Soldados da Marinha juntam-se aos trabalhadores em greve geral em Berlim Fonte: DW |
O dia 9 de novembro de 1918 foi um dia atribulado na Alemanha, com pessoas a reunirem-se em Berlim e noutras cidades, após saberem da renúncia do Imperador Guilherme II, anunciada pelo chanceler do Reich, Príncipe Max von Baden.
Imperador Guilherme II da Alemanha Fonte: Wikipédia |
Embora Guilherme II não tenha sido consultado previamente, acabou acatando o próprio afastamento pouco depois, pondo fim, assim, ao Império Alemão.
O deputado social-democrata Philipp Scheidemann proclamou a república na varada do Reichstag, em Berlim, ao meio-dia do dia 9 de novembro, mesmo que sem o apoio de todos os seus companheiros partidários.
Philipp Scheidemann, a 9 de novembro a proclamar a República Fonte: HNA |
Mas a República recém-proclamada enfrentava, ainda sem ter completado um dia, sérias dificuldades. Às 16 horas, uma multidão tão grande quanto a que aplaudiu Scheidemann juntava-se no castelo de Berlim, onde Karl Liebknecht também proclamava a República.
Karl Liebknecht Fonte: Britannica |
O seu discurso culminou com a proclamação da "República livre e socialista da Alemanha", que poria um fim à hegemonia dos Hohenzollern.
No lugar do estandarte imperial, deveria ser colocada a "bandeira vermelha da República Livre Alemã".
A jovem República encontrava-se num dilema numa sociedade dividida. Para alguns, a Revolução Russa de novembro de 1917 seria o exemplo a ser seguido de uma sociedade socialista igualitária.
Para outros, esse cenário não passava do prenúncio do declínio. Os dois lados confrontavam-se inconciliavelmente.
Tanto os partidos de direita quanto os de esquerda enviavam os seus contingentes às ruas, em combate aberto. A tentativa de iniciar uma nova era após a devastadora Primeira Guerra Mundial não teve definitivamente êxito.
Os soldados que voltavam dos combates da Primeira Guerra Mundial encontravam um caos no qual não se conseguiam orientar. Muitos deles passaram a apoiar os extremistas de direita Freikorps.
No fim do ano, os tumultos tinham chegado a enormes proporções, levando o chanceler do Reich a tomar uma medida. Friedrich Ebert ordenou que os chamados "tumultos de Natal" fossem reprimidos pelos militares.
No dia 29 de dezembro de 1918, o governo de transição desmoronou. A situação escalou, Ebert incumbiu Gustav Noske de proteger a residência governamental. Na condição de ministro, era responsável pelo comando dos militares.
A aliança comunista Spartakusbund levou a população a atos que lembravam uma guerra civil, um conflito desencadeado pela demissão do chefe da polícia berlinense Emil Eichhorn.
O Exército do Reich foi fortalecido pelos extremistas de direita do Freikorps, que perseguiam abertamente os membros do Partido Comunista.
Após a derrota da insurreição do Spartakus, os Freikorps levaram adiante operações de "limpeza" na cidade. No contexto destas ações ilegais, foram mortos os dois ícones de KPD: Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht. Os seus corpos foram atirados ao Landwehrkanal.
Rosa Luxemburgo (esquerda) e Karl Liebknecht (direita) Fonte: International Institute of Social History |
Em função dos tumultos, o governo transferiu a sua sede para a vizinha Weimar. Por outro lado, a escolha desta cidade era também um sinal para a nova república democrática. A Nova República não deveria ter nada em comum com o antigo Estado Imperial.
No dia 19 de novembro de 1919, a Assembleia Geral de Weimar reuniu-se, a fim de elaborar uma Constituição democrática. Após seis meses de intenso debate, a nova Constituição foi aprovada a 31 de julho, entrando em vigor logo depois.
A partir daquele momento, a Alemanha passava a ser uma democracia parlamentar, embora a Constituição tivesse muitas falhas. Principalmente o excesso de poderes do presidente do Reich, que, com a ajuda do que se chamava de "prescrição emergencial", podia governar sem e até mesmo contra o Parlamento.
Fonte: DW
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