Submarino Russo Kursk
Fonte: Wikipédia
O Kursk foi um submarino nuclear da Classe Oscar II, que pertencia à Marinha Russa, que afundou no Mar de Barents a 12 de agosto de 2000, com uma tripulação de 118 homens.
Kursk foi uma das primeiras embarcações concluídas, logo após a queda da União Soviética. A sua função principal seria compor a Frota do Mar do Norte, cuja sede localiza-se em Severomorsk.
As obras da sua construção começaram em 1990 em Severodvinsk, perto de Arkhangelsk, sendo lançado em dezembro de 1994.
Tinha 154 metros de comprimento, 18 metros de largura, e o equivalente a quatro andares de altura, sendo considerado o maior submarino de ataque já construído.
Era considerado indestrutível pelos marinheiros russos, devido ao seu tamanho e aos seus recursos tecnológicos.
De acordo com informações do serviço de sismologia da Noruega, teria acontecido duas explosões detetadas, durante a manhã de 12 de agosto de 2000. A primeira explosão foi às 11:29:34, hora de Moscovo, e teve uma magnitude de 1,5 na escala de Richter, seguido de um segundo de 3,5, às 11:31:48.
Dados semelhantes foram registados por estações sísmicas no Canadá e no Alasca. Além disso, dois submarinos americanos, que estavam a acompanhar os exercícios, registaram duas explosões submarinas às 11h38. Um submarino russo e o cruzador pesado PETR Velikiy, que também acompanhavam as manobras, detetaram essas explosões também.
O Ministro da Defesa da Rússia disse que o submarino russo de apoio, recebeu também o som de uma terceira explosão às 11h44. O submarino americano alega ter detetado um ruído durante o intervalo entre explosões, que reconheceu como tanques de lastro de sopro a explodirem ou o aumento da velocidade da hélice.
O acidente só foi tornado público a 14 de agosto. Este acidente com o submarino provocou uma enorme reação mundial, pois tratando-se de um submarino nuclear, temia-se um acidente parecido com o de Chernobyl.
Durante a noite de 14 de agosto das nações da França, Alemanha, Grã-Bretanha, Israel, Itália, Noruega, EUA e outros países ofereceram a sua ajuda. No entanto, como o submarino continha os reatores atómicos, uma vez lacrados, apenas poderiam ser abertos do lado de dentro.
Esta ação foi de enorme importância para evitar que explodissem devido à alta temperatura que estava a acumular-se no submarino. Investigações após o resgate, indicam que a temperatura dentro do submarino após a série de explosões tinha atingido os 8000 ºC.
O submarino afundou em águas relativamente rasas a uma profundidade de 108 metros, cerca de 135 km de Severomorsk.
Nenhuma autoridade russa admitiu que 23 marinheiros tinham conseguido sobreviver durante dois dias após o acidente. Depois da explosão na câmara de mísseis, os tripulantes foram para o compartimento número 9 do submarino, localizado na popa, e emitiram sinais de socorro durante 48 horas.
As autoridades russas só aceitaram a ajuda dos noruegueses e britânicos quatro dias após o acidente. O facto mais constrangedor para o Governo Russo foi ver os homens-rãs ocidentais, com roupas especiais e descendo em "sinos" (equipamentos de resgate), a realizarem a operação de descida e abertura das escotilhas em menos de um dia.
A justificação da Marinha Russa era a necessidade de se preservarem os segredos militares do submarino nuclear.
O governador da província de Kursk, Alexander Rutskoi, disse que a razão pela qual os russos não queriam ninguém no fundo do mar era o teste de um novo tipo de missil, que segundo informações ainda permanecia no submarino.
No dia 21 de agosto, às 7h45 da manhã, quatro mergulhadores noruegueses da empresa Stolt Comex Seaway conseguiram abrir a primeira escotilha do submarino. Os homens-rãs depararam-se com o cenário mais temido: "Todos os compartimentos estão inundados e nenhum membro da tripulação sobreviveu", declarou o vice-almirante russo Mikhail Motsak.
Terão sido encontradas duas cartas a 25 de outubro no cadáver do oficial da marinha Dmitri Kolesnikov, tendo sido apenas uma divulgada.
Na carta mantida em segredo, Kolesnikov descreve exatamente o que aconteceu e afirma que, na sequência da morte do comandante do Kursk, assumiu o comando do submarino, entre outras informações não divulgadas.
Na carta divulgada, Kolesnikov referia que pelo menos 23 homens, dos 118 que estavam a bordo, sobreviveram ao acidente e se refugiaram num compartimento da popa do submarino. A nota, divulgada pelas autoridades russas, não continha qualquer indicação sobre as causas do naufrágio.
Uma carta descoberta no corpo do tenente Andrei Borisov, em outubro, dizia: "Minha querida Natasha e meu filho Sasha!!! Se receberem esta carta, isso significa que estou morto. Amo-vos muito".
Mas o que teria afundado o navio considerado "inafundável"? Algumas autoridades russas insistiam na teoria de que a explosão terá sido causada por uma colisão. Um oficial sénior da Frota do Norte da Rússia chegou a culpar um submarino nuclear da Marinha Real do Reino Unido. No entanto, um engenheiro especialista em tornedos (projéteis explosivos que operam debaixo de água) rejeitou a teoria de colisão, disse: "Com a robustez do casco, é muito improvável que uma colisão cause tanto dano ao Kursk".
Vladimir Putin, Presidente russo, tinha chegado à presidência da Rússia há poucos meses quando este acidente se deu. Foi criticado pelos familiares das vítimas e pelos media pela resposta tardia.
Putin, um ex-agente secreto russo que um ano antes tinha sido nomeado Primeiro-Ministro e que na passagem de ano tinha assumido a presidência após a demissão-surpresa de Boris Ieltsin, não interrompeu as suas férias em Sochi, no mar Negro, o que gerou críticas da imprensa e dos familiares dos marinheiros.
Lia-se: "A catástrofe deveria ser uma obsessão para o Estado, começando pelo Presidente", no jornal Izvestia.
Putin só foi alertado para o acidente quase 24 horas depois, descobrir-se-ia mais tarde que a maioria dos marinheiros tiveram morte imediata, e que os 23 que sobreviveram ficaram à espera de ajuda no fundo do mar até ficarem sem oxigénio.
Só quatro dias depois do acidente é que Putin fez uma primeira declaração, vestido casualmente, para dizer que a situação era "crítica", mas que a Rússia tinha "os meios de resposta necessários"
Primeiras declarações do Presidente Putin sobre o acidente
Fonte: Diário de Notícias
O Presidente, que detinha uma popularidade de 73%, foi acusado de ser um cínico sem emoções.
No dia 23 de agosto, foi declarado dia de luto, Putin assumiu as responsabilidades na forma como se lidou com o caso e pediu desculpas numa declaração transmitida na televisão. Mas também acusou os media de perseguição, alegando que queriam destruir a sua presidência.
Em relação ao acidente, nunca ninguém foi considerado responsável. O comandante da Marinha, o almirante Vladimir Kuroyedov, apresentou a sua demissão, mas esta foi rejeitada e ele reformou-se em 2005.
Putin afastou 13 altos oficiais, incluindo o comandante dos submarinos da Frota do Norte, o vice-almirante Olef Bursov, mas todos acabaram por receber cargos no governo ou em empresas controladas pelo Estado.
Fonte: Wikipédia | Observador | Diário de Notícias
MZ
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