quarta-feira, 30 de maio de 2018

D. Maria Pia, Rainha de Portugal

D. Maria Pia de Sabóia, Rainha de Portugal
D. Maria Pia de Sabóia nasceu em Turim, em Itália, a 16 de outubro de 1847.

Filha do Rei Emanuel II da Sardenha e I da Itália e da Arquiduquesa D. Adelaide da Áustria.
Pais de D. Maria Pia, Rei Emanuel II da Sardenha e I de Itália e D. Adelaide da Áustria
Era uma aluna razoável, mas não se aplicava muito, tinha jeito para desenho e música, mas dificuldade em aprender línguas estrangeiras.

Dada a urgência de haver descendentes na Coroa Portuguesa, após a morte de um rei e de um sucessor solteiro, deu-se uma procura por uma princesa europeia para casar, tendo a escolha recaído sobre D. Maria Pia de Sabóia.

D. Maria Pia casou-se com o Rei D. Luís I, por procuração, em Turim, a 27 de setembro de 1862. Devido à morte da avó paterna do Rei não houveram grandes festejos em Lisboa, iluminando-se apenas algumas habitações.

A 9 de Agosto de 1862, foi assinado, em Turim, o tratado matrimonial com 15 artigos:

Art. 1º – O rei Vítor Manuel II acedia ao pedido do Rei D. Luís I de Portugal concedendo-lhe a mão da sua filha, a princesa Maria Pia de Sabóia. O casamento por procuração devia verificar-se em Turim, no mês de Setembro, e por palavras de presente, em Lisboa, logo que aí chegasse a rainha.
Art. 2º – Depois do casamento por palavras de futuro, verificado em Turim, seria a rainha conduzida a Génova, à custa do Rei de Itália; e depois de entregue ao Comissário de Portugal, embarcaria para Lisboa num navio de guerra português.
Art. 3º – O Rei de Itália dava quinhentos mil francos de dote.
Art. 4º – A noiva conservava o direito a qualquer herança que em Itália lhe pudesse caber de qualquer modo, podendo dispor dela como quisesse.
Art. 5º – O Rei de Itália dava 100 mil francos para enxoval, e jóias no valor de 250 mil francos. Tanto estes bens como os que fossem adquiridos durante o matrimónio teriam a natureza de parafernais, houvesse ou não filhos.
Art. 6º – O dote devia ser entregue ao tesouro português, vencendo juro de 5% ao ano, pago aos trimestres, ou empregado em bens de raiz, cessando neste caso o juro e a hipoteca.
Art. 7º – O Rei de Portugal dava de hipoteca ao dote da sua esposa a parte dos rendimentos do Estado que fosse suficiente para isso.
Art. 8º – O Rei de Portugal dava à rainha, sua esposa uma dotação de 60.000$000 reis anuais, na conformidade da lei de 1 de Julho de 1862.
Art. 9º – As despesas da casa da Rainha, damas, criados, etc. ficavam a cargo da sua dotação.
Art. 10º – Ficando viúva, a rainha conservava a sua dotação.
Art. 11º – Ficando viúva sem filhos, e residindo em Portugal, teria, além da dotação, um palácio para habitar. Se, porém, fosse residir fora do reino, só teria metade da dotação e não teria direito a indemnização alguma pela habitação que abandonasse.
Art. 12º – Ficando viúva sem filhos, residindo ou não em Portugal, podia dispor de todos os seus bens, e ser-lhe-ia restituído o dote, vencendo 5% de juro até completo reembolso.
Art. 13º – Ficando viúva com filhos, teria, querendo, palácio de residência em separado. Se, porém, saísse de Portugal, só teria metade da dotação e um terço dos bens; dos outros dois terços, que pertenciam aos filhos, só gozaria usufruto na razão de 5% ao ano.
Art. 14º – Ficando o Rei viúvo sem filhos, o dote e bens volveriam aos herdeiros da rainha.
Art. 15º – Devia este tratado ser ratificado dentro de dois meses, ou antes se possível fosse.

Antes de partir para Portugal, D. Maria Pia entregou ao sindico de Turim 20 mil francos para distribuir pelos pobres, tendo, também, pedido a seu pai, para decretar uma amnistia para todos os presos políticos, pedido que foi aceite.

A 29 de setembro, embarcou a bordo da corveta Bartolomeu Dias, indo para Lisboa. Chegou à capital a 5 de outubro, onde tinha à sua espera fora da barra os vapores de guerra Lince e Argos, os vapores de comércio D. Antónia, D. Luís, Açoriano e Torre de Belém.

Ao chegar a Belém, subiu imediatamente a bordo o Rei D. Luís I e o seu pai D. Fernando II, o Conselho de Estado e o Ministério.

O desembarque da Rainha aconteceu no dia seguinte. Havia um vistoso pavilhão na Praça do Comércio. Concluída a entusiástica cerimónia na Praça do Comércio, o grandioso cortejo dirigiu-se para a Igreja de São Domingos, onde se deu a cerimónia da ratificação do casamento pelo Cardeal Patriarca D. Manuel I. Em comemoração realizaram-se festas durante três dias.
D. Maria Pia e D. Luís I, Reis de Portugal, em 1862
Casada com apenas 15 anos, rapidamente cumpriu com o seu principal papel, o de dar descendência ao trono. Tendo dois filhos, D. Carlos em 1863 e D. Afonso em 1865.
D. Maria Pia com os filhos, D. Carlos e D. Afonso
D. Maria Pia foi uma mãe extremosa e uma Rainha atenta aos mais necessitados. Durante o rigoroso inverno de 1876, no qual muitas famílias ficaram na miséria devido às grandes inundações que a chuva provocou, a Rainha tomou a iniciativa de organizar uma comissão de angariação de donativos.

Tanto a Câmara dos Deputados como a Câmara dos Pares exaltaram a iniciativa e, a sociedade francesa Société d'Encouragement au Bien conferiu-lhe a grande medalha de honra, em 1877.

Em março de 1888, quando circulou em Lisboa a notícia do incêndio do Teatro Baquet, no Porto, a D. Maria Pia partiu imediatamente de comboio, numa noite de temporal, vestida de luto. Destacou-se pela solidariedade para com os parentes das vítimas, correndo pelas vielas mais sórdidas da cidade do Porto, a distribuir esmolas a todos os afetados.

Fundou muitos estabelecimentos de solidariedade social, como a Creche Victor Manuel, na Tapada da Ajuda, em 1878, mandando construir um edifício próprio para essa instituição.

Habituada aos luxos da Corte de Turim, era amante da alta costura e de festas, como bailes de máscaras. Numa noite de fevereiro de 1865, chegou a usar três trajes diferentes.

Ficou conhecida como "O Anjo da Caridade e a Mãe dos Pobres" pela sua compaixão e causas sociais. Ficou, também, conhecida por dizer em resposta à crítica de um dos seus ministros devido as seus gastos: "Quem quer Rainhas, paga-as".

Com a morte de D. Luís I, em 1889, sobe ao trono o seu filho D. Carlos I, tornando-se na Rainha-Mãe D. Maria Pia de Portugal.

Continuou a residir no Palácio Nacional da Ajuda, cuja a decoração se deve ao seu gosto. Chegou a ser Regente no reinado do seu filho, quando este fazia visitas oficiais com a esposa ao estrangeiro.

Na sequência do Regicídio de 1908, em que o seu filho D. Carlos I e o seu neto, o herdeiro ao trono D. Luís Filipe foram assassinados, D. Maria Pia foi abatida pelo desgosto, começando a apresentar sinais de demência. Durante o breve reinado do neto mais novo, D. Manuel II, manteve-se praticamente retirada do público e quase sempre acompanhada do seu filho mais novo, D. Afonso.

Com a implantação da República, a 5 de outubro de 1910, D. Maria Pia partiu para o exílio, mas não junto dos restantes membros da família real. Partiu para o seu Piemonte natal, onde viria a falecer no ano seguinte, a 5 de julho de 1911. Foi acompanhada no exílio pela Marquesa de Nisa e por João de Benjamim Pinto, Conde de Vialonga.
Assinatura de D. Maria Pia, Rainha de Portugal


MZ

A(s) imagem(ns) podem ser encontradas em vários sites da Internet, o texto é baseado em várias pesquisas feitas por mim

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