quarta-feira, 18 de abril de 2018

A Síria - Enquanto País

Nos últimos anos temos ouvido falar em terrorismo, guerra, Síria, refugiados, ataques, ataques químicos, bombas, mortes, mortes de inocentes e nestes últimos dias falou-se que civis sofreram um ataque químico ao qual EUA, França e Reino Unido reagiram atacando a Síria, esta apoiada pela Rússia.

Como a História também é feita de atualidade nos próximos post's falarei apenas da questão da Síria, seja local, seja depois de maneira que afeta os outros países, nomeadamente Portugal.

De relembrar que não só a Síria sofre com problemas de cariz bélico mas tendo em conta que é assunto sistematicamente, falarei também aqui.

Hoje para começar, falarei da Síria como país, como se nada lá passasse, simplesmente o que é a Síria. 

Síria

O nome oficial é República Árabe da Síria.
Bandeira da Síria
Localiza-se na Ásia Ocidental.

Faz fronteira com o Líbano, Mar Mediterrâneo, Turquia, Iraque, Jordânia e Israel.
Localização da Síria no Mundo
No país existem vários grupos étnicos, como árabes, gregos, arménios, assírios, curdos, circassianos, mandeus e turcos. E grupos religiosos, como sunitas, cristãos, alauitas, drusos, mandeus e iazidis.

A capital da Síria é Damasco, mas a sua cidade mais populosa é Alepo.
Capital Damasco (em cima) e cidade de Aleppo (em baixo) - Imagens antes da Guerra Civil começada em 2011
Tem como língua oficial o árabe. A moeda na Síria é a Libra Síria.
Exemplos da Libra Síria
A Síria tem uma área de 185.180 km². Com uma população, estimada em 2014, de 17.951.639 pessoas.

A maioria da população vive no vale do rio Eufrates e ao longo da planície costeira, uma faixa fértil entre as montanhas e o deserto.

Cerca de 9,5 milhões de sírios, ou metade da população do país, saíram do território desde o começo da Guerra Civil Síria, começada em março de 2011, o que a ONU classificou como "a maior emergência humanitária da nossa era", 4 milhões de sírios estão fora do país como refugiados.

A educação, na Síria, é gratuita e obrigatória a partir dos 6 aos 12 anos de idade. O sistema de ensino é composto por seis anos de escolaridade primária, seguido por um período de treinamento geral ou vocacional de três anos e um programa académico ou profissional de três anos.

O total de matrículas em escolas pós-secundário é superior a 150 mil. A taxa de alfabetização dos sírios com 15 anos ou mais é de 90,7% para o sexo masculino e de 82,2% para o sexo feminino.

Existem seis universidades públicas e 15 privadas no país. As duas principais universidades públicas são a Universidade de Damasco e a Universidade de Aleppo.

A Síria tem quatro aeroportos internacionais - Damasco, Aleppo, Latakia e Al-Qamishli - que servem para a Syrian Arab Airlines e também são servidos para uma variedade de companhias estrangeiras.

A Síria tem uma história muito antiga, desde os arameus e assírios, marcada fortemente pela influência e rivalidade da Mesopotâmia e Egito.

Durante o período helenístico passou a ser o centro do reino dos selêucidas e converteu-se numa província romana no séc. I a.C.

Com a ascensão do Islamismo, a Síria foi um dos focos mais importantes da Civilização Árabe, sobretudo na época do califado omíada, centrado em Damasco, e da dinastia hamdanida, centrada em Aleppo.

Pela sua situação, a Síria foi objeto de ambição estrangeira o que conduziu à divisão do seu território. Os cruzados estabeleceram-se na Síria durante algum tempo e construíram importantes fortificações.

Em 1516, a Síria passou a fazer parte do Império Otomano. O sistema otomano não era rígido com os sírios, porque os turcos respeitavam a língua árabe como o idioma do Alcorão e aceitavam o manto de defensores da fé.

A administração otomana seguia um sistema que levou à coexistência pacífica. Cada minoria étnico-religiosa constituía um millet (uma corte jurídica distinta pertencente à "lei pessoal" sob a qual uma comunidade confessional era autorizada a autogovernar-se). Cada líder religioso administrava a sua comunidade e também realizavam algumas funções civis.

Durante a Primeira Guerra Mundial, o Império Otomano entrou no conflito no lado do Império Alemão e da Áustria-Hungria, mas foi derrotado e perdeu o controlo de todo o Oriente Próximo para o Império Britânico e o Império Francês.

Durante o conflito, um processo de genocídio contra os povos cristãos nativos aconteceu pelas mãos dos otomanos e os seus aliados na forma do Genocídio Arménio e do Genocídio Assírio, dos quais Deir ez-Zor, na Síria otomana, era o destino final dessas marchas da morte.

No meio da Primeira Guerra Mundial, dois diplomatas aliados - o francês François Georges-Picot e o britânico Mark Sykes - secretamente concordaram com a divisão pós-guerra do Império Otomano nas respetivas zonas de influência determinadas pelo Acordo Sykes-Picot, de 1916. Inicialmente, os dois territórios foram separados por uma fronteira que corria uma linha praticamente reta da Jordãnia ao Irão.
O francês Fraçois Georges-Picot (esquerda) e o britânico Mark Sykes (direita)
No entanto, a descoberta de petróleo na região de Mosul, no atual Iraque, pouco antes do fim da guerra, levou a mais uma negociação com a França em 1918 para ceder esta região para a "Zona B", ou a zona de influência britânica.

Esta fronteira foi mais tarde reconhecida internacionalmente quando a Síria tornou-se um mandato da Liga das Nações em 1920 e não mudou até hoje.

Em 1920, foi estabelecido um reino sírio independente de curta duração, sob o governo de Faisal I, da família hachemita. O seu domínio terminou meses depois, após a Batalha de Maysalun.

As forças francesas ocuparam o país no final daquele ano, após a Conferência de San Remo propôs que a Liga das Nações colocassem a Síria sob o mandato francês.

A Síria e a França negociaram um tratado de independência em setembro de 1936 e Hashim al-Atassi foi o primeiro presidente a ser eleito na primeira república moderna da Síria. No entanto, o tratado nunca entrou em vigor porque o legislador francês recusou-se a ratificá-lo.
Hashim al-Atassi
Com a queda da França em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, a Síria ficou sob o controlo da França de Vichy, que era um Estado fantoche da Alemanha Nazi, até que os franceses livres e britânicos ocuparam o país na Campanha da Síria, em julho de 1941.

A contínua pressão de nacionalistas sírios e de britânicos forçou o governo francês a evacuar as suas tropas em abril de 1946, deixando o país nas mãos de um governo republicano que tinha sido formado durante o mandato.

O país conseguiu a independência em 1946. Em 1948, entrou em guerra com Israel, perdendo. Sofreu vários golpes militares, e em 1958, uniu-se ao Egito para formar a República Árabe Unida, da qual se separou depois do levantamento militar de 28 de setembro de 1961, convertendo-se em República Síria.

Em 1964, depois da tomada do poder, no ano anterior, pelo Partido Baath, socialista e nacionalista, que empreendeu uma série de profundas reformas sociais e económicas, ficou constituída como República Popular da Síria.

Em 1966, a Síria aliou-se novamente ao Egito e, em 1967, viu-se envolvida na Guerra dos Seis Dias. Mais tarde, em 1973, atacou Israel, na chamada Guerra do Yom Kippur.

O conjunto de comunidades étnicas e religiosas que constituem o país, criaram difíceis situações ao  então presidente Hafez al-Assad, de orientação laica e socialista. Hafez foi reeleito em 1980 como secretário-geral do Baath, o que reforçou o seu poder. No mesmo ano, um tratado de cooperação com a União Soviética deu, a Hafez, o papel de representante dos interesses soviéticos na região e lhe permitiu contar com o sofisticado armamento de origem soviética.
Presidente Hafez al-Assad
A Síria e o Irão passaram a ter uma relação nos anos 1980, quando a Síria foi o único país árabe a apoiar o Irão na sua guerra de oito anos contra o Iraque. Simultaneamente à crescente deterioração das relações com Israel, a Síria passou a controlar militarmente o norte do Líbano, onde sustentou encontros com as forças de Israel e se opôs à presença dos EUA. 

A Síria é governada pelo partido nacionalista pan-árabe Ba'ath foi fundado em 1947 como um movimento de retomada do socialismo sob o lema "Unidade, liberdade e socialismo". Desde 1963, os seus afiliados controlam o poder na Síria.

Mas a supremacia Ba'ath no país foi consolidada durante o governo do presidente Hafez al-Assad (1971-2001), pai de Bashar al-Assad (Atual presidente). Hafez trouxe mais estabilidade para o país, mas o custo não foi barato: a Síria é conhecida por seus mecanismos de repressão e por ter o serviço secreto mais temido do Oriente Médio. Outros líderes simbólicos da região fizeram parte do Ba'ath, como é o caso do ditador iraquiano Saddam Hussein.
Atual presidente da Síria, Bashar al-Assad
A Síria é formalmente uma república unitária. A constituição adotada em 2012 efetivamente transformou a Síria numa república semipresidencial devido ao direito constitucional dos indivíduos que não fazem parte da Frente Progressista Nacional de serem eleitos.

O poder legislativo é representado pelo Conselho dos Povos, o órgão responsável pela aprovação de leis, pelas dotações do governo e pelo debate político.

Como resultado da guerra civil, vários governos alternativos foram formados, incluindo o Governo Provisório da Síria, o Partido de União Democrática e regiões legislativas pela lei islâmica.

A Síria conserva atividades artesanais, como o trabalho em metal, tafetá e trabalhos em seda. Ainda se pode encontrar em Damasco, Hama e Aleppo tecedores de seda a trabalhar nos seus teares de madeira, como faziam os seus ancestrais em Ebla. 

Durante todo o ano há acontecimentos culturais interessantes, na Síria. Exposições, leituras e seminários são propostos nas Universidades, museus e centros culturais. A pintura e a escultura dos artistas locais são expostas em galerias privadas em todo o país.

A repressão política manteve a produção literária quase morta. Com exceção da autodidata Zakariya Tamir, que viveu em exílio em Londres desde 1978. A sua obra gira em torno da vida diária na cidade, marcada pela frustração e desespero nascidos da opressão social.

Um grande número de festivais de música ocorre regularmente na Síria. Destaca-se o Festival de Música de Câmara de Palmira.

A televisão conta com dois canais, um em árabe e outro em inglês e francês.

Outros post's relacionados com a Síria:
- A Síria - O Presidente: https://imagenschistoria.blogspot.pt/2018/04/a-siria-o-presidente.html
- A Síria - A Primeira-Dama: https://imagenschistoria.blogspot.pt/2018/04/a-siria-primeira-dama.html
- A Síria - A Guerra Civil: http://imagenschistoria.blogspot.pt/2018/04/a-siria-guerra-civil.html
- A Síria - Os Refugiados: http://imagenschistoria.blogspot.pt/2018/04/siria-os-refugiados.html
- A Síria - A Intervenção de Outros Países: http://imagenschistoria.blogspot.pt/2018/04/a-siria-intervencao-de-outros-paises.html

MZ

A(s) imagem(ns) podem ser encontradas em vários sites da Internet, o texto é baseado em várias pesquisas feitas por mim.

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