D. Maria Leopoldina, Rainha de Portugal e Imperatriz do Brasil |
De nome Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena nasceu em Viena, na Áustria, no Palácio de Schönbrunn a 22 de janeiro de 1797.
Filha do último Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Francisco II ou Francisco I da Áustria e da sua segunda esposa, Maria Teresa de Nápoles e Sicília.
Pais de D. Maria Leopoldina: Francisco I da Áustria e Maria Teresa |
O nome "Maria" não se encontra nos seus nomes de batismo, Leopoldina passou a usá-lo já na sua viagem para o Brasil, ao tratar de negócios particulares.
Teve uma infância despreocupada, bastante mimada pela sua madrasta, Maria Luísa da Áustria-Este, que lhe fazia todas as vontades e lhe dava o amor maternal que Leopoldina, orfã de mãe, aos oito anos, não teve tempo de receber.
Madrasta de D. Maria Leopoldina, Maria Luísa da Áustria-Este |
Na sua educação recebeu conhecimentos científicos, políticos, históricos e artísticos, além de aprender línguas estrangeiras, como o francês.
Em 1816, morre a sua madrasta e perde as suas irmãs Maria Luísa e Maria Clementina que deixaram o país para se casarem.
No final deste mesmo ano, começaram as negociações do seu casamento com o Príncipe herdeiro do trono português, D. Pedro, filho de D. João VI e de Carlota Joaquina.
D. Pedro IV de Portugal e I do Brasil |
Através deste casamento, Portugal ligaria a Casa de Bragança a uma das mais fortes monarquias europeias, além da possibilidade de se livrar do jogo político da Inglaterra. Para a Áustria, era a possibilidade de participar no comércio de produtos tropicais.
O casamento por procuração é celebrado em maio de 1817. Em dezembro, D. Leopoldina chegava ao Brasil, onde a família real portuguesa se encontrava refugiada. Em nove anos de casamento, ficaria grávida nove vezes, com dois abortos e sete filhos: D. Maria (1819), D. Miguel (1820), D. João Carlos (1821), D. Januária Maria (1822), D. Paula (1823), D. Francisca (1824) e D. Pedro (1825).
D. Maria Leopoldina e os seus filhos |
Após a Revolução do Porto em 1820 e o regresso do Rei D. João VI a Portugal em abril de 1821, D. Pedro assumiu como Regente. No Brasil, surgiram manifestações de descontentamento, aos primeiros sinais de tentativa de recolonização, com a transferência de importantes setores da administração para Lisboa.
Com a mulher, D. Maria Leopoldina, D. Pedro informava-se de muitas coisas da Europa. Além de ter uma boa visão política, D. Maria Leopoldina era uma pessoa que mais podia influenciar o Príncipe a renunciar à ideia do retorno a Portugal.
Após várias manifestações de apoio à permanência do Regente, D. Pedro anuncia a sua decisão, a 9 de janeiro de 1822, o "Dia do Fico".
A 1 de agosto, declarou inimigas todas as tropas enviadas de Portugal sem o seu consentimento. Coma iminência de uma guerra civil, que pretendia separar a Província de São Paulo do resto do Brasil, no dia 13 de agosto de 1822, D. Pedro passou o poder a D. Leopoldina, nomeando-a chefe do Conselho de Estado e Princesa Regente Interina do Brasil, com todos os poderes legais para governar o país durante a sua ausência e partiu para São Paulo.
Durante a sua regência, D. Leopoldina recebeu notícias que Portugal estava a preparar uma ação contra o Brasil. Sem tempo para esperar a chegada de D. Pedro, D. Leopoldina, aconselhada pelo Ministro das Relações Exteriores, José Bonifácio, reuniu-se na manhã de 2 de setembro de 1822 com o Conselho de Estado, assinando o decreto da Independência, que o seu marido oficializou a 7 de setembro, com o célebre grito às margens do Ipiranga.
Apesar do apoio político ao marido, a sua vida conjugal foi sempre perturbada pelas constantes relações extra-conjugais de D. Pedro, que chegou a humilhá-la, nomeando-lhe como dama de companhia a sua amante, Domitilia de Castro, também agraciada com o título de Marquesa de Santos.
Obrigada a conviver com a amante do marido sob o teto do Palácio de São Cristóvão, cada vez mais deprimida e grávida pela nona vez, D. Leopoldina acabou abortando, estando D. Pendro ausente há mais de um mês na altura, D. Leopoldina acabou por morrer sem revê-lo.
Muitas são as dúvidas sobre as causas da morte da Rainha Consorte de Portugal e Primeira Imperatriz do Brasil. Há quem diga que tenha morrido devido a consequências do aborto, mas também se diz que possa ter sido morta em consequência das agressões por parte do seu marido.
A segunda possibilidade foi, no entanto, posta de parte quando se deu uma recente exumação dos restos mortais de D. Maria Leopoldina onde não se verificou nenhuma fratura.
D. Maria Leopoldina morreu no Palácio de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, a 11 de dezembro de 1826.
O seu corpo, revestido do manto imperial, foi colocado em três urnas, a primeira de pinho português, a segunda de chumbo e a terceira de cedro.
Foi sepultada no Convento da Ajuda, na atual Cinelândia, no Rio de Janeiro. Quando o Convento foi demolido, em 1911, os restos foram transladados para o Convento de Santo António, no Rio de Janeiro, onde foi construído um Mausoléu para ela e alguns membros da família imperial.
Em 1954, os seus restos mortais foram transferidos, definitivamente, para um sarcófago de granito verde ornado de ouro, na Capela Imperial, sob o Monumento do Ipiranga, na cidade de São Paulo.
Assinatura de D. Maria Leopoldina, Rainha de Portugal e Imperatriz do Brasil |
MZ
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