As crianças Sodder desaparecidas no incêndio Fonte: YouTube |
Na altura, os habitantes da casa eram George Sodder, a sua mulher Jennie, e nove dos seus dez filhos. Durante o incêndio, George, Jennie e quatro dos nove filhos escaparam.
A família encontrava-se a comemorar o Natal. A filha mais velha Marion que trabalhou numa loja de Fayetteville, e surpreendeu três das suas irmãs mais novas, Martha de 12 anos, Jennie de 8 e de Betty de 6 anos, com brinquedos novos. As crianças ficaram de tal forma entusiasmadas que pediram à mãe para ficarem acordados até mais tarde naquele dia.
Às 22 horas, Jennie deu-lhes permissão para ficarem acordados até um pouco mais tarde, desde que os dois rapazes que ainda estavam acordados, Maurice de 14 anos, e Louis de 10 anos, não se esquecessem de guardar as vacas e alimentar as galinhas antes de irem para a cama.
O pai e os filhos mais velhos, John de 23 anos e George Jr. de 16 anos, que tinham passado o dia a trabalhar com o pai, já estavam a dormir. Depois de dizer aos filhos para não se esquecerem das suas tarefas, a mãe colocou a sua filha Sylvia, de 2 anos na cama e foi dormir.
O telefone tocou à 00h30 e Jennie foi até ao andar de baixo para atender. Ouviu a voz de uma mulher que não reconheceu a pedir para falar com uma pessoa que não conhecia, ao mesmo tempo que ouvia risos e copos a tilintar no fundo. Jennie disse à pessoa ao telefone que se tinha enganado no número e, mais tarde, lembrou-se que a pessoa tinha um "riso estranho". Desligou e voltou para a cama.
Quando voltou para a cama, reparou que as luzes ainda estavam ligadas e que as cortinas não estavam corridas, duas coisas que, normalmente, as crianças faziam sempre que iam para a cama depois dos pais. Marion tinha adormecido no sofá, por isso, Jennie presumiu que as outras crianças que tinham ficado acordadas até mais tarde tinham ido para o sótão, onde dormiam. Correu as cortinas, apagou as luzes e voltou para a cama.
À 1 hora da manhã, Jennie acordou novamente com o som de um objeto a bater no telhado da casa com um estrondo e depois a rebolar pelo telhado. Depois de não ouvir mais nada durante algum tempo, voltou a adormecer, mas acordou mais uma vez meia hora depois quando sentiu o cheiro a fumo.
Quando se levantou novamente, viu que o escritório de George estava a arder à volta da linha telefónica e do quadro de distribuição. Jennie foi então acordar o marido que, por sua vez, acordou os filhos mais velhos.
Tanto os pais como quatro dos seus filhos - Marion, Sylvia e os dois rapazes mais velhos, conseguiram fugir da casa. A família chamou desesperadamente pelas crianças que estavam no sótão, mas não obtiveram qualquer resposta, nenhum deles podia voltar porque as escadas já estavam a arder.
John Sodder disse no seu primeiro interrogatório policial que foi até ao sótão para avisar os irmãos e que os encontrou a dormir lá, mas, mais tarde, mudou a sua história e disse que apenas os chamou do andar de baixo e não os chegou a ver.
Os esforços para encontrar ajuda e salvar as crianças foram inesperadamente complicadas. O telefone não funcionava, por isso Marion correu até à casa de um vizinho para chamar os bombeiros.
Um homem que estava a conduzir numa estrada próxima também viu as chamas e ligou aos bombeiros a partir de uma taberna local, no entanto, nenhum dos dois conseguiu concluir a chamada, um porque não conseguiu falar com um operador e o outro porque o telefone estava avariado.
Ou o vizinho ou o condutor que estava de passagem acabariam por conseguir fazer a chamada para os bombeiros mais tarde, a partir de um telefone no centro da cidade.
George trepou pela parede e abriu uma janela do sótão, acabando por cortar o braço enquanto o fazia. Ele e os filhos queriam usar uma escada para subir até ao sótão e resgatar as outras crianças, mas a escada não estava encostada à parede como de costume e não foi possível encontrá-la em lado nenhum.
Um barril de água que podia ter sido usado para ajudar a apagar o fogo estava com a água congelada.
O pai também tentou colocar os dois camiões que usava no seu negócio ao pé da casa e utilizá-los para subir até ao sótão, mas não conseguiu ligar nenhum dos dois, apesar de nenhum ter dado problemas no dia anterior.
Frustrados, os sobreviventes ficaram sem opções e limitaram-se a ver a casa a arder por completo e a colapsar no período de 45 minutos. Assumiram que os cinco filhos que ficaram na casa tivessem morrido.
Os bombeiros, que tinham pouco pessoal por estarem em período de guerra só chegaram na manhã seguinte. O chefe F. J. Morris disse no dia seguinte que a resposta, que normalmente já era lenta, tinha sido atrasada pelo facto de ele não saber conduzir o carro dos bombeiros, o que o obrigou a esperar por alguém que soubesse.
Os bombeiros, um dos quais era irmão de Jennie, já não puderam fazer muito mais além de analisar as cinzas que sobraram na cave da casa. Às 10 horas, Morris disse à família que não encontraram corpos nenhuns, algo que seria de esperar se as restantes crianças estivessem realmente dentro da casa quando esta ardeu.
Segundo outra testemunha, chegaram a encontrar-se fragmentos de ossos e órgãos internos, mas os bombeiros preferiram não informar a família, no entanto profissionais em incêndios mais modernos realçaram que, quanto muito, os bombeiros só poderiam ter feito buscas superficiais. Apesar de tudo, Morris era da opinião que as cinco crianças desaparecidas tinham morrido no incêndio, sugerindo que as temperaturas tinham sido altas o suficiente para queimar completamente os corpos.
O chefe dos bombeiros pediu a George para não mexer no local do incêndio até que o departamento de incêndio pudesse fazer uma investigação mais aprofundada. No entanto, quatro dias depois, nem ele nem a sua mulher conseguiam olhar para o local, então George deitou 1,5 metros de terra por cima das cinzas com a intenção de transformar o local num jardim em memória das crianças.
O médico legista local convocou um inquérito no dia seguinte que chegou à conclusão de que o incêndio se tinha tratado de um acidente local causado por uma "avaria no sistema elétrico". Entre os jurados que confirmaram esta conclusão encontrava-se o homem que tinha ameaçado George Sodder que a sua casa seria incendiada e os seus filhos "destruídos" por causa das críticas que tinha feito a Mussolini.
As certidões de óbito das crianças foram emitidas a 30 de dezembro. O jornal local publicou uma notícia contraditória, afirmando na mesma notícia que todos os corpos tinham sido encontrados só para, mais tarde, referir qe apenas se tinha descoberto uma parte de um corpo.
Os corpos das outras cinco crianças nunca foram encontrados. Durante o resto das suas vidas, a família Sodder acreditou que as cinco crianças cujos corpos não foram encontrados tinham conseguido sobreviver ao incêndio.
A família acreditou que tinham sobrevivido devido a uma série de circunstâncias invulgares que ocorreram antes e durante o incêndio. A conclusão dos bombeiros foi de que o fogo tinha sido de origem elétrica, tendo afirmado que o sistema elétrico da casa tinha sido renovado e inspecionado pouco tempo antes.
Os pais desconfiavam que a verdadeira causa tinha sido fogo posto, o que os levou à teoria de que os seus filhos tinham sido raptados pela Máfia Siciliana, talvez como um ato de retaliação pelo facto de George criticar abertamente Benito Mussolini e o governo fascista que exercia funções no seu país natal, a Itália.
Embora o Estado e a polícia federal se tenham esforçado por investigar o caso com mais atenção durante a década de 1950, nunca foi encontrada mais informação.
No entanto, durante a década de 60, a família recebeu uma fotografia que acreditavam ser de um dos rapazes, já adulto.
Fotografia que a família recebeu em 1967 e acreditaram tratar-se de Louis, já adulto Fonte: Wikipédia |
Na década de 1950, quando começaram a duvidar de que os filhos tinham morrido, colocaram um cartaz no local, visível a partir da State Route 16 com fotografias das cinco crianças, no qual ofereciam uma recompensa a quem tivesse informações que pudessem ajudar a resolver o caso. Permaneceu no mesmo local até pouco depois de Jennie Sodder falecer no final da década de 80.
Tanto a única filha sobrevivente do casal como os seus netos têm continuado a divulgar o caso na comunicação social e nas redes sociais.
MZ
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