sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Religião: Judaísmo

Portugal é um país laico, quer isto dizer que não tem uma religião oficial, o que permite a cada indivíduo escolher a sua religião, se quiser ter uma. No entanto, a maioria dos portugueses são da religião católica (81% - censos de 2011), havendo oficialmente feriados religiosos ao longo do ano.

Eu, apesar de vir de uma família católica, mas que nunca foram muito assíduos o que me levou a questionar algumas coisas e preferir manter-me "afastada" da religião, tentando perceber um pouco de todas as religiões. Por isso, vou fazer uma série de post's sobre as religiões ao redor do mundo, tentando mostrar as características, curiosidades, coisas boas e menos boas de cada religião.

Uma religião é um conjunto de crenças, além de visões do mundo, que estabelece os símbolos que relacionam a humanidade com a espiritualidade e os seus próprios valores morais.

2. Judaísmo


É uma das três principais religiões abraâmicas, definida como "religião, filosofia e modo de vida" do povo judeu.

É considerada a primeira religião monoteísta a aparecer na História, ou seja, tem como crença principal a existência de um Deus.

Para os Judeus, Deus fez um acordo com os hebreus, fazendo com que eles se tornassem o povo escolhido e prometendo-lhes a terra prometida.

De acordo com as escrituras sagradas, por volta de 1800 a.C., Abraão recebeu um sinal de Deus para abandonar o politeísmo e viver em Canaã (atual Palestina). Por volta de 1700 a.C., o povo Judeu migra para o Egito, onde são escravizados pelos faraós por, aproximadamente, 400 anos. A libertação do povo Judeu ocorre por volta de 1300 a.C. A fuga do Egito foi comandada por Moisés, que recebe as tábuas dos Dez Mandamentos no monte Sinal. Durante 40 anos foram peregrinos pelo deserto, até receber um sinal de Deus para voltarem para a terra prometida.
Ilustração: O Chamado de Abraão
Jerusalém é transformada num centro religioso pelo rei Davi. Após o reinado de Salomão, filho de Davi, as tribos (doze tribos que formam o povo Judeu originárias dos filhos de Jacó, filho de Isaque que por sua vez é filho de Abraão) dividem-se em dois reinos - Reino de Israel e Reino de Judá. Neste momento de separação, aparece a crença da vida de um Messias que iria reunir o povo de Israel e restaurar o poder de Deus sobre o mundo.
Divisão do Reino de Israel e do Reino de Judá
A 721 a.C., começa a diáspora (deslocamento, normalmente forçado) judaica com a Invasão Babilónica. O imperador da Babilónia, após invadir o Reino de Israel, destrói o templo de Jerusalém e deporta grande parte da população judaica.

No século I, os romanos invadem a Palestina e destroem o templo de Jerusalém. No século seguinte, destroem a cidade de Jerusalém, provocando a segunda diáspora judaica. Após estes episódios, os Judeus espalharam-se pelo mundo, mantendo a cultura e a religião.

Em 1948, o povo Judeu retoma o carácter de unidade após a criação do estado de Israel.

O Judaísmo tem como livros sagrados o Torá ou Pentaleuco, de acordo com os Judeus, é considerado o livro sagrado que foi revelado diretamente por Deus. Fazem parte do Torá: Génesis, o Êxodo, o Levítico, os Números e o Deuteronómio. O outro livro é Talmude que reúne muitas tradições orais e é dividido em quatro livros: Mishnah, Targumn, Midrashim e Comentários.
Torá
O Judaísmo está baseado em três pilares de fé e serviço a Deus, representados pelas seguintes palavras em hebraico:
- Teshuvá - pode ser entendido como arrependimento e retorno às origens puras e boas quando se comete algum erro;
- Tefilá - significa prece e a ligação com Deus;
- Tsedacá - pode ser traduzido por caridade mas no sentido de justiça, de doar aquilo que Deus confiou a si para que entregasse aos outros.

Para os Judeus, Deus é único e não possui imagem ou corpo. É a única entidade a ser louvada, sendo a autoridade máxima do Universo. Deus apenas se comunica com o seu povo por meio dos profetas, como foi Moisés.
Ilustração: Moisés e os Dez Mandamentos
A crença Judaica está dividida em diferentes linhas de tradição religiosa, sendo elas o Judaísmo Ortodoxo, o Judaísmo Conservador, o Judaísmo Reformista, o Judaísmo Reconstrucionista e o Judaísmo Humanista. Diferem entre elas, basicamente, as formas de ler a Torá e a interpretação das leis Judaicas.

Como o Judaísmo não idolatra imagens, existem poucos símbolos desta religião. O maior símolo, que é um sinal de reconhecimento do povo Judeu em todo o mundo é a Estrela de Davi, uma estrela formada por dois triângulos sobrepostos, com seis pontas.
Estrela de Davi
A Estrela de Davi era utilizada em faixas nos braços dos prisioneiros Judeus para diferenciá-los nos campos de concentração, durante o Holocausto da Segunda Guerra Mundial.
Um exemplo de Estrela de Davi para identificar os Judeus como se vê na imagem durante o Holocausto da Segunda Guerra Mundial
Outro símbolo é o Menorá, o candelabro de sete braços utilizado nas cerimónias e rituais.
Menorá
Um dos principais rituais é o Bar Mitzvah, que é a iniciação do menino na vida adulta, por volta dos 12 anos de idade. Para as meninas, o nome do ritual é Bat Mitzvah.
Rituais de Bar Mitzvah e Bat Mitzvah
Os homens Judeus ainda passam pelo ritual da circuncisão (remoção do prepúcio do pénis), com apenas oito dias de vida.

Há um ritual de imersão em água, chamado de Mikvá. Geralmente é utilizado para a purificação da mulher após a menstruação e o nascimento de um filho e também é requerido aos que convertem ao Judaísmo. A imersão é também praticada pelos homens antes do Yom Kippur e, em algumas comunidades, assume-se como um ritual semanal antes do Shabbat.

O ritual de Mikvá também é utilizado pela noiva antes do casamento, em algumas comunidades judaicas este ato é uma razão de festa para todas as amigas da noiva.

Mikvá trata-se de um tanque ou piscina de água viva, em princípio água das chuvas ou de fonte natural, ao estar em contacto com outro tanque com água da torneira, torna-se em água viva. As mulheres mergulham nesta água purificada uma semana depois do fim da menstruação, ou seja, antes de voltarem a ter relações sexuais com os maridos. No caso das noivas faz-se antes do primeiro encontro sexual que deverá ser no dia do casamento.
Local para o Ritual de Mikvá
O dia de descanso dos Judeus é chamado de Shabat ou Sabá, é um período de gratidão e contemplação em que não se deve trabalhar e começa no pôr do sol de sexta-feira e acaba no anoitecer de sábado.

O templo Judeu é chamado de Sinagoga, e quem orienta os trabalhos religiosos é o Rabino.
Um Rabino
O Judaísmo possui algumas tradições religiosas e culturais e relação ao vestuário, dentro das quais se destacam:
 - Nas cerimónias, os homens usam uma espécie de touca, chamada de Kippa, em demonstração de respeito ao criador;
Kippa
- Tefilin é o nome dado a duas caixinhas de couro, cada qual presa a uma tira de couro de animal Kasher, dentro das quais está contido um pregaminho com os quatro trechos da Torá em que se baseia o uso dos filactérios.
Tefilin
- Tzitzit é o nome dado às franjas do Talit que servem como meio de lembrança dos mandamentos de Deus.
Tzitzit

O Hebraico "A Língua Sagrada" é o principal idioma utilizado no Judaísmo e é utilizado como língua litúrgica durante séculos. No entanto diversas comunidades Judaicas utilizam outros idiomas cuja origem na sua maioria surgem na mistura do hebraico com idiomas locais.

As Festas Judaicas são móveis, seguem um calendário lunissolar. As principais são:
  • Purim - os judeus comemoram a salvação de um massacre elaborado pelo rei persa Assucro;
  • Pessach (Páscoa) - comemora-se a libertação da escravidão do povo Judeu no Egito, em 1300 a.C.;
Matzá - é comido durante o Pessach
  • Shavuót - celebra a revelação da Torá ao povo de Israel, por volta de 1300 a.C.;
  • Rosh Hashaná - é comemorado o Ano Novo Judeu
  • Yom Kipur - considerado o dia do perdeu, os Judeus fazem jejum por 25 horas seguidas para purificar o espírito;
  • Sucót - refere-se à peregrinação de 40 anos pelo deserto, após a libertação do cativeiro do Egito;
  • Chanucá - comemora-se o fim do domínio assírio e a restauração do templo de Jerusalém;
  • Simchat Torá - celebra a entrega dos Dez Mandamentos a Moisés.
Celebração do Simchat Torá

Alimentação
A alimentação era baseada em couves, vinhos, especiarias, molhos, cerveja e o mais importante, o pão. Os Judeus não comem carne de porco, cavalo, camelo, coelho, caranguejo, lagosta e camarão. Os alimentos podem ser Casher que significa que são apropriados ou Treifá que é um alimento inapropriado.

O casamento
Na cerimónia do casamento Judaico, normalmente é conduzida pelo rabino e pelo razan, mas qualquer Judeu sábio, ou seja, os homens mais velhos e com mais experiência na comunidade, podem celebrar o casamento.
Casamento Judeu
Um dos símbolos mais marcantes num casamento Judaico é a quebra do copo do noivo, em que todos os convidados gritam Mazel Tov, que significa sorte. O noivo quebra esse copo que é colocado no chão para recordar a destruição do antigo templo de Jerusalém, além de proporcional ao casal a sua identidade de povo Judeu.
Ritual da quebra do copo pelo noivo no casamento Judeu
A cerimónia do casamento realiza-se na Shuppa, é decorado com vários materiais - seda, veludo, rendas, etc. Durante a cerimónia é erguido sobre quatro esteios.
Shuppa
Durante o casamento os noivo bebem dois copos de vinho, que simbolizam a alegria e a tristeza que o casal encontrará na vida. Ao misturarem o vinho de um copo no outro, os noivos mostram firmeza e confiança na solução dos seus problemas, quer em momentos de alegria ou tristeza no futuro.
Ritual do vinho durante o casamento Judeu

Alguns Lugares Sagrados
- Parede do Templo ou Muro das Lamentações: é a única parte dos templos que resta depois destes serem destruídos, em Jerusalém. Este local é visitado por Judeus e não Judeus de todo o mundo. Os peregrinos vão rezar sozinhos ou em grupo e colocam pequenos pedaços de papeis com orações e pedidos entre as pedras sagradas do muro.
Muro das Lamentações em Jerusalém
- Jerusalém: é a cidade mais sagrada na Terra, abrigou os templos por centenas de anos.
Jerusalém
- A Cidadela: é também conhecida como Torre de Davi, construída no século II a.C. e aprimorada nos séculos I, XV e XVI d.C., a Cidadela foi usada como meio de defesa, aguentando as investidas dos soldados do Papa Urbano II durante a Primeira Cruzada.
Cidadela ou Torre de Davi na Cidade Velha de Jerusalém
- Sinagoga de Ramban: a primeira grande sinagoga de Jerusalém, erguida 500 anos após os Judeus serem expulsos. Ficava perto do monte Sibão, mas mudou para a sua localização atual por volta de 1400. Em 1599, deixou de ser uma sinagoga a mando dos otomanos que controlavam Jerusalém. Voltou a ter a sua função em 1967, com Israel obtendo o controlo da Cidade Velha.
Sinagoga de Ramban em Jerusalém

MZ

A(s) imagem(ns) podem ser encontradas em vários sites da Internet, o texto é baseado em várias pesquisas feitas por mim.

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