Pior Acidente Ferroviário de Portugal - Moimenta-Alcafache Fonte: Centro Notícias |
A 11 de setembro de 1985 aconteceu um acidente ferroviário na Linha da Beira Alta, em Portugal, que é considerado o pior desastre ferroviário ocorrido no país.
O acidente envolveu dois veículos, o "Rápido Internacional 314/315", que fazia o serviço internacional entre o Porto e Paris, que circulava com 18 minutos de atraso, e o outro fazia o serviço regional 1324, na direção de Coimbra.
O regional 1324 era composto pela locomotiva e por seis ou sete carruagens, já o internacional era formado por uma locomotiva e por cerca de 12 carruagens. No total, viajavam cerca de 460 pessoas.
O serviço Regional, com paragem em todas as estações e apeadeiros, chegou à estação de Mangualde, onde deveria ficar até fazer o cruzamento com o Internacional. No entanto, devido a não terem sido dado ordens para que a prioridade na circulação fosse atribuída ao serviço Internacional, o Regional continuou em viagem, estimando que o atraso na marcha do Internacional fosse suficiente para a chegada à estação de Nelas, onde, então, se poderia fazer o cruzamento. No entanto, o outro serviço estava a circular com um atraso menor do que o esperado. Ao pensar que a via estava livre, seguiu até à estação de Mangualde.
Após a partida, o chefe da estação de Nelas telefonou para a estação de Moimenta-Alcafache, para avisar da partida do Internacional, sendo, então, informado que o serviço Regional já se encontrava a caminho. Prevendo que ocorreria uma colisão, tentou avisar a guarda-barreira de uma passagem de nível entre ambas as estações, de modo a que esta parasse a composição através da ostentação de uma bandeira ou da colocação de petardos na via, no entanto, esta manobra não foi possível porque o comboio já tinha passado.
Por volta das 18h37 deu-se a colisão entre os dois comboios, a uma velocidade aproximada de 100 km/h. O choque destruiu as locomotivas e algumas carruagem em ambos os veículos, e provocou vários incêndios devido ao combustível presente nas locomotivas e nos sistemas de aquecimento das carruagens.
Devido ao facto dos materiais utilizados nas carruagens não serem à prova de chamas, o fogo rapidamente se propagou, produzindo grandes quantidades de fumo.
Pior Acidente Ferroviário de Portugal - Moimenta-Alcafache Fonte: www.trainlogistic.com |
Gerou-se então o pânico entre os passageiros, que tentavam sair das carruagens. Várias pessoas, entre elas crianças, ficaram presas nos destroços das carruagens, tendo sido socorridos por outros passageiros, outros não conseguiram sair a tempo, tendo morrido nos incêndios ou asfixiadas.
Os serviços de salvamento chegaram poucos minutos depois do acidente, a situação que encontraram era caótica, com incêndios no material circulante e na floresta em redor, vários feridos e passageiros em pânico.
Estima-se que tenham falecido cerca de 150 pessoas, embora as circunstâncias do acidente e a falta de controlo sobre o número de passageiros em ambos os serviços impeçam uma contagem exata do número de vítimas mortais.
A estimativa oficial aponta para 49 mortos, dos quais apenas 14 foram identificados, continuando ainda 64 passageiros oficialmente desaparecidos.
A maior parte dos restos mortais que não foram identificados foram sepultados numa vala comum junto ao local do acidente, aonde também foi construído um monumento em memória das vítimas e das equipas de salvamento.
Memorial às vítimas e equipas de salvamento do Acidente Ferroviário Moimenta-Alcafache Fonte: Wikipédia |
A investigação sobre o acidente apurou que os chefes das estações não comunicaram entre si, e ao posto de comando de Coimbra, como estava regulamentado, a alteração do local de cruzamento de Mangualde para Nelas, tivesse isto sido feito, a discrepância na circulação teria sido notada, e um dos comboios teria ficado parado na estação, de modo a se fazer o cruzamento em segurança.
Por outro lado, devido à falta de equipamento próprio, revelou-se impossível comunicar com os comboio envolvidos, a única forma de avisar os condutores era através da sinalização, e da instalação de petardos na via, o que, neste caso, não se revelou suficiente.
Após o acidente, foram instalados sistemas mais avançados de segurança, sinalização e controlo de tráfego, como o Controlo de Velocidade, permitindo uma maior eficiência e segurança nas operações ferroviárias, e fazendo com que acidentes como este sejam praticamente impossíveis de acontecer, por outro lado, a introdução de sistemas de rádio-solo permitiu uma comunicação direta entre os maquinistas e as centrais de controlo, e foi proibida a utilização de materiais que facilitem a propagação de chamas nos comboios.
Fonte: Wikipédia
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