas" e "Ele tem pacto com o diabo".

Passado um bocado, Sandro liberta uma mulher, Damiana Nascimento Souza, que tinha sofrido um AVC no autocarro. Segundo uma reportagem da Revista Época, o derrame "deixou-a sem a fala e sem os movimentos do lado esquerdo do corpo (...) Desde então, caminha com dificuldade, comunica-se por escrito e apenas dois motivos a fazem deixar a sua casa: ir ao médico e depositar flores no local da tragédia".

Outro dos momentos de maior tensão foi quando o sequestrador andou de um lado para o outro com um lençol na cabeça de Janaína. Segundo ela, Sandro afirmou que iria contar de um até 100, e quando chegasse ao fim, ele a mataria. Sandro contava, saltando alguns números e, ao chegar ao número 100, fez a refém se baixar e fingiu dar-lhe um tiro na cabeça. Após isso, fez ameaças "Delegado, já morreu uma, vai morrer outra".

Às 18h50 Sandro decidiu sair do autocarro, usando a professora Geísa Firmo Gonçalves como escudo. Ao descer, um polícia do BOPE tentou alvejar Sandro com uma submetralhadora e acabou por errar o tiro, acertando a refém de raspão no queixo. Geisa acabou por levar mais três tiros nas costas, disparados por Sandro.
Saída de Sandro e Geísa do Autocarro 174
Com a refém morta, Sandro foi imobilizado enquanto uma multidão correu para tentar linchá-lo. Ele foi colocado no porta-bagagens da viatura com outros polícias a segurarem-no. Sandro acabou por falecer no carro vítima de asfixia.

Após alegações de que a morte de Sandro foi ocasional, os policias responsáveis pela sua morte foram levados a julgamento por assassinato e foram declarados inocentes.

Apesar de toda a violência cometida por Sandro durante o sequestro, a tragédia do autocarro 174 também ficou marcada como uma operação policia falhada, sendo exemplo do que não se deve fazer em casos semelhantes. O trágico desfecho causado pelo evento teve, em grande parte, contribuição de uma atuação desastrada da polícia que, ao tentar neutralizar o sequestrador, acabou por atingir a vítima que era utilizada como escudo. Com isto deu tempo de Sandro, armado, disparar três vezes nas costas da refém Geisa.


MZ

A(s) imagem(ns) podem ser encontradas em vários sites da Internet, o texto é baseado em várias pesquisas feitas por mim.

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