terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Casal Judeu Espião da União Soviética - Casal Rosenberg

 

Casal Rosenberg (ao centro)
Fonte: Aventuras na História - Uol

Julius Rosenberg (1918-1953) e Ethel Greenglass Rosenberg (1915-1953) foram um casal judeu norte-americano que foi executado em 1953 após serem denunciados e condenados por espionagem. 

Julius nasceu numa família de imigrantes judeus na cidade de Nova Iorque. Formou-se em engenharia elétrica em 1939 e no ano seguinte começou a trabalhar no Exército como técnico de radar.

Ethel também nasceu numa família judaica de Nova Iorque. Era aspirante a atriz e cantora, mas acabou por ser secretária numa companhia de navegação. Envolveu-se em disputas trabalhistas e juntou-se à Liga Jovem Comunista, onde conheceu Julius. O casal teve dois filhos, Robert e Michael.

De acordo com o ex-agente da NKVD Alexander Feklisov, Julius foi originalmente recrutado pela KGB no Dia do Trabalho de 1942 pelo ex-espião da NKVD Semyon Semyonov.

Durante a Segunda Guerra Mundial, os governos da União Soviética e dos EUA fizeram parte das Forças Aliadas contra a Alemanha Nazi. Mesmo assim, o governo norte-americano era altamente suspeito em relação às intenções de Josef Stalin e, dessa forma, os norte-americanos não partilhavam informações estratégicas com os soviéticos, especialmente em relação ao Projeto Manhattan.

No entanto, os soviéticos estavam conscientes do projeto devido à espionagem que exerciam no governo e fizeram várias tentativas de infiltração nas suas operações na Universidade de Berkeley.

Alguns participantes do projeto, alguns deles do alto escalão, ofereceram voluntariamente informações secretas aos agentes soviéticos, muitos porque tinham afinidades com o comunismo e achavam que os EUA não deveriam exercer monopólio sob as armas atómicas.

Após a guerra, o governo dos EUA continuou a proteger os seus segredos nucleares, mas a União Soviética já era capaz de produzir as suas próprias armas atómicas em 1949.

O Ocidente ficou chocado com a rapidez com que os soviéticos foram capazes de fazer o seu primeiro teste nuclear, intitulado de "Joe 1".

Em janeiro de 1950 foi descoberto que um refugiado alemão, físico teórico a trabalhar para os britânicos no Projeto Manhattan, Klaus Fuchs, tinha passado documentos importantes para os soviéticos durante a guerra.

Klaus Fuchs
Fonte: Atomic Archive

Através da confissão de Klaus, agentes dos serviços de inteligência dos EUA e da Grã-Bretanha foram capazes de desvendar o seu informante, Harry Gold que foi preso a 23 de maio de 1950. Harry Gold confessou ter obtido dados de um ex-maquinista em Los Alamos. Não sabia o nome dele, mas sabia que a mulher chamava-se Ruth. Assim os investigadores chegaram ao Sargento David Greenglass, que confessou ter passado informações secretas à União Soviética.

Sargento David Greenglass
Fonte: Wikipédia

Inicialmente negou qualquer envolvimento da irmã Ethel no caso, mas afirmou que o cunhado, Julius, a convenceu a recrutar o irmão durante uma visita a Gold em Albuquerque, Novo México, em 1944 e que ele também tinha passado informações confidenciais aos soviéticos.

O julgamento dos Rosenbergs começou a 6 de março de 1951. O juiz Irving Kaufman, condenou-os à pena de morte, afirmando que o que eles tinham feito era "pior que assassinato".

Juiz Irving Kaufman
Fonte: Wikipédia

Entre o julgamento e a execução houve uma série de protestos e acusações de antissemitismo. Por exemplo, o vencedor do Prémio Nobel Jean-Paul Sartre chamou o caso de "um linchamento legalizado que mancha de sangue toda uma nação".

Outros, incluindo não comunistas como Albert Einstein e Harold Urey, além de artistas comunistas como Nelson Algren, Diego Rivera e Frida Kahlo, protestaram contra a posição do governo dos EUA no caso, que alguns viram como a versão norte-americana do caso Dreyfus.

O cineasta Fritz Lang e o dramaturgo Bertolt Brecht também fizeram declarações contra a morte do casal. O Papa Pio XII condenou a execução, e apelou ao Presidente Dwight D. Eisenhower para poupar o casal, mas o Presidente recusou-se e todos os outros recursos também foram recusados.

Apesar das anotações alegadamente feitas por Ethel conterem pouca informação relevante para o projeto atómico soviético, foi prova suficiente para o júri condenar o casal na acusação de conspiração para cometer espionagem.

Foi sugerido que Ethel tinha sindo indicada junto com o marido para que a promotoria pudesse usá-la para poderem fazer pressão em Julius para que este revelasse os nomes de outros envolvidos no caso. Se isto aconteceu de facto, obviamente não resultou.

O casal foi condenado pelo júri a 29 de março de 1951 e, a 5 de abril, sentenciados à morte pelo juiz. A condenação do casal serviu como combustível para as investigações de "atividades anti-americanas" do senador Joseph McCarthy.

Enquanto a devoção dos dois à causa comunista era bem documentada, os Rosenbergs negaram a participação nas acusações de espionagem mesmo minutos antes de serem levados para a cadeira elétrica.

Os Rosenbergs foram os únicos civis norte-americanos executados durante a Guerra Fria por espionagem. Na sua argumentação impondo a pena de morte ao casal, o juiz Kaufman responsabilizou os dois não só pela espionagem mas também pelas mortes da Guerra da Coreia.

Os seus apoiantes defendiam que a condenação era um exemplo escandaloso das perseguições típicas da histeria do momento, comparando o caso com o das caças às bruxas na Idade Média e em Salém.

Após a publicação da série de reportagens no National Guardian e a formação do Comité Nacional pela Justiça no Caso Rosenberg, alguns norte-americanos passaram a acreditar que ambos os Rosenbergs eram inocentes ou que receberam uma pena dura, dando início a uma campanha popular para tentar evitar a execução do casal.

Mas o casal foi executado ao pôr-do sol de 19 de junho de 1953 na prisão de Sing Sing, em Nova Iorque. Os seus túmulos encontram-se no cemitério Wellwood em Pinelawn, em Nova Iorque.



Fonte: Wikipédia


MZ

A(s) imagem(ns) podem ser encontradas em vários sites da Internet, o texto é baseado em várias pesquisas feitas por mim.

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