Artur Alves dos Reis - Maior burlão português da História |
Foi o cabecilha da maior falsificação de notas de banco da História - notas de 500 escudos, em 1925.
Nota de 500 escudos |
Em 1916, emigrou para Angola, para tentar fazer fortuna e assim escapar às humilhações por parte da família rica da mulher. Começou a trabalhar como funcionário público nas obras públicas de esgotos.
Para emigrar para Angola fez-se passar por engenheiro, depois de ter falsificado um diploma de Oxford, de uma escola politécnica de engenharia que nem sequer existia a Polytechnic School of Engineering.
Segundo o diploma falsificado, Artur teria estudos de ciência da engenharia, geologia, geometria, física, metalurgia, matemática pura, paleografia, engenharia elétrica e mecânica, mecânica e física aplicadas, engenharia civil e mecânica, engenharia geral, design mecânico e civil, ou seja, praticamente tudo.
Com um cheque sem cobertura, comprou a maioria das ações da Companhia dos Caminhos de Ferro Transafricanos de Angola, em Moçâmedes. Tornou-se rico e ganhou prestígio.
Voltou a Lisboa em 1922, comprou uma empresa de revenda de automóveis americanos. Depois tentou apoderar-se da Companhia Ambaca. Para conseguir, passou cheques sem cobertura e usou depois o dinheiro da própria Ambaca para cobrir os cheques sobre a sua conta pessoal.
No entanto, antes de controlar toda a Ambaca, foi descoberto e preso no Porto, em julho de 1924, por desfalque, foi acusado também de tráfico de armas.
Foi durante os 54 dias que esteve preso que criou o seu plano mais ousado. A sua ideia era falsificar um contrato em nome do Banco de Portugal, o banco central emissor de moeda, e que na altura era uma instituição parcialmente privada, que lhe permitiria obter notas ilegítimas mas impressas numa empresa legítima e com a mesma qualidade das verdadeiras.
Artur contactou vários cúmplices e outros colaboradores que de boa-fé o podiam ajudar a pôr o seu plano em prática. Artur fez um contrato fictício e conseguiu que este contrato fosse reconhecido notarialmente.
Através de um cúmplice dirigiu-se a uma empresa de papel-moeda holandesa, mas esta remeteu-os para a empresa britânica Waterlow & Sons Limited de Londres, que era efetivamente a casa impressora do Banco de Portugal.
A empresa britânica imprimiu 200 mil notas de 500 escudos, efígie Vasco da Gama chapa 2, com a data de 17 de novembro de 1922. O número total de notas falsas de 500 escudos era quase tão elevado como o de notas legítimas.
A primeira entrega foi feita em fevereiro de 1925. As notas passavam de Inglaterra a Portugal, com a ajuda dos seus cúmplices.
Artur, embora fosse o mentor da fraude e o falsificador de todos os documentos, ficava só com 25% das notas. Ainda assim, com este dinheiro fundou o Banco de Angola e Metrópole em junho de 1925.
Para conseguir a abertura deste banco, recorreu também a diversas outras falsificações. Investiu na bolsa de valores e no mercado de câmbios. Comprou o Palácio do Menino de Ouro, em Lisboa, ao milionário Luís Fernandes. Adquiriu três quintas e uma frota de táxis.
Gastou também, uma grande quantia, em jóias e roupas caras para a sua mulher, durante estadias em Paris. Tentou comprar também o Diário de Notícias.
Ao longo de 1925 começaram a surgir rumores de notas falsas, mas os especialistas de contrafação dos bancos não detetaram nenhuma nota que parecesse falsa. A partir de 23 de novembro de 1925, Artur e os negócios pouco transparentes do Banco de Angola e Metrópole começaram a atrair a curiosidade dos jornalistas de O Século, o mais importante diário português da altura.
O que os jornalistas queriam perceber era como o Banco de Angola e Metrópole concedia empréstimos a taxas de juros baixas, sem precisar de receber depósitos. Inicialmente pensou-se ser uma tática alemã para perturbar o país e obter vantagens junto da colónia angolana.
A burla é publicamente revelada a 5 de dezembro de 1925 nas páginas de O Século. No dia anterior, o Banco de Portugal tinha enviado para o Porto o inspetor do Conselho do Comércio Bancário João Teixeira Direito para investigar os grandes depósitos pelo Banco de Angola e Metrópole em notas de 500 escudos novas na firma cambista Pinto da Cunha.
Só a altas horas conseguiram detetar uma nota duplicada, com o mesmo número de série, nos cofres da delegação do Porto do Banco Angola e Metrópole. Depois muitas mais notas duplicadas apareceram.
O património do Banco de Angola e Metrópole foi confiscado e obtidas provas junto da Waterlow & Sons Limited. Artur Alves dos Reis é preso a 6 de dezembro, quando se encontrava a bordo do "Adolph Woerman" ao regressar de Angola. A maior parte dos seus associados também foram presos.
Artur esteve preso, aguardando julgamento de 6 de dezembro de 1925 a 8 de maio de 1930. Durante este tempo conseguiu convencer um juiz de instrução que a própria administração do Banco de Portugal estava implicada na fraude, tendo falsificado documentos na prisão e tentado suicidar-se.
O Banco de Portugal ordenou a retirada de circulação de todas as notas de 500 escudos, a 6 de dezembro de 1925.
Foi julgado em Lisboa no tribunal de Santa Clara, condenado a 20 anos - 8 de prisão e 12 de exílio ou, em alternativa, 25 anos de exílio.
Durante o julgamento, alegou que o seu objetivo era simplesmente desenvolver Angola.
Foi libertado em maio de 1945. Foi-lhe oferecido um emprego de empregado bancário, que recusou.
Mais tarde, ainda, voltou a ser condenado por uma burla de venda de café de Angola, mas já não cumpriu pena.
Morreu de ataque cardíaco a 9 de junho de 1955, pobre.
A 27 de outubro de 2005 decorreu um leilão com umas notas falsas de Alves dos Reis com base de licitação estimada no valor de 6,500€
A burla é publicamente revelada a 5 de dezembro de 1925 nas páginas de O Século. No dia anterior, o Banco de Portugal tinha enviado para o Porto o inspetor do Conselho do Comércio Bancário João Teixeira Direito para investigar os grandes depósitos pelo Banco de Angola e Metrópole em notas de 500 escudos novas na firma cambista Pinto da Cunha.
Só a altas horas conseguiram detetar uma nota duplicada, com o mesmo número de série, nos cofres da delegação do Porto do Banco Angola e Metrópole. Depois muitas mais notas duplicadas apareceram.
O património do Banco de Angola e Metrópole foi confiscado e obtidas provas junto da Waterlow & Sons Limited. Artur Alves dos Reis é preso a 6 de dezembro, quando se encontrava a bordo do "Adolph Woerman" ao regressar de Angola. A maior parte dos seus associados também foram presos.
Artur esteve preso, aguardando julgamento de 6 de dezembro de 1925 a 8 de maio de 1930. Durante este tempo conseguiu convencer um juiz de instrução que a própria administração do Banco de Portugal estava implicada na fraude, tendo falsificado documentos na prisão e tentado suicidar-se.
O Banco de Portugal ordenou a retirada de circulação de todas as notas de 500 escudos, a 6 de dezembro de 1925.
Foi julgado em Lisboa no tribunal de Santa Clara, condenado a 20 anos - 8 de prisão e 12 de exílio ou, em alternativa, 25 anos de exílio.
Durante o julgamento, alegou que o seu objetivo era simplesmente desenvolver Angola.
Foi libertado em maio de 1945. Foi-lhe oferecido um emprego de empregado bancário, que recusou.
Mais tarde, ainda, voltou a ser condenado por uma burla de venda de café de Angola, mas já não cumpriu pena.
Morreu de ataque cardíaco a 9 de junho de 1955, pobre.
A 27 de outubro de 2005 decorreu um leilão com umas notas falsas de Alves dos Reis com base de licitação estimada no valor de 6,500€
MZ
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