quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Idade Média - O Pecado do Sexo

Pintura da Idade Média
Fonte: Aventuras na História

Na Idade Média, o casamento só existia para gerar filhos e restringir a tentação sexual promovida pelo diabo. 

Segundo o monge Graciano, que codificou e sistematizou a lei canónica numa rigorosa coletânea que permaneceu válida durante toda a Idade Média, o excesso de sexo entre marido e mulher era condenável, uma vez que o impulso sexual era um defeito passível de reprimenda divina.

Documentos de tribunais eclesiásticos e civis, quase todos produzidos por homens, na sua maioria monges ou autoridades religiosas, dão conta que, nessa época, muitos bispos adotavam a visão de que todo o ato sexual, mesmo dentro do casamento, envolvia pecado.

No entanto, enquanto permanecesse dentro dos limites matrimoniais, para fins reprodutivos e não ocorresse noutras circunstâncias, seria tolerado como pecado venial.

Moderar a luxúria era a regra de todo o bom cristão. O excesso de sexo dentro do casamento era tema constante nos círculos eclesiásticos.

Santo Tomás de Aquino e Santo Alberto Magno afirmavam que o sexo, quando em excesso, encurtava a vida, mirrava o físico, diminuía a acuidade mental e prejudicava a visão

Santo Agostinho alertava: "É também adúltero o homem que ama com demasiado ardor a sua mulher".

O orgasmo, força incontrolável, não era considerado um prazer racional e o corpo feminino, mais suscetível ao pecado e à corrupção, necessitava de permanente vigilância masculina. A mulher era a tentadora e, portanto, a ela eram reservadas as punições mais rigorosas.

As relações deviam ser apenas no período da noite, sem nudez completa, o homem sobre a mulher, duas vezes por semana e sem provocar a volúpia por meio de gestos, palavras ou atitudes impudicas. Posições desviantes ultrajavam a ordem natural e provocavam a ira de Deus.

Imagens sobre a sexualidade na Idade Média
Fonte: YouTube

Se o casal fosse apanhado com a mulher em cima do marido, ou ainda, a fazer sexo oral, poderiam ser condenados a vários anos de prisão.

A Igreja determinou que a única posição consentida era a de "Missionário". Os cristãos acreditavam que essa posição era a única que representava como a mulher deveria se comportar diante do marido. O recato e o medo do pecado entre quatro paredes era tanto que muitas das vezes o casal não se despia para ter relações e chegavam ao limite de fazerem tudo com um lençol com um furo no meio.

Já no final do séc. XIII, De Secretis Mulierum, obra atribuída a Alberto Magno, alertava sobre os perigos de desobedecer aos parâmetros sexuais: "Os atos sexuais reprodutivos indevidos são causa de deficiências de nascimento, a monstruosidade é causada por uma forma irregular de coito".

De Secretis Mulierum de Alberto Magno
Fonte: - Wikimedia Commons

Outra das regras da Igreja em relação ao sexo era que as pessoas não deviam fazer sexo aos domingos, porque era o dia do Senhor, e também às quintas e sextas-feiras, que deveriam ser dias de preparação para a Comunhão.

Houve também três longos períodos de abstinência - durante a Quaresma, que podem durar entre 47 a 62 dias. Antes do Natal, que pode demorar pelo menos 35 dias. E, por volta da Festa de Pentecostes, que podia variar de 40 a 60 dias. Além disso, muitos dias de festa para Santos em particular também seriam considerados dias sem sexo.

Quem tinha relações com um homem efeminado ou outro homem, ou até um animal, devia jejuar por 10 anos.

A homossexualidade era um crime com pena de morte. A relação homossexual era chamada de sodomia e os praticantes poderiam e eram duramente punidos caso fossem descobertos. Mas dizem, que em exércitos em guerra, era permitido a relação entre soldados.

A quem se "contaminava" (masturbação), devia abster-se de carne por quatro dias. Aquele que desejava masturbar-se e não era capaz de fazê-lo, devia jejuar por 20 a 40 dias. Se era um jovem e se masturbava com frequência, devia jejuar 20 dias ou ser chicoteado.

Já a prostituição era considerada um ato pecaminoso, mas nas áreas urbanas da Europa medieval era tolerada como um mal necessário.

A palavra pénis poderia ter vários sinónimos, segundo o livro árabe medieval que falava sobre sexo e sexualidade: "O Jardim Perfumado do Prazer Sensual", escrito na Tunísia, no início do séc. XV. Este livro oferecia conselhos sinceros sobre sexo entre um homem e a sua mulher. Num dos seus capítulos, o autor lista os vários nomes que o pénis poderia ser chamado - parafuso, prisioneiro, padrão, órgão, pombo, guinchos, idiota, manteiga, mata-sede, intruso, chorão, pescoço longo, careca, cabra, perdiz, atrevido, tímido, funileiro, focinho, olheiro, entre outros.

Os senhores feudais, os donos das terras, com grande poder político, militar e económico, eram os únicos que tinham mais direitos nos assuntos relacionados ao sexo, na Idade Média. Além da esposa, tinham o direito de manter relações sexuais com qualquer noiva do seu feudo (terra) na noite do casamento dela.

Mesmo com o pouco conhecimento anatómico da época, usou-se o conhecimento que se tinha para inventarem o cinto de castidade. O modelo mais antigo é datado de 1405. Feito de metal, tinha aberturas farpadas que permitiam urinar, mas não ter relações sexuais.

Nesta época, inventou-se também a infibulação, técnica de costura da vagina para garantir a fidelidade da mulher. Ambas as técnicas eram muito utilizadas pelo senhor feudal que "selava" a esposa enquanto se ausentava para viagens.



Fonte: Aventuras na História | História Medieval | Diário de Biologia


MZ

A(s) imagem(ns) podem ser encontradas em vários sites da Internet, o texto é baseado em várias pesquisas feitas por mim.

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